Alguém queria prejudicá-la.Beatriz franziu a testa, pensando que talvez fosse melhor procurar outro hospital para consultar um psiquiatra. Ela não acreditava que estava com algum tipo de paranoia.Lucas olhava friamente para os dois, que se abraçavam no meio da sala. Seu olhar encontrou o de Rodrigo por um instante, e ambos desviaram o olhar logo em seguida.Lucas pegou o casaco, com o rosto impassível, e saiu do ambiente.Rodrigo soltou Beatriz, mas segurou suas mãos e a olhou com um carinho genuíno.— Bia, me desculpa.Beatriz queria se zangar, queria gritar com ele. Toda a tensão acumulada nos últimos tempos estava a ponto de explodir. Mas, ao lembrar que Rodrigo estava de volta, aparentemente sobrevivendo a uma situação quase fatal, ela engoliu a irritação e apenas manteve uma expressão fria.Ela soltou as mãos dele, com os olhos ligeiramente marejados.— Só importa que você voltou. — Respondeu, virando-se para conter as lágrimas.Rodrigo percebeu a raiva de Beatriz e a abraçou po
No instante em que Rodrigo ia beijá-la, Beatriz deu uma tossidinha fingida e virou o rosto. Ela já estava quase admitindo pra si mesma que talvez tivesse um toque de paranoia, mas alguma coisa realmente não parecia certa. Pelo bom senso, se ela tinha acabado de ver Rodrigo voltar vivo, ela deveria estar louca de vontade de beijá-lo intensamente. — Droga, será que tô pegando um resfriado?— Beatriz franziu as sobrancelhas e fungou um pouco. Rodrigo a encarou profundamente, percebendo o quanto ela não só tinha emagrecido, mas também perdido a cor nesses dias. — Bia, não esquece que eu sou médico. Amanhã vou te levar pra um check-up no hospital.— Não dá amanhã, deixa pra outro dia. Amanhã eu tenho o aniversário de uma amiga pra ir.— Ela baixou os olhos ao dizer isso.Na verdade, de manhã ela tinha uma consulta no psiquiatra e só depois iria pra festa na casa do Jean. Rodrigo franziu o cenho, claramente desaprovando:— Tem mesmo que ir? Você tá com uma cara péssima.— Vou sim! Minha ca
Logo pela manhã, Rodrigo levou Beatriz até a casa do Jean. Ela desceu do carro e, assim que Rodrigo se afastou, pegou um táxi direto para o hospital.O médico começou a consulta com uma conversa descontraída, tentando conduzir Beatriz para abrir-se aos poucos. — Senhora Silva, você...Antes que ele pudesse continuar, a porta foi escancarada e um homem entrou como um furacão, completamente descontrolado. Beatriz, assustada, protegeu instintivamente o ventre e recuou para o canto da sala.O médico foi imediatamente agarrado pelo pescoço por aquele homem desvairado. Beatriz procurou desesperadamente algo que pudesse usar para se defender, mas, infelizmente, não havia nada ao seu alcance.Por sorte, alguém do lado de fora ouviu o tumulto e entrou para segurar o homem, afastando-o. Depois daquele caos, o médico obviamente não poderia prosseguir com a consulta.Beatriz respirou aliviada, mas começou a sentir uma leve dor no abdômen. Colocou a mão sobre a barriga e se abaixou devagar. Uma en
Beatriz estava se preparando para levantar e dar uma olhada mais de perto na clavícula de Rodrigo, quando o celular dela, que estava no criado-mudo do hospital, começou a tocar.Rodrigo, que estava descansando, abriu os olhos de repente com o som do toque. Vendo que ela tinha acordado, ele perguntou com a voz rouca: — Bia, tá tudo bem? Tá sentindo alguma coisa?— Não, é só o celular.— Ela respondeu.Rodrigo ajudou Beatriz a se sentar, apoiando-a no travesseiro, e lhe entregou o celular.Era uma ligação de Jean.Beatriz desbloqueou o celular com a digital, atendeu e ouviu Jean dizer: — Você não esqueceu da comemoração de aniversário hoje, né?Beatriz se desculpou e disse: — Dá os parabéns pra Eulália por mim. Eu não tô muito bem, ainda tô aqui no hospital.Jean ouviu a resposta e, instintivamente, olhou para Lucas, que havia aparecido de última hora para a comemoração.— Se cuida, então.— Ele disse, e desligou.Ele virou-se para Eulália, que estava ao seu lado, e comentou: — A Beatriz n
Lucas ficou parado do lado de fora do quarto 1201, olhando pela janelinha de vidro na porta. Ele viu Rodrigo alimentando Beatriz, e seu olhar se apertou. Sem mais, ele se virou e foi embora.A verdade é que Lucas tinha escolhido trabalhar com Chris porque ouviu falar, por amigos no exterior, que Chris, durante a faculdade, foi convidado para entrar no Instituto TKN, um lugar onde só os gênios tinham vez. E agora, quem diria? Chris perdeu para Rodrigo.Dentro do quarto, Rodrigo terminou de dar a última colherada para Beatriz e, com o maior cuidado, limpou a boca dela. Cada gesto seu era de um carinho que aquecia o coração. Depois, levou a tigela vazia até a pia para lavar e, em seguida, pegou uma maçã para lavar também.Beatriz o observava descaradamente, sem o menor disfarce. Rodrigo cortava a maçã com precisão, e então soltou, com um sorriso brincalhão: — Já olhou o suficiente, ou ainda falta?Ela suspirou, um leve sorriso no rosto. — Ainda não.De repente, sua expressão ficou séri
No silêncio profundo da noite, Beatriz dormia, parecendo mergulhada num sonho bom, com a expressão suave e relaxada. Rodrigo ficou ao lado da cama, observando-a. Ele estendeu a mão e colocou a palma sobre o ventre dela, ainda coberto pelo lençol. Ali dentro estava um bebê… o filho do verdadeiro Rodrigo.Daqui a alguns meses, ele mesmo faria o parto, com as próprias mãos, retirando a criança. E, então, criaria o filho de Rodrigo como se fosse seu.Com o rosto idêntico ao de Rodrigo, ele abriu um sorriso gentil, quase angelical. Essa mulher era esperta; ao ver “Rodrigo” voltar vivo, em vez de se sentir aliviada, ela começou a suspeitar. Uma atitude realmente interessante. Quanto aos gêmeos que estavam na cidade A, ele resolveria essa questão assim que chegasse lá.No meio da noite, Beatriz se sentiu com calor e chutou o cobertor, deixando uma perna exposta. Rodrigo recuou a mão do ventre dela, ajeitou o lençol de volta sobre a perna e a cobriu com cuidado. Depois disso, ele olhou para el
Rodrigo ficou um pouco sem palavras por dentro. Essa mulher é mesmo complicada. Pra ele, qualquer roupa de baixo serviria, mas ele preferiu não contrariá-la e assumiu o erro com uma expressão séria:— Tá bom, tá bom. Eu volto e troco as roupas agora mesmo. Você ainda tá grávida, não se estressa.Pensando consigo mesmo, ele decidiu que era melhor deixar as coisas assim por uns meses. Quando a hora chegasse e ele mesmo retirasse o bebê, aí sim ela teria motivos pra se desesperar.Na casa dos Santos.Depois do café da manhã, Pedro anunciou uma novidade:— Rodrigo voltou ao país ontem.— Ele disse, dirigindo-se a Vera:— Quero que você se prepare, Vera. Rodrigo disse que pretende levar a Beatriz para Cidade A pra se casarem.O rosto de Vera congelou por um momento, ficando pálido aos poucos.— Rodrigo nunca escuta o que eu falo, mas para mim, você sempre será a única nora.— Completou Pedro antes de se levantar, já que tinha uma reunião marcada para o dia.Vera mordeu os lábios. Ele estava de v
Ele observava Beatriz pelas câmeras, que analisava o e-mail na tela. Será que ela desconfiou de algo? Se sim, ele decidira que era melhor dar um fim àquele bebê agora mesmo.Dentro do quarto, Beatriz leu o e-mail que Felipe havia enviado. Ela ergueu os olhos, percorrendo o ambiente com um coração acelerado. Algo não estava certo. Era uma sensação de perigo iminente. Controlou-se e sorriu, respondendo ao e-mail de Felipe com uma mensagem casual: [Rodrigo já voltou para Cidade B anteontem.]Aquela sensação gélida se intensificava, e Beatriz se sentia sufocada por uma atmosfera sinistra. Estaria presa em uma teia de conspirações horríveis? Estava confusa, tentando distinguir se aquela desconfiança era fruto de sua condição de saúde ou da razão. Precisava verificar com certeza se aquele homem à sua frente era Rodrigo. Se fosse mesmo ele, lhe pediria desculpas.Ela olhou para sua barriga, sussurrando para si mesma: Beatriz, calma. Devagar. Primeiro, cuide do bebê.Rodrigo, do lado de fora,