Tudo ultimamente me aborrece, parece que eu já não consigo controlar minhas emoções ou atitudes. Para mim, não é normal ficar nervoso ou alterado como vem acontecendo, mas, aparentemente, é mais forte que eu! Tudo bem, em parte isso é uma grande mentira, eu me exaspero fácil às vezes, mas não com a Yumi e isso é o que mais vem me incomodando. Não vou deixar que ela se afaste de mim novamente, muito menos serei posto para escanteio ou descartado de sua vida. Só não sei ainda como controlar esses atos impulsivos que acabam magoando mais ainda minha Myu-Myu.Entro em casa ansioso com a ideia de ver Yumi, de me entender com ela de uma vez por todas e mostrar para todos que sou seu melhor amigo e que meu lugar ninguém toma — não só o lugar de melhor amigo, mas o de ser a pessoa mais importante em sua vida. Pelo menos uma delas… — Contudo, para minha surpresa, Yumi não está sozinha e, mais uma vez, sinto meu corpo congelar irradiando sucessões de sentimentos ao observá-los, ao ver Mayke faze
— Fica quietinho aí. — Eu já estou melhorando, só preciso de um pouco de água. — Não se nega água a um moribundo, já dizia a minha avó: um copo d'água não se nega a ninguém. — Não podemos fazer nada até a ambulância chegar.— Eu já estou melhor, só quero ir para o meu quarto e tomar um banho para morrer em paz.— Não senhor, fique aí quietinho. Não tenho escolha a não ser esperar a equipe médica. A conversa à minha volta está engraçada, apesar de estranha, por um momento penso que enquanto Ayumi quer me socorrer, sua mãe parece desejar minha morte.— Filho — ouço a voz desesperada da minha mãe —, meu bebê! — Diz ajoelhando-se ao meu lado.— Mãe, a morte está perto, eu estou vendo coisas, acho que tenho um aneurisma ou algo do tipo. As alucinações que tenho foram tão fortes que tive um princípio de infarto. — Bebê não é princípio de infarto, ou você infarta e morre ou você infarta e consegue se salvar, mas infarto é infarto, meu amor.— Então eu não estou morrendo? — Não, provave
Estou em casa assistindo a um filme com o Thom, Paul está na empresa. Do nada, o Thom começa a falar que tem foto da tia Ayumi. Sorrio para ele, que se levanta do sofá e vai correndo para o quarto. Ele volta e está com um porta-retrato em cada mão. Olho para ele, que diz sorridente: — Tia Ayumi, mamã! — Pego os porta-retratos de sua mão e, assim que olho, vejo uma mulher igual à Ayumi, só que de cabelos loiros.A existência é uma estrada sinuosa: às vezes tem altos, às vezes tem baixos. Num momento tudo vai bem e é como se caminhássemos sobre nuvens macias e coloridas. Mas noutro momento tudo pode piorar e essas nuvens se tornarem em areia movediça, que nos quer tragar. É assim que me sinto nesse exato momento: como se eu tivesse levado um soco na boca do estômago. Não consigo acreditar no que vejo em minhas mãos e elas começam a tremer.Como é possível? Respiro fundo para não demonstrar a minha confusão para o meu pequeno.— Amor, onde você achou essas fotos? — No vovô. Não briga com
— O quê? Não é a Ayumi? Não tem como isso acontecer. Aí vocês serão… — Irmãs? Ou ter algum parentesco? — Digo, e ele pega os porta-retratos das minhas mãos, fica olhando-as e depois olha para mim. — Não tem semelhança nenhuma, eu sei. Mas se tem alguém que pode responder é o papai.Ele pega minha mão e vamos para a sala. Assim que chegamos, Paul vai para a cozinha e caminho até papai que está com o celular na mão e com um sorriso largo na cara. Ele deve estar aprontando. Papai e mamãe se separaram já faz um tempo e eles foram sinceros comigo o tempo todo. Me aproximo e ele guarda o celular no bolso do paletó.— Ah! Ele trouxe as fotos da vovó Amanda? — Ele se levanta e eu lhe entrego os porta-retratos.— Não me lembro de ter visto essas fotos da vovó em casa, papai. — Essas fotos ficavam no baú, minha filha. Essas ela sempre pedia para guardar com cuidado porque era relíquia. Com certeza, a Celina deve ter tirado para limpar. Eu pedi a ela porque quero colocar as fotos da vovó pela c
— As coisas naquela época eram difíceis — mamãe começa. — Estava difícil, para mim, ter o seu pai longe, eu sentia como se o estivesse perdendo entre meus dedos. Então em uma noite ele voltou de viagem, fiz um belo jantar e tivemos uma noite maravilhosa. — Ela sorri.— Dias depois desse nosso encontro, voltei a viajar e passei quinze dias longe. Vim para a nossa casa e passei uma semana com sua mãe, passei mais dez dias longe novamente, foi aí que eu tinha tomado uma decisão e não queria mais ficar naquela vida. Queria acabar com o nosso casamento e ficar com Eloise, mesmo não a amando com a mesma intensidade que amo a sua mãe.— Mas não terminou? — Pergunto.— Não, quando cheguei em casa naquele dia disposto a terminar tudo com sua mãe e até mesmo havia levado Eloise comigo, mas ela me contou que estava grávida — ele sorri. — Eu nunca estive tão feliz em toda minha vida, cheguei até a esquecer o que havia ido fazer e até mesmo dela. Porém, dias depois Eloise me ligou, me lembrei que e
A palavra sabedoria é constituída por dois verbos: saber e doer. É uma fusão de palavras que se cria com o tempo. Se desenvolve no passado para ser aplicada no presente e no futuro. Embora os momentos felizes da vida sejam os melhores, os mais ansiados por todos, não há aprendizagem sem dor. E viver, de tempos em tempos, dói. Só se torna sábio quem aprende com o sofrimento. Por isso, quanto mais se vive, mais sábia uma pessoa pode se tornar. A grande desventura disso tudo, é que ao nos tornarmos mais sábios, nos tornamos também mais velhos, e menos tempo temos para desfrutar da nossa sabedoria. É a dor e a beleza da vida, e é o que traz equilíbrio ao mundo, já que somos mortais. Adquirir sabedoria é o desafio da vida, mas seria divino ser jovem e sábio, e ter a vida toda pela frente! É como várias pessoas dizem: “Ah, se eu soubesse aos vinte anos o que sei hoje…” o que vivi não teria me doído tanto. Ou ao menos, eu saberia lidar com a dor de maneira diferente. É por isso que o melhor
Já se passaram meses, realmente estou com algum problema! Não consigo me envolver com ninguém e nem mesmo para desestressar, isso já está me irritando. Olho mais uma vez para a minha mesa e ali está o envelope com todo o dossiê que Tayson me entregou hoje de manhã. Desde a minha última discussão com a Ayumi sobre a mãe dela, nos afastamos e quase não nos vemos, eu realmente não sei como chegamos a esse ponto! Éramos melhores amigos, sempre contando tudo um para o outro, e agora estamos nessa bagunça. Sei que amigos discutem, brigam, nem sempre concordam com a mesma coisa. Porém, eu e a Ayumi chegamos a um nível que moramos na mesma casa e nunca nos vemos. Tudo piorou no dia em que perguntei a ela se estava comprando as coisas com o cartão que deixo em casa, ou até mesmo usando a quantia que deixo em um envelope na gaveta do meu escritório, para caso de alguma emergência em casa…Lembranças…— Myu Myu, se você estiver usando tudo bem, não tem por que ficar assim irritada!— Claro que
Assim que as portas se abrem, entramos e o som da risada contagiante da Ayumi me faz parar no lugar. Irei acabar com aquele momento em que realmente a ouço sorrir. Mas que amigo seria eu, se a deixasse continuar sendo enganada? Isso não é certo, não posso deixar isso acontecer. Quando dou por mim, estou sozinho no corredor.Caminho e vejo Evelyn se sentando ao lado da mulher e Ayumi, que está sorrindo quando me vê, seu sorriso morre. Vou até elas e deixo o envelope em cima do balcão ao meu lado.— Você chegou cedo, estamos apenas comendo antes de irmos para o apartamento.— Você não vai para lugar nenhum! — Digo entre dentes com raiva e ela me olha de cara fechada. Quando vai falar algo, Evelyn chama sua atenção.— Yumi, ainda não conheço a sua mãe.— Verdade… ainda não tive tempo para apresentá-las, me perdoe Evy, é que tudo anda uma bagunça — fala olhando para mim. — Essa é a minha mãe Ruth, mamãe essa é a Evy, minha salvadora, amiga e irmã! — Diz sorrindo e Evelyn se levanta indo p