Depois daquela reunião, o final da tarde foi apenas com nós dois tentando tirar a tal selfie juntos. Apesar do meu pai ter tido contato com celulares antes de se isolar, ele tinha mais dificuldade do que eu para usá-los. Os aparelhos da época dele eram de flip e tinham teclados, agora eram os famosos touchscreens.
Tentamos por várias vezes tirar uma selfie decente, sempre um de nós ficava cortado, em outras fotos não estávamos rindo ou tínhamos uma cara estranha, até que conseguimos tirar uma foto perfeita. Nós dois abraçados rindo para a câmera. Eu imprimi aquela foto mais tarde e ainda a tenho na prateleira do meu apartamento e com o passar do tempo, ela foi ganhando novas companheiras.
Lembrei-me naquela tarde do álbum de fotos que meu pai me mostrara, depo
Querida Sofia, Quando esta carta chegar, você já saberá do acontecido pois liguei imediatamente para Francisco. Porém, escrever para você me acalma mais. Por favor, não fique nervosa, porque apesar de tudo, eu estou bem. Rodrigo e a família estão me ajudando. Não conte para a mamãe, ela faria um escândalo e botaria a culpa em mim. Irei explicar o que aconteceu naquele dia. Sabe que quando cheguei aqui, comecei a morar por um tempo na casa da família de Rodrigo e agora eu vivo em um pequeno apartamento no centro da cidadezinha. Consigo ir a pé para o sítio onde fazemos os doces em conserva. Como não tenho nenhum contato em nenhum lugar, minha roda de amigos são as pessoas que Rodrigo me apresenta. A maioria dos amigos dele são homens e gosta
O que narrarei aqui é basicamente o que Sofia me contou depois. Depois de tanto insistir e fazer um escândalo no nosso apartamento ela foi junto com ele. Segundo ela, foi a viagem mais longa e silenciosa que ela tinha feito. Ela percebeu que meu pai evitava olhar para ela. Agora o que se estende é o conjunto de relatos da viagem a Minas Gerais. Coisas importantes aconteceram e eu só fui saber depois. Eles viajaram a noite inteira, chegaram de manhã. Sofia a cada hora que passava ficava cada vez mais ansiosa, ela queria ver a irmã o quanto antes. Francisco tentou impedir de ir com ele, sabia que era quase impossível, porém, não queria ficar horas dentro de um carro junto com ela. Não teve outro jeito, ele sabia muito bem que aquilo era uma característica das mulheres da família Martins Gonçalves, quand
Rodrigo era uma das crianças que frequentava a mansão Martins Gonçalves e ele era muito amigo de Olivia. Os dois eram inseparáveis, tinham seu local secreto, suas brincadeiras secretas e um amor inocente surgia ali. Quando Olivia fez dez anos, ele iria embora, ele não sabia para onde, ela também não. Combinaram de se encontrar quando voltasse porém, Olivia sumiu junto com toda a família.Durante todos esses anos, lendas, suposições e teorias da conspiração foram criadas ao redor do sumiço da família Martins Gonçalves. Vez ou outra faziam algumas reportagens ou mini documentários tentando explicar os fatos que aconteceram naquele ano.Ele era muito pequeno para lembrar daquela época mas, a mídia não deixava esquecer. Isso co
Francisco e Sofia subiam a serra de volta ao Rio de Janeiro. Conseguiram resolver o problema em Minas e agora voltavam em uma viagem comprida, silenciosa e constrangedora. Sofia insistiu que em ir junto com Francisco afinal, era da irmã dela que estavam falando. Francisco teve que aceitar a sua companhia contrariado. Ele evitava ficar perto dela agora, teve que aguentar uma viagem de um dia praticamente, sozinho fechado em um carro com ela.
Meu não soube quando fomos atacadas, ele estava em Minas Gerais ainda e pelo jeito voltaria no dia seguinte a nossa ida a diretoria. Porém na escola eu tinha os meus próprios problemas. Eu ainda estava nas séries básicas e os meninos ainda olhavam deio para nós por conta do castigo coletivo que tiveram. Como se nós fossemos culpadas pela situação deles. Depois de me salvar do ataque dos outros meninos, Haru continuou a me ignorar. Ele não respondia aos meus acenos e passava por mim direto pelo corredor. Eu não entendia por que mas, a cada dia que passava, aquela situação me doía o peito cada vez mais. Hugo estava mais calmo, parecia procurar por Brenda na hora do intervalo. Uma aura estranha emanava deles dois, no entanto, não era tão pesada do mesmo jeito que era antes. Hugo parecia desesperadamente querer pedir desculpas a Brenda, porém, ela
Haru é o meu marido. Nos conhecemos no internato de uma forma bem constrangedora pelo fato de eu não saber o que era uma televisão. Eu não sei como mas, segundo Haru ele se apaixonou naquele momento, no entanto, só foi realizar isso um pouco mais tarde. A família de Haru tinha uma vida estabilizada e feliz. A chegada de um um filho era uma benção, só não esperavam que fariam parte do 1% da população. Ele era um Excepcional Sinestésico, vindo de um casal de Comuns. Por ser o único na família inteira nessa condição, o pai suspeitou de traição e deixou mãe e filho sozinhos no mundo. Logo depois a demarcação dos Excepcionais acontecia e todos que eram ou tinham alguém na família deveriam deixar as suas casas e ir para os conjugados feitos pelo governo. Sem influências importantes, a mãe teve que sair de sua bela casa própria em um bairro com uma boa q
Haru tinha hematomas nas costas, sua pele estava cheia de manchas roxas e elas se espalhavam pelos braços, pescoço e em algumas vezes no rosto. Eu não sabia o que acontecia na casa dele quando vi aquelas marcas pela primeira vez, deduzi que era alguma marca do treino, de alguma queda.Depois da nossa discussão, não nos falamos mais só que, eu ainda estava preocupado com ele. Eu sempre levava um pequeno estojo escondido na mala com um pouco das Areias Brilhantes caso alguma coisa acontecesse. As Areias Brilhantes podiam curar qualquer ferida, só não combatiam vírus ou bactérias, etc. Ela apenas combatia os sintomas que ajudavam muito. Fui novamente encontrá-lo no vestiário. Não com a mesma animação de antes mas, com um grande nervosismo em vê-lo. Fiquei parada na porta do vestiário hesitante em entrar, meu pé não se mexia, os outros meninos saíam e
Fiquei no meu quarto o máximo que pude, tentando evitá-lo. Saía escondida sem ele perceber para ir ao banheiro ou beber água. Porém, dentro de um espaço relativamente pequeno com apenas nós dois, fica difícil achar um momento em não nos esbarremos. -Está me evitando, por acaso? - ouvi uma voz masculina atrás de mim enquanto saía cautelosamente do meu quarto. -O que é evitar?- eu ainda não conhecia aquela expressão. Haru estava de braços cruzados atrás de mim. -Exatamente isso que você fez o dia inteiro. -Não é como se eu tivesse começado isso- por que ele estaria zangado com isso? Foi ele que me evitou primeiro. Ele engoliu a seco e olhou para o lado, fazia isso quando ficava sem graça. -Mas foi você que disse aquilo pra