Estamos em frente ao meu apartamento, sentados dentro do carro em um silêncio que nunca vi mais estranho. Olho para Nikola e percebo que, ao contrário de mim, ele parece muito confortável. Provavelmente ele já fez isso milhares de vezes, tenho certeza que já precisou perseguir ou até mesmo vigiar seus inimigos.Nikola está escorado no volante, os cabelos bagunçados e a camisa meio aberta e amassada, olho para mim mesma e percebo que também não estou numa situação boa, de vestido de festa e pantufas, tenho certeza que pareço até mesmo um pouco patética agora. Começo a balançar a perna, uma sensação de impaciência tomando conta do meu corpo.– O que exatamente estamos esperando? – pergunto quando não aguento mais me segurar.– Uma mensagem de Viktor dizendo que já acabou. Eu poderia ter ido até lá e cuidado de tudo, mas quero mostrar a nossa querida Merggie que ela não é especial e muito menos lembrada. Ela se acharia importante se um de nós aparecesse e isso não vai acontecer. Quero qu
Uma semana se passou desde o nosso show particular no meu suposto “noivado” e a quase invasão da mãe de Rayna ao seu apartamento. Durante esses dias, tenho estado o mais ocupado e atento que posso. Ocupado ficando longe de Rayna e dando-lhe espaço para assimilar o desejo carnal que ela sente por mim e assimilando o tamanho do desejo que eu sinto por ela. Atento em relação ao meu pai, ele ainda não fez nenhum dos movimentos que eu achei que faria e isso está me deixando de cabelos em pé.Antes, quando eu fazia alguma coisa que ele desaprovava, ele fazia questão de me visitar e demonstrar em palavras o quanto eu sou inútil e o quanto a minha vida o deixa insatisfeito, mas não dessa vez. Dessa vez ele está calado em todos os sentidos, nem mesmo Jeong soube de nada e ele sempre sabe de alguma coisa. Inclusive, nesse momento, estou no meu escritório e estamos tomando um gole de whisky juntos enquanto conversamos sobre o assunto e eu aproveito alguns minutos de pausa.– É muito suspeito, Ni
Balanço a cabeça no ritmo da música e curto a batida alta que sai dos alto-falantes e aproveito para dançar pelo quarto espaçoso. Eu sempre gostei de música e, especialmente rock antigo, e eu sempre escuto “Call me” da Blondie quando me sinto confusa, mas não me pergunte o porque pois não há um motivo. Talvez eu só goste muito da música, só isso.Estou de olhos fechados curtindo a música e girando na minha dancinha especial que eu só costumo fazer no banheiro, mas tomo um puto susto quando abro os olhos e vejo Nikola parado na porta de entrada, os braços cruzados, como se estivesse assistindo a algo muito interessante.Corro até a música e a desligo, vermelha de vergonha. Não achei que seria flagrada, ele não chega essa hora.Parece que me equivoquei.– Por que parou? Estava divertido de assistir, não sabia que você gostava desse tipo de música – ele diz adentrando o quarto e eu evito seu olhar e me concentro em olhar pela janela.– Eu não ouvi você chegar – é tudo que consigo dizer.
Acho que essa foi a primeira vez que tive uma conversa sincera com alguém sobre algo que não fosse morte, vingança ou dinheiro. É bom falar sobre outras coisas para variar e eu estou grato por ouvir Rayna, costumo pensar que a história dela é bem parecida com a minha em alguns aspectos, na verdade, quanto mais ouço ela falar sobre sua vida, mais nos acho parecidos. Por algum tempo, eu achei que nunca encontraria ninguém que fosse tão parecido comigo em história de luta e que vivesse no mundo real, mas Rayna existe para provar que eu estava errado.A mãe dela é tão egoísta quanto o meu pai, além de cabeça dura e acha que é dona da filha. Meu pai também achava que era dono de mim, até eu mostrar para ele que eu mando na minha própria vida, mas o silêncio dele me preocupa. Devo me lembrar de ligar para Viktor a fim de pescar alguma informação, tenho certeza que ele sabe de alguma coisa e vai me contar. Meu pai tem depositado muitas das suas esperanças em Viktor e sei que meu irmão não go
Fiquei tão feliz, aliviada e grata por Nikola ter matado a barata que meu corpo acabou receptivo demais ao dele, tão receptivo que não vi problema algum em lhe dar um abraço de agradecimento, o que levou a um beijo de agradecimento, o que nos levou a outro beijo, e outro beijo e quando menos percebi estávamos um em cima do outro na cama. Em algum momento, comecei a sentir que haviam partes do corpo de Nikola que estavam despertas, muito mais despertas do que deveriam e esse foi o estalo que me fez afastar dele.– Não podemos fazer isso – digo pulando do outro lado da cama e evitando olhá-lo. Não tenho certeza sobre o meu autocontrole com ele e tenho certeza que farei besteira se olhar em seus olhos do jeito que estou agora.– Eu acho que podemos. Você só não quer.– Você não entende.– Então me explique. Estou disposto a ouvir e entender, mesmo sabendo que não faz sentido algum.– É claro que faz sentido! – afirmo categórica e olho em seus olhos.– Você olhou para mim. Ótimo, estamos
– Espere, como assim ele está se hospedando aqui? – Alietta questiona apontando para mim, que estou sentado confortavelmente na sala e eu me resigno a revirar os olhos.– “Ele” está ouvindo tudo, não sei se você sabe disso – rebato balançando a perna.– São baratas, Alie. Você sabe como eu odeio baratas – Rayna diz sentando ao meu lado enquanto Alietta fica de pé, as mãos na cintura como quem avalia a situação.– Eu sei que são baratas e que você tem medo, é muito aceitável que tenha vindo a sua casa. Mas eu não entendo porque Nikola veio, ele pode ficar em outro lugar tranquilamente. É só um estalar de dedos e ele tem um quarto em qualquer hotel, o pai dele é dono de hotéis, pelo amor de Deus!– Meu pai não é dono de hotéis, ele é dono de UM hotel, os outros são meus, mas isso é um segredo – esclareço e as duas olham para mim. – Espere, eu contei a vocês? Que seja, finjam que não sabem.– Impossível, já que é um hotel – Alietta diz surpresa, mas logo se recupera. – Se você tem tantos
Acho que esse vai entrar na lista dos dias mais estranhos da minha vida. Na minha sala, há duas pessoas que eu nunca pensei que receberia. Há Nikola, que eu não queria nem mesmo cruzar o caminho em vida e há Olga, alguém que me detesta e que está na minha sala por causa de Nikola.Há três seguranças ao redor da Lazarov e dois do lado de fora, o que não me intimida de forma alguma porque sei que há dezenas dos nossos seguranças ao redor do prédio.Nossos? Quando foi que passei a considerá-los como parte de mim? Ah, que seja.Eu realmente adoraria um descanso.– Desculpe por não estar em uma situação tão agradável para recebê-la, é que aconteceu um acidente com a minha roupa e eu precisei tomar um banho. Espero que não se importe – Nikola está sendo sarcástico e eu preciso me segurar para manter a seriedade. Ele realmente sabe como provocar uma mulher.– Não tem problema. A casa é sua – Olga diz e olha tudo com atenção e curiosidade antes de focar os olhos em mim. – Srta. Petrova, sua c
Foram poucos os dias que fiquei em meu apartamento com Nikola e Alietta, mas foram suficiente para me cansar. Apesar de saber que Nikola é perigoso, Alietta estava sempre alfinetando-o e ele parecia sempre divertido com a situação, porque fazia o mesmo com ela. Na maioria do tempo, eu ficava entre os dois e era muito cansativo, então estou grata por estar de volta a mansão de Nikola, onde ele não tem ninguém para alfinetá-lo além de mim.De toda forma, não posso dizer que a experiência foi ruim porque desenvolvemos uma espécie de amizade, quando os dois não estavam brigando e ela estava trabalhando, nós ficávamos sozinhos em casa e isso fortaleceu a nossa relação. Apesar de ficar com medo das consequências futuras desse nosso bom relacionamento, eu gosto de sentir que tenho alguém além de Alietta.Minha genitora é um caso a parte, Nikola até me tentou me contar os detalhes do que aconteceu com ela, mas eu preferi não ouvir. Se quero que ela pare de fazer parte da minha vida, preciso p