Ainda me recordo do dia em que conheci Lorenzo, um ano depois da morte de meus pais. Em Roma onde eu estava, é uma espécie de internato onde todos os sucessores da máfia são formados e preparados. Minha saúde podia muito bem não estar mas em perigo, mas a depressão me prendia de todas formas possíveis. Enzo notou que sua presença em Roma piorava o meu estado, então ele parou de vir me visitar.Acontece que , na mesma época, conheci um miúdo dois anos mais novos que eu. Os óculos de grau que usava o davam um ar mais velho, e um pouco comico. A forma formal, como ele vestia sempre roupas formais, na minha perspectiva ele parecia um pinguim de terno e óculos. Magro, baixinho, tímido e no seu olhar havia muita determinação. Como se ele estivesse pronto a mostrar ao mundo o seu valor.Foi tão rápido, quanto a expansão do Big bang pelo mundo. Ele pedia para não chorar, me envolvia em seus pequenos braços. Como se entendesse minha dor, eu sentia que ele entendia. Quando eu olhava para ele, e
— Eu assino. — o sorriso de Vito se alarga, então com o papel e caneta nas mãos, ele se aproxima para poder me entregar. Mas antes eu pudesse o pegar, Vito foi atingido por um tiro no joelho.Viro-me na direção de onde vem o tiro, Enzo coloca seu relógio de bolso de volta no lugar e olha para nós de forma entediada.— Certo. Já tentamos o teu jeito não é Bárbara? — ele gesticula — e conforme você consegue ver, sua forma de resolução de conflitos é antiquada. Vê por qual motivo você não pode viver sem mim? Vê porque eu ordenei Lorenzo que cuidasse de você? Você consegue ver agora?— ele está parado de frente para mim, como se estivesse me dando uma lição de moral, que a muito teimo aprender — Como você ousa querer renunciar um poder que eu te dei? Aquilo que te dou você não pode dar à mais ninguém.Movimento meus lábios , mas minha boca mal se abre, como se eu tivesse desaprendido a fala. Ele está com o mesmo olhar, daquela vez que ele matou minha família. Um olhar indiferente, como de
Eu sei o que vem a seguir, está em consonância com tudo que Enzo tem me prometido. Mas ainda assim, uma parte de mim, não consegue deixar isso simplesmente acontecer.Eu sou muito apegada as lembranças. E é exatamente por isso que meu julgamento sempre deixa a desejar, quando se trata da minha família. E não é diferente, ao que diz respeito a Vito. Que conheci um pouco antes do aniversário de 18 anos no hospital. Vito trabalhava como enfermeiro, mas com objetivo final de se formar em medicina geral. Eu ia constantemente ao hospital por causa das minhas crises de asma e isso entrelaçou nossos distintos.— Não que seja da minha conta, mas para uma adolescente você canaliza muita raiva, está praticamente sempre sobre pressão e sobre profundo estresse. Você corre até riscos AVC, ou muito pior morrer de asma. — em algum momento ele começou a sentir-se no direito de opinar sobre minha saúde , suas conversas nem sempre era em torno da minha saúde, ele era um bom conversador, muito atencioso
Foram longos segundos de silêncio que se estenderam pelo tempo como se fosse a eternidade. Ela limpou suas lágrimas, com as mangas de seu blusão branco. Tirei a arma que tinha no coldre e a entreguei. — Bárbara eu estou arrependido — Vito chora amargamente — Bárbara. Você disse que não tinha preferidos e que amava a todos de igual modo. Imploro sua clemência. — a petição de Vito foi silenciada por três disparos ao céu. Bárbara apontou a arma para ele,mas seus braços estão trémulos. Mal consegue mirar diretamente para o Rosto dele. Inusitadamente ela joga a arma na minha direção, dando as costas a Vito ficando de frente para mim.— Faça o que quiser com ele. — sussurra logo de seguida passando por mim indo em direção aos seus aposentos. — Agora somos só nós. — girei a arma entre os meus dedos, assumindo uma postura assassina, ele tenta fugir,mas Pietro e meu segurança, o seguram pelos braços o prendendo. — Quem contou para você acerca de Lorenzo? Não adianta tentar proteger seu cúmpl
Deixei-a em minha casa, e segui em direção na qual venho me afastando a cada ano que passa. Ficando cada vez mais distante dos meus pais, e mais próximo de ser a única imagem da máfia siciliana. Eu não conseguiria dormir nem se eu quisesse, afinal devo fazer isto. Preciso provar para mim mesmo que meu censo de apreço pelas regras está acima de qualquer emoção, seja por amor fraterno ou romântico.Não interessa quanto meu coração me explique que se trata da minha mãe. Meu pé pisa no acelerador, encurtando a distância entre a emoção e o dever. Dever. É para isso que fui criado. Meu falecido avó, meu pai. A única coisa que eles me ensinaram a respeitar as leis que a nossa família criou para governar o nosso território, nada além disso.Desligo o motor. Puxando o ar gélido que se aproxima a meia noite. Os seguranças me recebem, sem se incomodar em informar a minha chegada aos meus pais. Os trabalhadores estão todos dormindo, então não há ninguém para me receber. Meus passos são a única co
Famiglia Colombo.Fiquei parada no batendo da porta, até depois que ele saiu. Eu pensava que não me importava com a existência dele e que o odiava, mas quando ele disse que ia embora eu quis pedir para ficar. Mas as palavras não saíram da minha boca. Já rastejei demais por atenção. Ou para que alguém ficasse comigo. Mas não mais. Por mais que eu tenha de ficar sozinha. Vai doer,mas não importa mais.Passaram-se 24h desde que ele foi embora, e eu não saia de casa. Dormia em seu quarto, dava voltas pelo sofá mais eu não conseguia ter coragem de ir para minha casa e encarar todos aqueles rostos que se sentem forçados a estar comigo. Quero que eles vão embora. Quero voltar para casa e encontar tudo vazio. Não quero mais aturar ninguém. Não irei mais ajudar ninguém. Mais 24h se passaram e a vontade de ir para casa, continuava a 0% .Deixem-me aqui até morrer. Desapareçam todos. Levem tudo que é meu se assim vos couber. Não preciso disso. Não quero mais impressionar a ninguém. Não quero mai
Eu não costumo fazer passeios aleatórios ou imprevistos. Principalmente pelo facto de ter uma agenda muito apertada, e porque minhas aparições públicos tem de ser calculadas. Passamos por uma loja para que ela pudesse encontrar roupas adequadas para uma saída em público.Não tenho nada planejado,nem sei para onde há levar. Eu só olhei para o rosto depressivo dela e decidi de que tinha de à levar para sair. Ela está com as costas encostadas na cadeira enquanto olha para janela do carro sem nenhum brilho nos olhos. Como se já tivesse vivido muitas vidas, já tivesse visto tantas vezes essa paisagem que nada mais a impressionava. E isso mexe comigo, não sou do tipo de pessoa que sente pela dor dos outros, mas quando o assunto é ela sinto vontade de a colocar num casulo onde ela viverá feliz para sempre, sem ser afetada por nenhuma tribulação.Estacionado o carro, no canal da grande cidade de Veneza. — Um passeio de gôndola?— ela questiona assim que ficamos de frente ao barquinho preto b
Famiglia Colombo.Quando ele me disse que está saído em viagem eu senti algo que nunca havia sentido. Saudade. Ele ainda nem havia saído do quarto, mais eu já estava com saudade. Estou apegada a ele de um jeito que nem eu sei explicar. Que quando ele disse isso, quis protestar. Não queria que ele fosse. Não tinha certeza se realmente ele iria voltar.Racionalmente, tudo bem. Eu sei. É óbvio que ele ia voltar. O império dele está aqui em Itália. Não tinha como ele não voltar. Mas diga isso para o meu coração. Eu não queria que ele saísse naquele momento. Eu precisava dele. Eu pensava que o ódio era a única coisa que nos ligava. Mas quando eu parava de frente para minha emoções. Não havia ódio, dentro de mim. Pode ser qualquer tipo de emoção, mas ódio não era.Então ele foi. Foram três dias. Sozinha naquela casa, batalhando com meus demônios. Olhando de frente para cada um e perdendo descaradamente uma vez após outra. Cortar. Empurrar. Não sentir.— Você está com medo de perder sua fam