Um longo momento de tensão rola entre nós e eu simplesmente não consigo retirar meus olhos dos dele enquanto faz o trabalho de retirar meus saltos, sei que lá no fundo eu não deveria deixar isso acontecer, mas não consigo interrompê-lo. Eu já estive com muitos homens na minha vida e isso me faz relembrar todas as vezes que estive com eles, como um borrão na história da minha vida e como eles me tratavam. Nenhum deles fez algo assim por mim e isso me faz perceber que eu também quero ser tocada com carinho por alguém, então, quando menos espero, as palavras estão saindo da minha boca sem freio.– Parece que você é bom com as mãos – murmuro no momento exato em que ele levanta a cabeça e olha para mim. Consigo ver em seus olhos todas as emoções que as minhas palavras causam nele.Nikola é como um livro aberto para mim nesse momento e eu consigo ver a excitação, a tensão sexual girando entre nós.– Você nem imagina o quanto – ele murmura com um sorriso travesso enquanto massageia meus pés.
Num momento estamos conversando enquanto ela tenta retirar o vestido sem a minha ajuda (fingi o tempo inteiro que não estava vendo para não deixá-la ainda mais distante que já estava) e no outro Rayna está andando pelo quarto com uma expressão preocupada enquanto fala com a amiga. Fico alerta quando ela entra no closet e sai de lá calçada em pantufas e com uma expressão fechada e preocupada ao mesmo tempo.Alguma coisa está errada. Tomo o último gole da minha bebida e largo o copo na mesa de centro.– O que aconteceu? – questiono me aproximando e ela nega com a cabeça.– Meu carro está aqui, certo? Você disse que ia trazê-lo para cá então dê-me a chave. Preciso ir ao apartamento, Alietta precisa de mim – ela diz indo até a bolsa e eu reparo em suas pantufas.Ela vai sair de pantufas e vestido de festa? Estou ainda mais preocupado agora.– Seu carro está aqui, mas você não vai sair do jeito que está. Diga-me qual é o problema e eu vou resolvê-lo para você – digo prontamente e ela olha
Estamos em frente ao meu apartamento, sentados dentro do carro em um silêncio que nunca vi mais estranho. Olho para Nikola e percebo que, ao contrário de mim, ele parece muito confortável. Provavelmente ele já fez isso milhares de vezes, tenho certeza que já precisou perseguir ou até mesmo vigiar seus inimigos.Nikola está escorado no volante, os cabelos bagunçados e a camisa meio aberta e amassada, olho para mim mesma e percebo que também não estou numa situação boa, de vestido de festa e pantufas, tenho certeza que pareço até mesmo um pouco patética agora. Começo a balançar a perna, uma sensação de impaciência tomando conta do meu corpo.– O que exatamente estamos esperando? – pergunto quando não aguento mais me segurar.– Uma mensagem de Viktor dizendo que já acabou. Eu poderia ter ido até lá e cuidado de tudo, mas quero mostrar a nossa querida Merggie que ela não é especial e muito menos lembrada. Ela se acharia importante se um de nós aparecesse e isso não vai acontecer. Quero qu
Uma semana se passou desde o nosso show particular no meu suposto “noivado” e a quase invasão da mãe de Rayna ao seu apartamento. Durante esses dias, tenho estado o mais ocupado e atento que posso. Ocupado ficando longe de Rayna e dando-lhe espaço para assimilar o desejo carnal que ela sente por mim e assimilando o tamanho do desejo que eu sinto por ela. Atento em relação ao meu pai, ele ainda não fez nenhum dos movimentos que eu achei que faria e isso está me deixando de cabelos em pé.Antes, quando eu fazia alguma coisa que ele desaprovava, ele fazia questão de me visitar e demonstrar em palavras o quanto eu sou inútil e o quanto a minha vida o deixa insatisfeito, mas não dessa vez. Dessa vez ele está calado em todos os sentidos, nem mesmo Jeong soube de nada e ele sempre sabe de alguma coisa. Inclusive, nesse momento, estou no meu escritório e estamos tomando um gole de whisky juntos enquanto conversamos sobre o assunto e eu aproveito alguns minutos de pausa.– É muito suspeito, Ni
Balanço a cabeça no ritmo da música e curto a batida alta que sai dos alto-falantes e aproveito para dançar pelo quarto espaçoso. Eu sempre gostei de música e, especialmente rock antigo, e eu sempre escuto “Call me” da Blondie quando me sinto confusa, mas não me pergunte o porque pois não há um motivo. Talvez eu só goste muito da música, só isso.Estou de olhos fechados curtindo a música e girando na minha dancinha especial que eu só costumo fazer no banheiro, mas tomo um puto susto quando abro os olhos e vejo Nikola parado na porta de entrada, os braços cruzados, como se estivesse assistindo a algo muito interessante.Corro até a música e a desligo, vermelha de vergonha. Não achei que seria flagrada, ele não chega essa hora.Parece que me equivoquei.– Por que parou? Estava divertido de assistir, não sabia que você gostava desse tipo de música – ele diz adentrando o quarto e eu evito seu olhar e me concentro em olhar pela janela.– Eu não ouvi você chegar – é tudo que consigo dizer.
Acho que essa foi a primeira vez que tive uma conversa sincera com alguém sobre algo que não fosse morte, vingança ou dinheiro. É bom falar sobre outras coisas para variar e eu estou grato por ouvir Rayna, costumo pensar que a história dela é bem parecida com a minha em alguns aspectos, na verdade, quanto mais ouço ela falar sobre sua vida, mais nos acho parecidos. Por algum tempo, eu achei que nunca encontraria ninguém que fosse tão parecido comigo em história de luta e que vivesse no mundo real, mas Rayna existe para provar que eu estava errado.A mãe dela é tão egoísta quanto o meu pai, além de cabeça dura e acha que é dona da filha. Meu pai também achava que era dono de mim, até eu mostrar para ele que eu mando na minha própria vida, mas o silêncio dele me preocupa. Devo me lembrar de ligar para Viktor a fim de pescar alguma informação, tenho certeza que ele sabe de alguma coisa e vai me contar. Meu pai tem depositado muitas das suas esperanças em Viktor e sei que meu irmão não go
Fiquei tão feliz, aliviada e grata por Nikola ter matado a barata que meu corpo acabou receptivo demais ao dele, tão receptivo que não vi problema algum em lhe dar um abraço de agradecimento, o que levou a um beijo de agradecimento, o que nos levou a outro beijo, e outro beijo e quando menos percebi estávamos um em cima do outro na cama. Em algum momento, comecei a sentir que haviam partes do corpo de Nikola que estavam despertas, muito mais despertas do que deveriam e esse foi o estalo que me fez afastar dele.– Não podemos fazer isso – digo pulando do outro lado da cama e evitando olhá-lo. Não tenho certeza sobre o meu autocontrole com ele e tenho certeza que farei besteira se olhar em seus olhos do jeito que estou agora.– Eu acho que podemos. Você só não quer.– Você não entende.– Então me explique. Estou disposto a ouvir e entender, mesmo sabendo que não faz sentido algum.– É claro que faz sentido! – afirmo categórica e olho em seus olhos.– Você olhou para mim. Ótimo, estamos
– Espere, como assim ele está se hospedando aqui? – Alietta questiona apontando para mim, que estou sentado confortavelmente na sala e eu me resigno a revirar os olhos.– “Ele” está ouvindo tudo, não sei se você sabe disso – rebato balançando a perna.– São baratas, Alie. Você sabe como eu odeio baratas – Rayna diz sentando ao meu lado enquanto Alietta fica de pé, as mãos na cintura como quem avalia a situação.– Eu sei que são baratas e que você tem medo, é muito aceitável que tenha vindo a sua casa. Mas eu não entendo porque Nikola veio, ele pode ficar em outro lugar tranquilamente. É só um estalar de dedos e ele tem um quarto em qualquer hotel, o pai dele é dono de hotéis, pelo amor de Deus!– Meu pai não é dono de hotéis, ele é dono de UM hotel, os outros são meus, mas isso é um segredo – esclareço e as duas olham para mim. – Espere, eu contei a vocês? Que seja, finjam que não sabem.– Impossível, já que é um hotel – Alietta diz surpresa, mas logo se recupera. – Se você tem tantos