CAPÍTULO 3

                             Matheus

O primeiro passo era que podíamos ser amigos, mas isso não é para mim, tenho uma boa relação com meus pais e meus irmãos. Só que não quero mais, não desejo mais.

Laura Ferreira, uma mulher jovem e muito bonita eu queria ter algo com ela. Queria que ela ficasse nua entre meus lençóis, implorando para que eu a possuísse.

— Eu quero ser seu amigo. - Ela tirou os olhos dos botões. Faz exatamente um minuto e trinta segundos que havíamos entrado no elevador, desde o dia em que eu a salvei da chuva não havíamos conversado.

— Quer... sei . - Sua voz contém, desdém e um pouquinho de dúvida.

— Você é minha vizinha, além da sua mãe ninguém vem te visitar. Faz bem ter amigos, Laura. - Seus lábios se esticam tentando formar um sorriso sem sucesso.

— Você não precisa assumir esse papel. - Ela deposita sua atenção novamente nos botões acesos do elevador.

— Você não tem amigos por causa do seu génio ? .

— Não tenho amigos ? Quem que te contou isso fez uma pesquisa muito errada.- Agora ela não tirava os olhos dos meus e isso me irritava, ser o foco de tanta atenção sempre me deixa desconcertado.

Não disse nada enquanto seus olhos está presos os meus. As palavras engasgadas em minha garganta.

Só quando ela desvia os olhos é que eu consigo falar.

— Mostre-me seus amigos. - Ela se virou para mim, seus olhos brilhando com o desafio.

— Um dia... - Ela está tão seria quanto já havia visto. Como se pensasse em algo desagradável.

— Vai ser minha amiga ?.- Insisto. Queria ser direto, mas percebi que Laura era muito tímida para ser dito com franqueza o que eu queria dela. Isso não é um romance. Não poderia dizer para ela tirar a calcinha e transar com ela na sala de material de limpeza. Laura Ferreira é uma mulher que deveria ser conquistada pouco a pouco.

— Se faz tanta questão. Amigos conta segredos está preparado para abrir mão dos seus ?

Ela sabia o ponto certo para me fazer recuar, não é uma boa ideia, contar sobre minha vida para ninguém.

— Sim . - Ela olhou uma última vez para mim enquanto saía do elevador, seus lábios se movendo sem emitir nenhum som.

— Tudo bem. - Foi o que ela disse e por uma momento uma onda de calor atravessou meu corpo. Seja menos idiota Matheus. Me repreendo ao perceber que já estava envolvido demais com a baixinha do 215.

                            *•*•*

No último mês, Laura veio algumas vezes até minha casa para tomar café, às vezes nos encontrávamos na entrada do prédio ou no elevador, sempre estávamos conversando, na escada de emergência, na sua sala, na varanda. Ela era minha primeira amiga, estava sendo tudo o que eu desejava, havíamos nos tocados, nos beijados,nos abraçados, não da forma que eu gostaria, tocávamos os rosto em gesto de colocar seu cabelo atrás da orelha, às vezes ela tirava alguma migalha do meu rosto. Ela me beijou duas vezes na bochecha, e sempre nos abraçamos, se era para cumprimentar pela chegada ou pela ida não fazia diferença. Sendo educados apenas. Havia muito daquela mulher que eu desejava e iria descobrir. Eu a quero por inteira, desejo como jamais quis alguém .

As portas do elevador são abertas e Laura com uma pilha de livros parece um pouco desorientada.

Laura

— Você não pode ir para sua casa. - Antes mesmo das portas do elevador se abriu lá estava, Matheus vestido ainda com roupas de academia. O brilho em seus olhos uma mistura de malícia e desejo.

— Quem vai me impedir? - Eu não gostava quando alguém se achava no direito de dizer o que eu tinha ou não que fazer.

— Você só não pode ir. - Foi tudo o que ele grunhiu.

— Eu não tenho nada o que fazer aqui, Matheus. - Ele olhou para todos lados parecendo impaciente. Meus braços já doendo com todos os livros e base de trabalho da faculdade.

Passei por ele, que com um extremo incômodo se encontrava a minha frente , seu corpo tão próximo que conseguia sentir o cheiro do seu perfume e suor.

— O que aconteceu? - O peso foi tirado dos meus braços, seguido por o barulho da colisão com o chão.

— Alguém invadiu a sua casa. - Ele disse com tranquilidade. O que havia acontecido? Entro em casa para encontrar tudo em perfeita desordem, os sofás virados e rasgados, a mesa quebrada, assim como todos os outros móveis. Não me arrisco a entrar mais na casa. Me curvo para pegar o porta retrato da minha família.

Tinha vontade de chorar, de correr e gritar tudo ao mesmo tempo, o medo de quem havia feito isso voltar me fez entrar em choque por um momento. Ainda não havia conseguido superar o ataque que sofremos, a profissão do meu pai coloca toda a nossa família em risco. Não era fácil ser a filha de um juiz tão famoso como Isaac Ferreira.

— Você só precisará ficar dois dias na minha casa o síndico dará um jeito na fechadura e nas janelas, colocará tudo no lugar. - Levanto minha cabeça para encontrar Matheus ao meu lado, ele segura em minhas mãos me ajudando a levantar, a proposta dele pairando sobre o ar.  Eu iria conseguir tudo o que desejei desde o primeiro dia que me mudei. Só que eu não queria dessa maneira, era como se eu estivesse a adentrar em um mundo perigoso e sem volta.

— Não. - Ouvi me dizendo, poderia ir para outros lugares, voltar para a casa dos meus pais é uma opção.

— Somos amigos ? - Ele parecia não ter entendido, as sobrancelhas quase se juntando.

— Eu te conheço a pouco tempo, não vou me mudar para sua casa. - Ele sorri de um jeito estranho.

— Isso é por pouco tempo e na minha casa existe um quarto de hóspedes, pelo que o síndico disse levará alguns dias para concertar o encanamento, você estará perto para acompanhar o concerto e ficará muito confortável lá.

— Sem chances...

Ele me segue até a minha cozinha, falando e falando sobre como seria patético eu ter que voltar para a casa dos mas pais apenas alguns meses depois de ter conseguido me mudar.

Uma hora depois carregava minha última bolsa para apartamento 214, a casa de Matheus Guerra. Era estranho entrar em um apartamento com o mesmo espaço e molde do meu, só que o dele é extremamente agradável e elegante.

— Você gostará de ficar aqui. - Ele pegou a bolsa da minha mão e seguiu por um corredor estreito que dava em uma porta pequena e sem maçaneta. Esse era o meu quarto onde estava a privacidade ? . Ele se virou para mim novamente um sorriso deixando o seu belo rosto ainda mais atraente.

— Você poderá organizar o quarto da sua maneira.

— Começando por uma tranca ou eu poço usar a cómoda?

— Ninguém irá te atacar. - Ele sorri maliciosamente, seus olhos percorrendo meu corpo. Onde estava com a cabeça quando aceitei tal proposta. Não confio no meu corpo perto de um homem desses.

— Isso não vai da certo. - aponto para nós dois e ele sorri mais uma vez.

— Vamos tentar. Preciso resolver algumas coisas, minha assistente irá te ajudar.

Entro no quarto, na minha casa o quarto de hóspedes seria minha biblioteca, meu refúgio. Ao menos tem uma cama nesse quarto, uma cômoda azul com as gavetas cinzas. A cama era grande. Coloco as poucas roupas dentro das gavetas. O banheiro era no fim do corredor. Me sinto insegura de estar na casa de um desconhecido. Mando uma mensagem para o meu irmão para dizer onde estou, já que havia sido ele que me traumatizou sobre pessoas assassinas, ele sempre me mostrava vídeos de como era fácil pessoas serem mortas, quando enganadas pelas boas ações.

Me viro e vejo a japonesa parada a porta. A quanto tempo ela estava ali me observando ?

— Quantos anos você tem ? - Ela me rodeia como urubus sobre sua comida. Seu olhar muito diferente do que quando fomos apresentadas. Enfim ela resolve mostrar quem realmente é.

— Vinte e três.- Ela segura um cacho do meu cabelo, isso estava passando dos limites. Que momento deixei espaço para ela pensar que poderia me tocar. Me afasto do seu toque, pouco me importando com o decoro.

— Você é tão jovem, tão inexperiente... Você sabe quem eu sou?- Pelo modo como ela fala, eu seria muito burra de dizer que não a conhecia. Essa era a verdade ela é uma pessoa desconhecida para mim e no momento estava se tornando alguém que eu não gostaria de conhecer.

— Não. - Ela sorri os olhos quase se fechado, as bochechas rosadas. Suas roupas muito cara, as joias brilhando. Uma mulher que gosta de excessos nunca era alguém que eu gostaria de conhecer. Talvez ela algum dia em sua juventude tenha sido alguém importante.

— Meu nome é Zainá, sou a mão do Matheus. Você é muito bonita, mas olha para mim. - Ela passou a mão pelos cabelos negros e lisos e sorriu o batom vermelho intenso em contrates com os dentes pequenos e brancos. — Eu sou linda, sou superior a você, até mesmo meu batom vale mais do que suas roupas. Olhe para mim, querida. - Ela segurou no meu queixo me fazendo olhar para ela, com a delicadeza de um elefante puxo sua mão do meu rosto. — Se entrassemos em uma loja, você seria vigiada enquanto eu roubava. Nem mesmo o seu diploma a mudará, você não passa de uma negra.

— Laura. - Ela sorriu passando a mão pelos cabelos, quando Matheus entra no pequeno quarto l ele olhou para mim, desviou os olhos para mulher logo atrás. — Você já pode ir para casa, Zainá.

Quando me virei para da a resposta que Zainá merecia ela já tinha saído nos deixando sozinhos. Maldita. Acha que me causa medo, está muito enganada ela queria guerra então a teria .

— Está tudo bem?

— Não vim a sua casa para ser humilhada, avisa a sua Zainá para não se meter comigo. Na próxima vez que ela me tocar. Você precisará de uma par para nos separará.

— O que ela fez ? - Ele ergueu uma das sobrancelhas parecendo chocado.

— Não importa. Tenho que ir, preciso de uma cópia da chave.

Ele parecia um pouco confuso, tira um chaveiro do bolso e me entregou uma das chaves .?

— Se quiser posso ir com você...

— Para a faculdade ?

Ele sorrio, parecendo envergonhado agora. Me pergunto se ele nunca teve um amigo ou uma amiga. Pelo visto não, eu não queria um guarda costa e a presença de Matheus, me deixava louca. Eu queria esse homem de todas as maneiras possíveis.

Três horas sentada em uma cadeira escutando meu professor relatar o estágio de uma hemorragia interna.

Já era quase vinte e duas horas quando toco a campainha da minha casa.

— Mãe . - ela me puxa para um abraço.

— Veio direto da aula ?

— Sim. Onde o papai está ?

— Ainda em reunião, na verdade não tenho certeza se ele chegará antes do amanhecer . Fica aqui comigo, filha.

— Pode ser mãe. Há uma infiltração no meu apartamento, levará alguns dias até que o problema seja resolvido.

— Sério ? Você irá voltar então, aquele apartamento é muito velho querida e aqui é sua casa.

— Mãe, por favor . Vou ficar essa noite. Meus vizinhos são todos muitos gentis. Estou ficando na casa de Matheus Guerra.

— Por que você não conta o que está acontecendo entre vocês dois?

— Pode tirar esse sorriso do rosto, não temos nada mãe.

— Filha você gosta de mulheres ?. - Meu Deus, minha mãe era uma pessoa muito inteligente e moderna.

— Mãe. Eu não tenho nada com Matheus . - Impossível dizer alguma coisa para Denise quando ela já estava pulando de felicidades não entendia o fato de ela ficar tão eufórica com uma suposição.

Fiz o jantar.

Por um momento fico confusa até que a foto de Matheus aparece na tela, como ele conseguiu meu número?

Me desculpe, vou ficar na casa dos meus pais hoje .

Ele visualiza a mensagem só que não responde que estranho, não era problema meu, encontro minha mãe na cozinha. Estava fazendo pipoca como sempre já tinha tudo planejado.

— Você vai me contar tudo ou eu preciso descobrir? - Ela fica inquieta enquanto assistimos o filme.

— Seu pai está ansioso, seu irmão se relacionado com alguma prostituta em Amsterdam, e eu aqui sozinha já realizei todos os projetos da empresa. A garotas fogem de mim quando chego na agência.

— Fica tranquila mãe, vou vir aqui com mais frequência e pode ir me visitar quando quiser.

— Você tem que me dá netos.

Está tudo bem ?

Mando outra mensagem para Matheus, só que ele me ignora novamente. Porque eu me importo.

Abra a porta por favor.

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