Beatriz estava se preparando para levantar e dar uma olhada mais de perto na clavícula de Rodrigo, quando o celular dela, que estava no criado-mudo do hospital, começou a tocar.Rodrigo, que estava descansando, abriu os olhos de repente com o som do toque. Vendo que ela tinha acordado, ele perguntou com a voz rouca: — Bia, tá tudo bem? Tá sentindo alguma coisa?— Não, é só o celular.— Ela respondeu.Rodrigo ajudou Beatriz a se sentar, apoiando-a no travesseiro, e lhe entregou o celular.Era uma ligação de Jean.Beatriz desbloqueou o celular com a digital, atendeu e ouviu Jean dizer: — Você não esqueceu da comemoração de aniversário hoje, né?Beatriz se desculpou e disse: — Dá os parabéns pra Eulália por mim. Eu não tô muito bem, ainda tô aqui no hospital.Jean ouviu a resposta e, instintivamente, olhou para Lucas, que havia aparecido de última hora para a comemoração.— Se cuida, então.— Ele disse, e desligou.Ele virou-se para Eulália, que estava ao seu lado, e comentou: — A Beatriz n
Lucas ficou parado do lado de fora do quarto 1201, olhando pela janelinha de vidro na porta. Ele viu Rodrigo alimentando Beatriz, e seu olhar se apertou. Sem mais, ele se virou e foi embora.A verdade é que Lucas tinha escolhido trabalhar com Chris porque ouviu falar, por amigos no exterior, que Chris, durante a faculdade, foi convidado para entrar no Instituto TKN, um lugar onde só os gênios tinham vez. E agora, quem diria? Chris perdeu para Rodrigo.Dentro do quarto, Rodrigo terminou de dar a última colherada para Beatriz e, com o maior cuidado, limpou a boca dela. Cada gesto seu era de um carinho que aquecia o coração. Depois, levou a tigela vazia até a pia para lavar e, em seguida, pegou uma maçã para lavar também.Beatriz o observava descaradamente, sem o menor disfarce. Rodrigo cortava a maçã com precisão, e então soltou, com um sorriso brincalhão: — Já olhou o suficiente, ou ainda falta?Ela suspirou, um leve sorriso no rosto. — Ainda não.De repente, sua expressão ficou séri
No silêncio profundo da noite, Beatriz dormia, parecendo mergulhada num sonho bom, com a expressão suave e relaxada. Rodrigo ficou ao lado da cama, observando-a. Ele estendeu a mão e colocou a palma sobre o ventre dela, ainda coberto pelo lençol. Ali dentro estava um bebê… o filho do verdadeiro Rodrigo.Daqui a alguns meses, ele mesmo faria o parto, com as próprias mãos, retirando a criança. E, então, criaria o filho de Rodrigo como se fosse seu.Com o rosto idêntico ao de Rodrigo, ele abriu um sorriso gentil, quase angelical. Essa mulher era esperta; ao ver “Rodrigo” voltar vivo, em vez de se sentir aliviada, ela começou a suspeitar. Uma atitude realmente interessante. Quanto aos gêmeos que estavam na cidade A, ele resolveria essa questão assim que chegasse lá.No meio da noite, Beatriz se sentiu com calor e chutou o cobertor, deixando uma perna exposta. Rodrigo recuou a mão do ventre dela, ajeitou o lençol de volta sobre a perna e a cobriu com cuidado. Depois disso, ele olhou para el
Rodrigo ficou um pouco sem palavras por dentro. Essa mulher é mesmo complicada. Pra ele, qualquer roupa de baixo serviria, mas ele preferiu não contrariá-la e assumiu o erro com uma expressão séria:— Tá bom, tá bom. Eu volto e troco as roupas agora mesmo. Você ainda tá grávida, não se estressa.Pensando consigo mesmo, ele decidiu que era melhor deixar as coisas assim por uns meses. Quando a hora chegasse e ele mesmo retirasse o bebê, aí sim ela teria motivos pra se desesperar.Na casa dos Santos.Depois do café da manhã, Pedro anunciou uma novidade:— Rodrigo voltou ao país ontem.— Ele disse, dirigindo-se a Vera:— Quero que você se prepare, Vera. Rodrigo disse que pretende levar a Beatriz para Cidade A pra se casarem.O rosto de Vera congelou por um momento, ficando pálido aos poucos.— Rodrigo nunca escuta o que eu falo, mas para mim, você sempre será a única nora.— Completou Pedro antes de se levantar, já que tinha uma reunião marcada para o dia.Vera mordeu os lábios. Ele estava de v
Ele observava Beatriz pelas câmeras, que analisava o e-mail na tela. Será que ela desconfiou de algo? Se sim, ele decidira que era melhor dar um fim àquele bebê agora mesmo.Dentro do quarto, Beatriz leu o e-mail que Felipe havia enviado. Ela ergueu os olhos, percorrendo o ambiente com um coração acelerado. Algo não estava certo. Era uma sensação de perigo iminente. Controlou-se e sorriu, respondendo ao e-mail de Felipe com uma mensagem casual: [Rodrigo já voltou para Cidade B anteontem.]Aquela sensação gélida se intensificava, e Beatriz se sentia sufocada por uma atmosfera sinistra. Estaria presa em uma teia de conspirações horríveis? Estava confusa, tentando distinguir se aquela desconfiança era fruto de sua condição de saúde ou da razão. Precisava verificar com certeza se aquele homem à sua frente era Rodrigo. Se fosse mesmo ele, lhe pediria desculpas.Ela olhou para sua barriga, sussurrando para si mesma: Beatriz, calma. Devagar. Primeiro, cuide do bebê.Rodrigo, do lado de fora,
Além de seu toque nas mãos sobre a barriga, que eram finas e esguias, Beatriz sentia um medo irracional crescendo dentro dela. — E esse médico, de qual hospital ele vem? — Perguntou, tentando disfarçar a insegurança.— É um especialista de fora do país. Ele chega amanhã. — Rodrigo respondeu com uma calma ensaiada.Beatriz franziu a testa, descontente:— Não dava para contatar um médico daqui mesmo?— Jason é uma autoridade nessa área, Bia. Eu quero o melhor para você. — A expressão de Rodrigo era impecável, transparecendo um cuidado genuíno. — Confia em mim, sim? Lembre-se de que você agora é a mãe do nosso bebê.Beatriz assentiu com relutância, mas internamente estava alerta. Esperava que esse tal Jason realmente fosse confiável. E, de repente, o pensamento a atingiu: aquele homem ao seu lado não era Rodrigo. O verdadeiro Rodrigo nunca permitiria que ela comesse sequer um pedaço de pizza sabendo de seu estado de saúde. Ele seria firme, a protegeria, faria de tudo para convencê-la a s
Beatriz era extremamente atenta ao perigo. Ao escutar o homem chamá-la de “Beatriz,” reagiu imediatamente, cobrindo o rosto com uma expressão envergonhada ao vê-lo se aproximar.— Eu... estava pensando no nome do nosso filho.— Disse, fingindo empolgação.Ele sorriu de leve, sentando-se ao lado dela e apoiando o braço no encosto do sofá.— É? E qual seria? — Ele perguntou, sem grande interesse, já que duvidava que essa criança algum dia viesse a nascer.— Rei Santos! Não é poderoso? — Ela apertou o braço dele, quase brilhando de entusiasmo.Sério mesmo? Rei Santos? Ele baixou os olhos, encarando a mão dela segurando seu braço. Ficou em silêncio por um instante, aliviado que ela parecia não ter desconfiado de nada. Se tivesse, certamente não estaria tão entusiasmada em escolher um nome para o bebê. Mas, desconfiando ou não, tudo seria resolvido quando Jason chegasse amanhã.— Rodrigo, você também acha que Rei Santos soa imponente, né? — Insistiu, com um brilho malicioso nos olhos.Ele,
O homem a olhou por um segundo, com um sorriso de canto, e, num gesto ágil, pegou o pedaço de pizza que ela tentava esconder.— Daqui a pouco alguém passa para cuidar disso. Você come a refeição balanceada — Disse ele, num tom suave.Beatriz, sem se abalar, apenas elogiou mentalmente sua própria reação rápida, tentando aliviar a tensão. À tarde, precisaria fazer uma infusão, então se entreteve assistindo a uma série, enquanto Rodrigo parecia concentrado no trabalho. Por enquanto, os dois mantinham uma convivência pacífica.Do outro lado, Eulália deixou o hospital, mas o que Beatriz havia confidenciado a ela não saía de sua cabeça; quanto mais pensava, mais estranha a situação parecia. Beatriz estava, sem dúvida, em apuros. Decidiu esperar Jean chegar em casa para discutir e planejar uma maneira de ajudar a amiga.Naquele dia, Eulália foi de carro ao hospital. Ao parar no sinal vermelho, ouviu um estrondo e sentiu o corpo ser lançado contra o volante. O susto a deixou atordoada e, com