O que narrarei aqui é basicamente o que Sofia me contou depois. Depois de tanto insistir e fazer um escândalo no nosso apartamento ela foi junto com ele. Segundo ela, foi a viagem mais longa e silenciosa que ela tinha feito. Ela percebeu que meu pai evitava olhar para ela.
Agora o que se estende é o conjunto de relatos da viagem a Minas Gerais. Coisas importantes aconteceram e eu só fui saber depois.
Eles viajaram a noite inteira, chegaram de manhã. Sofia a cada hora que passava ficava cada vez mais ansiosa, ela queria ver a irmã o quanto antes. Francisco tentou impedir de ir com ele, sabia que era quase impossível, porém, não queria ficar horas dentro de um carro junto com ela.
Não teve outro jeito, ele sabia muito bem que aquilo era uma característica das mulheres da família Martins Gonçalves, quand
Rodrigo era uma das crianças que frequentava a mansão Martins Gonçalves e ele era muito amigo de Olivia. Os dois eram inseparáveis, tinham seu local secreto, suas brincadeiras secretas e um amor inocente surgia ali. Quando Olivia fez dez anos, ele iria embora, ele não sabia para onde, ela também não. Combinaram de se encontrar quando voltasse porém, Olivia sumiu junto com toda a família.Durante todos esses anos, lendas, suposições e teorias da conspiração foram criadas ao redor do sumiço da família Martins Gonçalves. Vez ou outra faziam algumas reportagens ou mini documentários tentando explicar os fatos que aconteceram naquele ano.Ele era muito pequeno para lembrar daquela época mas, a mídia não deixava esquecer. Isso co
Francisco e Sofia subiam a serra de volta ao Rio de Janeiro. Conseguiram resolver o problema em Minas e agora voltavam em uma viagem comprida, silenciosa e constrangedora. Sofia insistiu que em ir junto com Francisco afinal, era da irmã dela que estavam falando. Francisco teve que aceitar a sua companhia contrariado. Ele evitava ficar perto dela agora, teve que aguentar uma viagem de um dia praticamente, sozinho fechado em um carro com ela.
Meu não soube quando fomos atacadas, ele estava em Minas Gerais ainda e pelo jeito voltaria no dia seguinte a nossa ida a diretoria. Porém na escola eu tinha os meus próprios problemas. Eu ainda estava nas séries básicas e os meninos ainda olhavam deio para nós por conta do castigo coletivo que tiveram. Como se nós fossemos culpadas pela situação deles. Depois de me salvar do ataque dos outros meninos, Haru continuou a me ignorar. Ele não respondia aos meus acenos e passava por mim direto pelo corredor. Eu não entendia por que mas, a cada dia que passava, aquela situação me doía o peito cada vez mais. Hugo estava mais calmo, parecia procurar por Brenda na hora do intervalo. Uma aura estranha emanava deles dois, no entanto, não era tão pesada do mesmo jeito que era antes. Hugo parecia desesperadamente querer pedir desculpas a Brenda, porém, ela
Haru é o meu marido. Nos conhecemos no internato de uma forma bem constrangedora pelo fato de eu não saber o que era uma televisão. Eu não sei como mas, segundo Haru ele se apaixonou naquele momento, no entanto, só foi realizar isso um pouco mais tarde. A família de Haru tinha uma vida estabilizada e feliz. A chegada de um um filho era uma benção, só não esperavam que fariam parte do 1% da população. Ele era um Excepcional Sinestésico, vindo de um casal de Comuns. Por ser o único na família inteira nessa condição, o pai suspeitou de traição e deixou mãe e filho sozinhos no mundo. Logo depois a demarcação dos Excepcionais acontecia e todos que eram ou tinham alguém na família deveriam deixar as suas casas e ir para os conjugados feitos pelo governo. Sem influências importantes, a mãe teve que sair de sua bela casa própria em um bairro com uma boa q
Haru tinha hematomas nas costas, sua pele estava cheia de manchas roxas e elas se espalhavam pelos braços, pescoço e em algumas vezes no rosto. Eu não sabia o que acontecia na casa dele quando vi aquelas marcas pela primeira vez, deduzi que era alguma marca do treino, de alguma queda.Depois da nossa discussão, não nos falamos mais só que, eu ainda estava preocupado com ele. Eu sempre levava um pequeno estojo escondido na mala com um pouco das Areias Brilhantes caso alguma coisa acontecesse. As Areias Brilhantes podiam curar qualquer ferida, só não combatiam vírus ou bactérias, etc. Ela apenas combatia os sintomas que ajudavam muito. Fui novamente encontrá-lo no vestiário. Não com a mesma animação de antes mas, com um grande nervosismo em vê-lo. Fiquei parada na porta do vestiário hesitante em entrar, meu pé não se mexia, os outros meninos saíam e
Fiquei no meu quarto o máximo que pude, tentando evitá-lo. Saía escondida sem ele perceber para ir ao banheiro ou beber água. Porém, dentro de um espaço relativamente pequeno com apenas nós dois, fica difícil achar um momento em não nos esbarremos. -Está me evitando, por acaso? - ouvi uma voz masculina atrás de mim enquanto saía cautelosamente do meu quarto. -O que é evitar?- eu ainda não conhecia aquela expressão. Haru estava de braços cruzados atrás de mim. -Exatamente isso que você fez o dia inteiro. -Não é como se eu tivesse começado isso- por que ele estaria zangado com isso? Foi ele que me evitou primeiro. Ele engoliu a seco e olhou para o lado, fazia isso quando ficava sem graça. -Mas foi você que disse aquilo pra
Depois daquela noite, Haru não encostou nos meus lábios daquele jeito. Eu não saí do lado dele como ele havia me pedido. O advogado de Haru pertencia ao escritório do senhor Bartolomeu. Um jovem preocupado com causas sociais, muitas vezes faziam serviços Pro-Bono mas, aquilo estava sendo pago com o dinheiro que a minha mãe deixou para o meu pai. Antes de levar Haru para casa, meu pai havia denunciado a agressão, não deram muita importância por se tratar de uma criança Excepcional. Foi a partir daí que ele percebeu que só iria adiantar se retornasse. O Francisco, marido de Júlia Martins Gonçalves, o Excepcional Natural, ativista político pelos direitos dos Excepcionais, deveria ressurgir mais cedo do que imaginava. Em sua experiência anterior, as autoridades só se mexeriam com um apelo midiático forte. Muitas vezes eles conseguiam apenas quando den
-Essa criança, senhor juiz, só me trouxe desgraça - ela falava isso no final dos depoimentos- Por causa dela perdi meu marido, meu emprego e a minha casa. Mesmo assim eu dei a ela um teto, comida e educação. Acha que foi fácil olhar para a cara dessa criança todos os dias da minha vida? Eu não larguei ela por aí como muitas pessoas fazem! E agora eu vou ser presa por causa dessa criança também?!Lágrimas de raiva começaram a escorrer pelo rosto dela. Depois de todos os depoimentos já prestados. Permitiram que eu e meu pai assistíssemos o julgamento. Haru não estava presente, foi para uma outra sala.A mãe de Haru se exaltou depois de ouvir todas as testemunhas. Meu pai contou o ocorrido no dia em que fomos à casa de Haru, Nomia e J