Acordei com o som do alarme, sentindo uma mistura de euforia e nervosismo. Henry realmente mexia comigo de uma forma que eu não sabia lidar. Levantei-me rapidamente e fui até o banheiro, tentando focar na minha nova oportunidade de trabalho. Tinha que me concentrar no que importava agora: minha carreira.
Vesti uma calça jeans com uma blusinha social, algo clássico para entrevista de emprego caso precisasse, embora nervosa para conhecer a pessoa que poderia me arrumar um emprego, a sensação nem se comparava ao frio na barriga por ver o Henry. Desci pegando com Belle uma maçã enquanto enviava mensagens a minha avó, ela me avisou que iria ao retiro que costumava fazer todos os anos. Era um retiro onde ela se desconectava totalmente de coisas eletrônicas e curtia a natureza, quando pequena sempre quis ir com ela e nunca me foi permitido. Continuei meu caminho da cozinha até o hall de entrada, a luz do sol atravessava o vidro iluminando parte da sala, algo bO local era amplo, com algumas mesas de madeira, assim como o balcão, e paredes revestidas com tijolinhos laranjas. Haviam uma mesa de sinuca e uma escadaria que levava a uma área onde pendia a cabeça de um alce, tornando o ambiente extremamente rústico. Apesar de ainda ser cedo, um grupo de amigos já se encontrava no local, provavelmente prontos para passar a noite afogando as mágoas ou celebrando.— Então, por que estamos aqui? — perguntei, virando para ele.— Estamos aqui porque marquei um encontro com ele neste lugar. — Ele apontou para um sujeito sentado atrás do balcão do bar, degustando uma garrafa de uísque.Assim que Henry foi visto, o homem se levantou e fez um sinal para nos aproximarmos. Ele emanava uma aura extremamente masculina e atraente, aparentava confiança, com olhos verdes, cabelos castanhos na altura dos ombros com um penteado despojado, duas tatuagens nos braços e uma camiseta preta do Nirvana. Uma das vantagens de Acácias era a genética dos residen
O caminho parecia mais longo do que o normal, e cada sombra parecia esconder um novo perigo. Finalmente, cheguei à pensão e, com um suspiro de alívio, entrei no meu quarto, trancando a porta atrás de mim. O silêncio do quarto me envolveu, proporcionando um breve momento de calma. Comecei a relembrar como cheguei a Acácias e as estranhas sensações que me envolviam desde minha chegada. Estava diante de um local misterioso, e eu relutava em aceitar.Tinha medo de encarar a verdade e, por isso, havia me vendado para permanecer dentro da minha zona de conforto. Aproveitei o momento de silêncio para refletir sobre o que realmente sabia sobre Drake. Ele não era alguém comum; as coisas que ele fazia eram sobre-humanas. Esse pensamento me levou a questionamentos inevitáveis: O que mais Acácias escondia? E porque algo me atraiu para esse lugar? Levantei e sai do quarto para pegar um copo de água e ao adentrar a sala deparei-me com Soya. Seu olhar sobre mim transmitia uma s
O local era pequeno e com um ar masculino, ao contrário do restante do lugar; esta sala estava uma bagunça, com uma pilha imensa de papel sobre a mesa, contendo notícias já antigas que nunca foram publicadas.O computador era simplesmente da idade da pedra, provavelmente com um dos processadores mais lentos. Acácias, no ponto de vista tecnológico, era como suas ruas, que pareciam ter parado no tempo, o que explicava a quantidade de papel.Por incrível que parecesse, o trabalho manual até parecia mais rápido do que esperar aquela máquina velha ligar.Sentei na cadeira e comecei a folhear as folhas na mesa, ficando perplexa com a qualidade duvidosa das notícias ali apresentadas. As "notícias" mal poderiam ser consideradas relevantes, incluindo cobertura de simples inaugurações e até um relato sobre um cão perdido tornando-se matéria principal. Questionei-me se os jornalistas desse veículo de comunicação possuíam alguma formação ou experiência real na área. Embora
A porta se abriu e Belle entrou, trazendo um copo de água. Agradeci, tomando pequenos goles para tentar acalmar meus nervos.— Belle, o que você sabe sobre Henry Wessex, Drake e este lugar? — perguntei diretamente, querendo respostas.— Ah, amiga... — Ela se sentou calmamente, apoiando as mãos no colo, com os ombros encolhidos. — Não sei muito. Fiz perguntas semelhantes sobre todos aqui quando cheguei à cidade e...— E então? — interrompi ansiosa. — Desculpe, por favor, continue.— Cheguei aqui com uma amiga, nos perdemos na Route Nationale 104, uma estrada francesa na Llê de France, e então encontramos o caminho para Acácias e...— Espera! O quê? — interrompi novamente. — Desculpe, mas você encontrou o caminho para Acácias por uma estrada na França?— Sim, exatamente, não foi o mesmo lugar que o seu, não é?Concordei com a cabeça e me levantei, dirigindo-me para a janela daquela pequena sala, onde o ar era escasso naquele momento.— Como isso é possí
Já era noite quando saí do jornal, passei a tarde toda avaliando e arquivando notícias antigas e recentes. Felizmente, quase no final da tarde, uma senhora veio limpar a sala. Não vi sinal do Luther; alguns colegas mencionaram que ele sempre está viajando atrás de notícias exclusivas, o que me fez rir ao considerar as matérias que li. Passei em frente ao bar do Charles, com as luzes acesas iluminando todo o quarteirão. Pessoas entravam e saíam, já um pouco embriagadas, porém nenhuma delas era quem eu esperava ver. A noite estava agradável, apesar de uma leve camada de nuvens cinzentas se aproximando, anunciando uma tempestade de verão prestes a desabar a qualquer momento. Acelerei meus passos ao passar pela praça, um local encantador para um piquenique.Sempre apreciei lugares ao ar livre, que me traziam lembranças de quando era criança. Uma das poucas recordações que guardava dos meus pais era dos nossos piqueniques nas manhãs de domingo. Minha mãe costumava
Ao entrar na pousada, encontrei Soya, ou melhor, ela praticamente me cercou, o que me fez começar a acreditar em Belle sobre ela. Após um banho revigorante, me joguei na cama e já estava quase adormecendo quando meu telefone tocou. Corri para atender, esperando que fosse Henry, mas fiz biquinho ao ver que era um número desconhecido. — Alô, quem fala? — atendi, me preparando para desligar, pois geralmente era telemarketing oferecendo planos de forma insistente. — Alô, querida, é assim que você fala com sua avó? — sorri ao ouvir a voz doce da minha avó, meu coração se aqueceu. Já fazia dias que não a ouvia e estava com muitas saudades. — Vó, que saudades! Finalmente resolveu aparecer, pensei que tinha decidido me abandonar também. — brinquei, sorrindo, e pude ouvir sua gargalhada contagiante. — Já voltou do retiro? — Nunca abriria mão de você, chicletinha. — Sim, minha avó me chamava assim porque no primeiro ano após a morte dos meus pais, eu tinha tanto medo de perdê-la que a acomp
Ao passar pela porta da minha sala, bati com força, deixando a raiva se expressar pelo gesto, o que resultou no quadro pendurado na parede ao lado caindo no chão. — Aff! — revirei os olhos e abaixei-me para pegar a tela rasgada. — Que droga, será que dá para consertar? — perguntei, levando-a até minha mesa e tentando alisá-la para reparar. Foi nesse momento que percebi uma pintura em preto e branco por baixo. Pouco a pouco, fui rasgando mais, revelando uma pintura antiga de um casarão. — Ai, meu Deus! — falei, tapando a boca com as mãos, enquanto minhas pernas tremiam. — É o casarão do meu sonho. — Sentei ainda impressionada. Temendo minhas pernas falharem, terminei de rasgar a última parte, revelando as iniciais “E.W”. Delicadamente, deslizei o dedo sobre a tela da pintura a óleo, e tudo ao meu redor começou a se distorcer. De repente, eu estava de volta à casa do meu sonho, parada exatamente no mesmo lugar, espiando a discussão dos
Era domingo e, finalmente, pude dormir até mais tarde. Acordar cedo nunca foi o meu ponto forte, e eu admirava aqueles que gostavam do oposto. O verão estava quase no fim, e eu mal havia aproveitado, passando a maior parte do tempo entre o trabalho e a pousada, sem tempo para relaxar.Ainda não havia decidido se fixaria em Acácias, por isso negociei com Soya pacotes mensais. Ela foi bastante generosa e fez um bom preço, dando a entender que queria que eu ficasse por ali. Desenvolvi uma relação com ela onde confiava com um olho aberto e outro fechado.Depois de tomar um banho, sentei na cama enrolada na minha toalha. Não podia negar que me sentia em casa ali, embora ao mesmo tempo considerasse a ideia de ter meu próprio espaço e talvez um animal de estimação para me fazer companhia.A tela do meu celular se iluminou, anunciando uma nova mensagem.Mensagem Henry: Bom dia Kaya.Sorri e deitei na cama mantendo meus braços erguidos em sentido do teto com a t