Laura
O som da campainha soou alto e com o susto deixei o binóculo cair lá em baixo por pouco não atingindo a cabeça de Matheus Guerra, meu vizinho. Ele olhou para cima e eu quase caio na tentativa de me esconder. O que não deu certo já que a janela era grande e eu nunca ter sido rápida o suficiente.
Respiro fundo e corro para abrir a porta. Para encontrar minha mãe. Logo atrás Ruan segurando algumas sacolas.
— Você está muito pálida, minha filha o que aconteceu? - Ela coloca as mãos em meu rosto, fazendo um alto exame.
— Não tenho nada mãe. O que você tem aí? - Mudei de assunto ela me estuda mais de perto, não parecendo muito segura. Denise nunca se dava por vencida e não foi fácil quando os dois filhos resolveram seguir seu caminho. Vinicius era três anos mais velho que eu e tinha mudado a dois anos, diferente de mim, ele foi embora do país, e nada menos para Amsterdã.
— Roupas. Laura, você ainda é uma Ferreira mesmo abandonando sua família e tem que se vestir como uma mulher decente. - O tom choroso sempre presente, mais nos últimos anos.
— Mãe! - Era extremamente difícil dizer ou falar algo quando ela resolvia fazer drama.
— Tudo bem. - Ela limpa as lágrimas, para minha mãe nada tinha mudado ainda era uma criança que ela usava das lágrimas para manipular. Já tinha vinte e três anos e pelo que via ela não tinha percebido que eu havia crescido.
As sacolas estava ao lado da porta e não tinha percebido quando o motorista da minha mãe havia saído.
— Como é morar aqui, filha? - Ela varreu o apartamento com os olhos.
— Maravilhoso, mãe. O apartamento é muito aconchegante os vizinhos são todas boas pessoas... bem acho que são. - Sua atenção se voltou para mim, e pela sua expressão facial, eu havia ativado o botão alerta.
— Como assim? - Péssima ideia, ela segurou minhas mãos apertando entre as suas. Pensa rápido Laura.
— Você conhece algum Matheus Guerra? - Ela estreitou os olhos e sabia que estava pensando. Se ela descobrisse o que eu estava fazendo alguns minutos atrás me arrastaria para casa.
— Conheço um Matheus Guerra. Mas ele não iria morar em um apartamento desse condomínio...
— Por que não, mãe? - Ela focou os olhos castanhos nos meus, como se eu tivesse perdido algo, algum detalhe crucial.
— Ele tem dinheiro o bastante para morar em qualquer lugar deste país... qualquer lugar do mundo. - Ela sabia que pouco me importava com pessoas ricas e que se achavam Reis. Mas a julgar pelo seu olhar eu deveria conhecer exatamente esse Matheus Guerra.
— Não deve ser o mesmo então. - Ela se sentou no sofá e deixei meu corpo cai ao seu lado, recebendo um olhar de advertência pela minha falta de modos.
— Não é. Se me lembro encontraram petróleo nas terras da família Guerra e no decorrer do tempo eles fizeram ótimos investimentos.
— Tem falado com o Vini? - Mudo de assunto já sabendo que isso a distrairia. Vinicius era o alvo de maior preocupação dos meus pais.
— Seu irmão é um irresponsável, Laura não faça as mesmas coisas que ele.
Minha mãe, falava com orgulho de qualquer pessoa rica, ela se levantou passando a mão pelo sobretudo preto. Sempre elegante, os cabelos cacheados preso em um coque. Ela já sofreu muito, uma negra na faculdade de moda nos anos noventa não era bem aceita, ainda havia um grande preconceito hoje.
— Tenho que ir, princesa. - Me levanto para receber um beijo na testa . — Você só precisa ligar e eu e seu pai estaremos aqui a qualquer hora. - Os olhos castanhos brilhando com as lágrimas.
— Mãe...- Ela sorriu, sempre foi protetora. Mesmo as vezes quando estávamos zangadas uma com a outra, ela me vazia sentir feliz.
— Tudo bem minha filha, estou indo. - Ela apertou minha mão mais forte, se virou saindo quase que correndo.
- Há... me lembrei . - Ela se virou ainda segurando a maçaneta da porta. — Talvez você esteja falando do Matheus Guerra o filho caçula. Você o conhece ? Está interessada nele.
— Não. Mãe, eu só fiquei curiosa . - Não pareceu o suficiente, ela sorriu. Essa foi a primeira vez que ela fez esse gesto nos últimos meses.
— Ele é um ótimo partido, é muito esforçado, as últimas notícias que tive era que seu património estava próximo aos dos pais, espero que vocês se casem, não que você precise do dinheiro dele. Não esqueça que você é uma Ferreira e tudo o que precisa...
— E tudo o que eu preciso fazer é ter um casamento por amor. Eu sei mãe, não quero o dinheiro de ninguém, eu tenho o meu próprio.
— Tenho muito orgulho de você, Xuxu. - Ele me beijou novamente. — Te mandarei um e-mail com tudo o que conseguir descobrir sobre Matheus Guerra. Descansa minha filha . Te amo.
Quando a porta se fechou e eu me vi sozinha em meu novo lar percebi que seria impossível descansar, eu me sentia eufórica por ter algo meu, estava com medo de não dá certo, me sentindo sozinha e já morrendo de saudades dos meus pais.
— Por onde começar ? - peguei meu celular conectando com o som o único aparelho que já estava conectado as tomadas, liguei o volume em uma altura média, não queria quebrar as regras no meu primeiro dia.
Quando os primeiros acordes de Pisando Descalço de Maneva começa a tocar meu corpo segui o ritmo da música."Pisando descalço nesse chão molhado
Deito do teu lado para relaxarFazendo fogueira, sem eira nem beiraDeitado na esteira vendo o luarPego o meu violãoCanto uma canção que já fez maluco se por a dançarAquele doceQue derrete a mente no desembaraço desse meu cantar Aquela morena..."Matheus
— A mercadoria tem que ser entregue até segunda-feira. - Sentado a minha frente estava Luiz Aberto eu não gosto de fazer negócios com principiantes e gostava menos ainda de pessoas egocêntricas. Fico no rosto do homem calvo a minha frente.
— Ela vai ser entregue no dia marcado, eu odeio que me pressione e nunca em toda a minha carreira eu fiz algo errado, então não venha com esse papinho. - Ele se ajeitou na cadeira os olhos arregalados, eu gostava da fama que tinha e como cada sujeito que se dizia homem, tremia em minha presença. Ele quebra o contato visual olhando para baixo parecendo temer que eu o atacasse. Não era preciso que eu altera-se meu tom de voz, todos sem exceção sabia o momento de obedecer.
— Eu não quis ofender, Guerra. - Ele tossiu desviando os olhos os focando-os em algo na mesa mais uma vez.
— Saía! - Ele se levantou, em sua pressa derruba a cadeira, podia ver suas mãos tremendo enquanto ele a coloca novamente de pé, ele era só um empregado de alguém, tento me lembra. — Des-desculpe, senhor. - Ele se virou e saiu fechando a porta, que é aberta no mesmo segundo.
— Seu pai chega hoje . - Zainá senta no lugar antes ocupado por Luiz Alberto, como sempre, tentando me provocar ela cruza as pernas, e sorri os olhos puxados quase se fechado, era uma mulher muito bonita e inteligente. Ela estava comigo desde que havia chegado do Japão. A quatro anos, para ser exato e na maioria das vezes ela servia para aquecer minha cama.
— Preciso que leve esses documentos até o banco. - Não queria ficar olhando para ela e ter que me esquivar de pessoas inconveniente não era algo que gostava de fazer a todo momento, aprecio a sinceridade e no momento eu só queria silêncio para poder pensar.
— Você quer que acompanhe em seu jantar de família? - Não tinha nada mais que me arrependia no momento do que a última vez que a levei até a casa dos meus pais, ela está criando esperanças.
— Não. - Ela descruza as pernas e pelo quanto do olho vi o movimento dela se aproximando mais da minha mesa.
— Eu posso...
Me desliguei do que Zainá falava, gosto dela. Só que no momento tudo o que eu conseguia pensar era a nova vizinha. Isso não era bom e pelo que percebi ela era bem curiosa. Eu não podia me arriscar e tinha que saber tudo sobre a curiosa do 215, ela quase me acertou com aquele binóculo. Poderia ser alguém me vigiando. Deveria ter meus inimigos sobre controle ou não ter inimigos.
— Onde você está indo . - Não me dei ao trabalho de responder Zainá, peguei a sacola sobre a mesa e sai de casa.
Era simples chegar a ela, só precisei abrir a porta e da alguns passos. Nunca foi meu estilo ir atrás de uma mulher. Só não sabia o que esperar, ainda não tinha conseguido da uma boa olhada, só a vi duas vezes e isso não era o suficiente. Normalmente ninguém morava no 215 o prédio era composto por pessoas de confiança. Não pude da a minha opinião sobre a venda do apartamento por está em uma viagem . Percebi o erro no momento em que meu dedo pressionou o botão da campainha. Deveria saber tudo sobre todos ou eu estaria fodido em um piscar de olhos.
Ela abre a porta e quando me viu seus olhos castanhos arregalados. A mulher é linda para caralho, por um momento perdi o ar, comportando como um adolescente que já fui um dia. Seus cabelos me chamou atenção, cada cacho em um formato de mola, o mais lindo black-power. Uma incrível pele negra e brilhosa. Seus olhos castanhos contrastavam perfeitamente com a boca carnuda, era impossível não notar as curvas do seu corpo, a cintura muito fina, coxas grossas e seios pequenos. Uma deusa, nunca tinha me sentido tão atraído por uma mulher. E essa parecia se chamar provocação.
— Vim devolver seu binóculo. - Sorrio ao ver a maneira como seus olhos arregalaram, pude ver o movimento de sua garganta quando ela engoliu em seco.
— Jesus Cristo... - Foi tudo o que ela disse ao pegar o objeto da minha mão.
— Não. Me chamo Matheus, prazer em lhe conhecer.
— Eu... Me Desculpe eu estava admirando alguns pássaros. Eu te machuquei ? — Ela deu uma leve tossida e revistou a sacola, nenhum pedido para que eu entrasse na sua casa ou agradecimento.
— Quem é você? - Pergunto usando a voz mais sedutora que possuía, desejando que ela se afetasse comigo como ela estava fazendo.
— Me chamo Laura, sou nova no prédio. Peço que me desculpe se eu lhe causei algum dano.
— Tudo será esquecido se me convidar para um café . - dei um passo para frente pensando que ela iria me receber de bom grado só que ela fechou mais porta.
— Talvez amanhã... não consegui organizar nada ainda.
A sensação de ser dispensado era nova para mim e eu não gostei. Me virei entrando novamente em meu apartamento, não olhando para o segurança. Pude ouvir ela sussurrar alguma coisa.
— O que aconteceu? - Zainá está saindo do meu escritório. De um jeito estranho a rejeição me causou raiva.
— Tire a roupa.
Matheus — A caixa está ali.- Ela não olhou para em minha direção quando abriu a porta, a cabeça baixa entretida com o livro. Fiquei parado olhando ela me dá as costas e seguir para a cadeira perto da janela. Eu não acreditava no que estava fazendo, a dois dias atrás a mesma mulher tinha me dispensado e agora eu estava aqui no Hall da sua casa atrás de atenção, em que bosta de homem eu estava me transformando. O pior era que de alguma forma os últimos dias tudo o que conseguia pensar era nela, a forma como me olhou, seus lábios, seus cabelos, seus olhos... merda meu corpo inteiro se acendeu ao vê-lá levar o lápis a boca.— Laura. - Foi engraçado ver ela deixar o livro cair e vira a cabeça com velocidade em minha direção , os olhos castanhos arregalados de surpresa.— Oi... Está tudo bem ? - Ela puxou a camisa muito grande que ela usava tentando escon
Matheus O primeiro passo era que podíamos ser amigos, mas isso não é para mim, tenho uma boa relação com meus pais e meus irmãos. Só que não quero mais, não desejo mais. Laura Ferreira, uma mulher jovem e muito bonita eu queria ter algo com ela. Queria que ela ficasse nua entre meus lençóis, implorando para que eu a possuísse. — Eu quero ser seu amigo. - Ela tirou os olhos dos botões. Faz exatamente um minuto e trinta segundos que havíamos entrado no elevador, desde o dia em que eu a salvei da chuva não havíamos conversado. — Quer... sei . - Sua voz contém, desdém e um pouquinho de dúvida.
Matheus Que merda eu estou fazendo? Laura não responde a mensagem, me arrependi no momento em que enviei. Aos meus vinte e oito anos, resolvi voltar a adolescência correndo atrás de rabo de saia.Sabia da boa condição dos Ferreiras e estava tendo prova agora, havia sido um sacrifício entrar no condomínio, tive que subornar três guardas até chegar à ala três onde as grandes casas se encontrava e ainda da uma grana para um garoto me mostrar a residência dos pais de Laura.Toco a campainha mais uma vez e espero. Fui longe demais ? Ela estava apenas algumas horas na minha casa. Deveria voltar para o meu apartamento e comer a comida que eu havia feito. O que eu estava pensando ? Na verdade tudo era ela . Nunca me senti tão obcecado por uma mulher. Escuto a chave ser girada e com rapidez arrumo minha postura.— O que você está fazendo aqui? - Ela olha a rua atrás de mim, procurando
Matheus — Laura! - Que merda ela está fazendo, o braço de Zainá está torcido atrás na suas costas. — Solte-a.Ela faz o que peço, seu rosto inexpressivo não demonstrando emoção alguma. Zainá com os olhos cheios de lágrimas.— Vocês estão ficando loucas ?— Eu avisei. - Laura fala, ainda com uma tranquilidade que me assusta. Olho para Zainá que abaixa a cabeça, o que eu vou fazer com essas duas ?— Vocês são duas mulheres adultas...— Quer saber. Estou dando um fora. Obrigada pela sua hospitalidade, Matheus. Mas já deu para mim.Merda. Ela está indo embora, está indo...— Você não vai a lugar algum, Laura. Você é minha convidada. Zainá, quero um pedido de desculpas agora.Ela olha para mim, os olhos negros brilhando de raiva. Vai se fuder ela sussurra . Ignoro, sei que ela est
Matheus Sábado. Não consegui dormir, não depois de ter beijado Laura. Eu a quero tanto e agora depois de ter tido um pouquinho do seu gosto parece impossível viver sem ela. Estou viciado, e com medo de nunca a ter. Ela toma mais um pouco do seu suco. Estamos a quase dez minutos sem dizer uma única palavra. Apenas tomando nosso café da manhã, como se nada tivesse acontecido.— Quero te levar em um lugar. - Não era um convite que estava esperando... não depois do beijo de ontem.— Laura... - Ela se levanta, pegando a bolsa do chão, olha para mim esperando que eu faça o mesmo. Não a deixo esperando. Entro no carro e fica me olhando, não desvio
Laura— Você fez isso comigo...— Eu já pedi desculpa. - Os pontos já está quase sarado e mesmo assim ele continua a falar.— Eu sei, não vou prestar queixa isso não seria bom para seu currículo, mas em troca você vai cuidar de mim.— Só isso ? - já vinha fazendo isso desde o dia em que ele saiu do hospital, já que Zainá teve que fazer uma viagem a trabalho. Acho que essa viagem ocorreu pelo fato de termos discutido mais uma vez, ela sabe que fui eu que o machuquei.— Claro que não. - Seu olhar desce pelo meu corpo, não me incomodo já que a três minutos estava fazendo o mesmo, enquanto ele se vestia. Ele pediu para que eu ficasse no quarto, enquanto ele tomava banho, ele sempre usava a desculpa de que poderia desmaiar ... claro que eu gosto da
LauraEle está parado a porta, não demostra nem um sentimento. E parte de mim se entristece, gostei do beijo de Ronaldo mas parte disso havia sido para causar ciúmes nele, mesmo passando por cima da minha ética. Não usei por completo de uma pessoa. Na verdade sei que ele também gostou.— Quer que eu fique ? - Ronaldo olha para dentro do apartamento e sua expressão muda, em um estante ele se transforma, os punhos fechados o rosto cheio de dor.— Você está bem ? - Ele parece não me ouvir, toco em seu braço e ele recua, os punhos serrados.— Fica longe. - Matheus está ao meu lado, segurando forte em minha cintura.— Laura, por favor venha comigo.— O que você tem ?— Ela não vai a lugar algum. Entra para casa Laura.O que está acontecendo? Matheus e Ronaldo os dois prontos para brigarem...— Chega.
MatheusMeu pai é um cretino e se já tive dúvidas algum dia, hoje não tenho mais. Gostaria de ter batido nele quando falou com Laura daquela maneira. Mas ela mostrou que sabe se defender melhor que ninguém.Agora ela está deitada em meu colo e penso em tudo o que o velho estragou, era para estarmos em minha cama. Ela entre meus lençóis como eu desejei desde a primeira vez que a vi. Afasto seus cabelos cacheados do seu rosto e me perguntou como as outras pessoas podem enxergar apenas sua cor, enquanto eu via um anjo. Laura Ferreira é a mulher mais bonita de corpo e alma que já tive o prazer de conhecer. E pensar que já toquei em seu corpo, que já divide carícias e segredos com ela parece inacreditável. Ela dormi depois de tudo o que aconteceu ainda assim não parece abalada .Com meus dedos acompanho o contorno de seus lábios. S