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Antônia
Antônia foi para Nova York assim que recebeu a notícia. Leide estava em um hospital que já conhecia muito bem, afinal, fora ali que ela acompanhou Leide quando teve seu filho.
–– Ai! Meu Deus – disse Antônia ao ver a amiga no leito desacordada.
Antônia escreveu assim em seu diário...
Hoje foi um dos dias mais tristes de toda a minha vida...
Leide me ligou desesperadamente de Nova York, ela disse que tinha feito uns exames para saber se estava tudo bem com a sua saúde há alguns anos, e no exame de sangue constou que ela estava infectada com o vírus do H.I.V. – o vírus que posteriormente poderia ser AIDS –, sei que ela de certa maneira estava implorando para que isso acontecesse
44AntôniaTodos choraram muito no enterro, foi algo muito comovente, apenas uma pessoa em especial não tinha ido ao enterro – o padre Marcelino – mas como a Leide não era católica nem nada, ninguém deu muita importância para aquilo. Infelizmente aquele enterro estava desenterrando algo na vida de Antônia, alguém que há mais de vinte e cinco anos ela não via... Cícero. Eles mal se falaram, ele parecia que não tinha mudado nada, o que fez Antônia se sentir com dezoito anos novamente.Antônia jamais imaginou que descobriria algo sobre a sua melhor amiga. No testamento ela deixou tudo o que tinha para o seu filho – Rennan – e tinha deixado uma carta em especial para ela. A carta dizia o seguinte:<
45AntôniaAntônia e Cícero voltaram a se encontrarem naturalmente, uma visita aqui, outra coincidência ali, parecia que aqueles quase trinta anos jamais tivessem existido, eram muitos encontros, desencontros, despedidas e fugas que Antônia já não estava entendendo mais nada. Marcelino – ela já não o chamava mais de padre – sumiu do mapa, ela até queria contar a verdade para ele, afinal, se ele tinha um filho, deveria saber, mas ninguém mais ouviu falar dele. Cícero contou que era dono de um hospital muito importante – Hospital St. Filipo – que assim que Antônia se casou, ele voltou para a faculdade e se formou entre os melhores, mas cada esforço dele fazer uma carreira bem-sucedida se tornava em vão quando conversava com a Leide, já que Ant&oc
46Ari e MichelleAri comprou as alianças de noivado sem falar nada a ninguém, estava tão irradiante que nem prestou atenção que estava sendo seguido por Rodrigo e um de seus capangas. –– É hoje que eu pego esse safado – disse Rodrigo ensaiando aonde atiraria em Ari. –– É isso mesmo chefe, vamos pegar esse cara. Ari guardou a caixinha com as alianças no bolso esquerdo de sua calça Armani – que ganhou de seu chefe – todo feliz da vida quando foi abordado por Rodrigo. Rodrigo o levou até seu carro, pegou as alianças do bolso de Ari e disse: –– Para um pé–rapado, até que ele tem bom gosto – mostrando as alianças para
48AriUm dia antes do julgamento de Rodrigo, Ari foi visitá–lo. –– Não acha que é muita impertinência sua vir até aqui? – disse Rodrigo num tom sarcástico. –– Só gostaria de saber por que disso tudo... Porque eu? Porque a Michelle? Rodrigo deu uma gargalhada, a mesma que tirou o sono inúmeras vezes de Ari. –– Tenho os meus motivos, moleque, mesmo assim, você era apenas a cereja no bolo, minha vingança não tinha nada a ver contigo... você era apenas um bônus para me divertir, eu gostava da sua ousadia, queria ver até onde você iria, mas o que tinha que fazer mesmo, fiz e não me arrependo. Rodrigo foi julgado e condenado h&aacu
49AntôniaO casamento entre Antônia e Cícero não poderia ter sido mais lindo, o sítio dele estava repleto de convidados ilustres, artistas famosos, grandes empresários e tudo o mais. Antônia estava deslumbrante em seu vestido branco de cetim, entrou abraçada com Phillip, ele a elogiou muito, se Antônia não o conhecesse tão bem, ela diria que ele estava flertando com ela, mas como bons amigos, ela apenas agradeceu. A cerimônia foi presidida pelo pastor Gil – pastor da igreja que Ari e Michelle frequentavam –, e logo depois Antônia e Cícero também passaram a frequentar. O pastor Gil falou sobre I Coríntios 13, onde o apóstolo Paulo fala sobre o amor, não teve quem não se sentisse emocionado com o serm&atil
EpílogoMichelle estava no restaurante ansiosa, ela sabia que aquela noite seria o dia do pedido de casamento, Ari não conseguia se conter nas últimas semanas, ela também não, afinal, agora já era uma doutora, Ari um advogado que estava já ganhando um bom nome no meio jurídico, mas muitas coisas tinham acontecido além deles. Ari chegou e lhe deu um beijo. –– Aconteceu alguma coisa? Michelle não sabia muito o que dizer. –– Sinto que nossos caminhos estão saindo do que planejamos. –– Pensei que era o único que tinha reparado. –– Você sabe que te amo, não é mesmo? –– N&a
1PauloPaulo Bitencourt era médico do hospital particular Santa Helena há trinta e dois anos, era referência de profissional na área da saúde por todo o Brasil e América Latina, dava palestras por todo o mundo, tinha mais de dez livros de medicina publicados e ganhara três vezes o prêmio de Profissional do Ano pela revista Medicinal Art, simplesmente um dos maiores nomes da medicina que o Brasil já teve a honra de produzir. Paulo era muito querido por todos, desde o porteiro do hospital até o seu chefe – Phillip Berningstein –, um judeu ortodoxo que veio ao Brasil de férias com sua família e nunca mais voltou para sua terra natal – Polônia. Vendo sua grande oportunidade de crescer e realizar seu grande sonho. Ter um hospital para salvar mu
2MichelleMichelle era a filha mais nova de Paulo, consequentemente seu xodó, a companheira e confidente de todos os seus segredos mais íntimos, não havia absolutamente nada que um escondesse do outro, tinham uma ligação que transcendia o fato de serem pai e filha, eram amigos, confidentes, companheiros e acima de tudo, parceiros de vida. Michelle estava cursando a faculdade de medicina, principalmente por causa do pai, que estava pensando em passar o bastão e aproveitar a vida um pouco, descansar depois de mais de trinta anos de serviço, e por mais que amasse o que fazia, simplesmente o foco agora era outro, pois já tinha conquistado tudo o que um homem poderia sonhar, agora estava na hora de desfrutar de tudo isso, e ao mesmo tempo, dar lugar para a chegada dos mais novos. Mas ao contrário do p