AliceSem responder a minha pergunta, Joel fica de pé, e com passos rápidos se aproxima de mim. Seu olhar era de espanto, com toda certeza por ver o estado que eu me encontrava, sem falar na minha roupa que estava imunda. Mas algo estava estranho, primeiro pelo fato dele estar aqui tão cedo e segundo pelo seu olhar que a princípio era assustado, mas logo depois ficou distante, e confesso que isso não me agradou e muito menos me trouxe boas sensações. Só espero que minha intuição esteja errada, assim não corro o risco de ter problemas por um bom tempo, porque minha cota de aborrecimentos e estresses já tinha ultrapassado o nível máximo nesses últimos dias.Tento fechar a porta e entrar em casa, mas sou impedida por Joel que fala:— Você está bem, princesa? — Joel pergunta aflito segurando a minha mão e ao mesmo tempo com o olhar examinava o meu corpo de cima abaixo — Sim. Estou bem, na medida do possível. — respondo sem ânimo e um pouco preocupada com a situação do PG. Enfim consigo
AliceDeixo o cartão em cima da pia do banheiro e entro no box para tomar um banho. Enquanto a água fria caía sobre meu corpo, eu tentava esquecer as imagens difíceis e todo medo que senti nessa madrugada. O som dos trovões seguido pelo estrondo da queda de PG, ainda ecoava em minha mente, e a sensação de impotência diante do sofrimento dele me assombrava. Fechei os olhos, deixando que a água levasse embora a angústia e a sujeira, mas sabia que algumas manchas não se apagam com facilidade.Após o banho, procurei por uma roupa para ir trabalhar, mas tudo o que eu tinha era uma blusa branca de algodão, então o jeito era ir até o quarto da Damares e usar alguma roupa dela. Não vejo a hora de receber o meu pagamento e assim poder comprar algumas coisas pra mim, porque ficar usando roupas da Damares para sempre não dá. Não que ela se queixava, muito pelo contrário, desde o início me recebeu de braços abertos, mas nada é tão maravilhoso do que pouco a pouco ir conquistando as coisas pelo pr
Alice— Oi, Alice! Como você...Não o deixo terminar.— Eu perguntei, o que você faz aqui? — falo seria, fria e pausadamente, para que ele pudesse compreender de uma vez por todas, que tanto a sua presença quanto a de seu irmão não eram bem vindas nem aqui ou em outro lugar que eu estivesse presente.Se tratava do Rubens, tio da Sophia e irmão do tal Saulo, que era uma das pessoas que eu não gostaria de ver na minha frente em momento algum. Ele estava encostado no carro e caminha em minha direção tentando compreender o que estava acontecendo. Mas ele chegou no pior momento da minha vida, eu estava exausta tanto fisicamente quanto emocionalmente e psicologicamente, portanto conversar com um desconhecido estava totalmente fora das minhas possibilidades. Odeio ser grosseira com quem quer que seja, mas tem momentos, como esse, que precisamos mostrar o nosso pior lado ou então as pessoas não entendem quando estão sendo inconvenientes. E esse era o caso do Rubens, que já estava se tornando
AliceEnfim mais um dia termina e junto com a noite o cansaço das longas horas acordada chega com força total. Todas as crianças já haviam sido liberadas e eu apenas terminava de guardar meus materiais na sala dos professores para seguir o meu caminho. Feito isso me despeço de todos que encontro pelo caminho e por último falo com seu José. — Até amanhã seu José! — falo e dou um leve aceno com as pontas dos dedos— Até amanhã! Vá com Deus! — ele se despede, amável como sempre Seguro forte nas alças da minha inseparável mochila e a passos largos sigo pela calçada. O caminho até a comunidade era longo, mas eu já tinha acostumado e depois do que passei de jeito algum procurarei pelo caminho mais curto. Já basta de problemas.O carro de Joel não estava mais no estacionamento sinal de que já tinha ido embora sem sequer se despedir de mim. Até agora não acredito que tivemos aquela discussão, ou melhor ele discutiu comigo, sem motivo algum. Não sei de onde ele tirou que existe a possibilid
AliceEmilie segura minha mão e sem me dar tempo para nada, sai me arrastando para dentro da casa. Nocaute nos segue sem nada dizer e com certeza só aguardava ansioso pelo que aconteceria logo em seguida com essa ideia fixa da Emilie de me juntar ao tio dela. Crianças viu, quando colocam algo dentro da cabeça vão longe, e só Deus para fazê-las mudar de ideia. Já dentro da casa bato de frente com dona Olga, que descia a escada com uma bandeja nas mãos. Ela me olha estranho como se minha presença naquela casa fosse algo de outro mundo, na realidade ela tinha mesmo razão por reagir dessa maneira, até porque PG e eu nunca fomos exemplo de bons amigos ou nada amáveis um com o outro.Ela se aproxima e ainda segurando a bandeja fala:— Alice, filha, aconteceu alguma coisa? — ela pergunta e troca olhares com Nocaute que estava ao meu ladoAcho aquilo estranho, mas nada falo à respeito. — É que estou aqui para visitar o PG, fiquei sabendo que ele não está reagindo muito bem a cirurgia e por
AliceDona Olga me olha e sorri agradecida pelo que acabou de acontecer. Mas eu na realidade não havia feito nada, apenas me deixei guiar por Deus e pelo sentimento de compaixão que existe dentro de mim. Olho para Nocaute que observava tudo em completo silêncio e também parecia não acreditar em tudo o que acabou de ver. Pelo visto essa família está muito perdida e distante do amor de Deus, por isso tantas confusões e problemas entre eles. Por isso que dizem que dinheiro pode proporcionar muitas coisas, menos a verdadeita felicidade, pois essa só através do amor de Deus é que conseguimos. Respiro fundo e então encarando Nocaute falo:— Será que pode cuidar da Emilie enquanto vou até o quarto do PG?— Posso sim. Pode subir de boa que eu fico com ela até você voltar. — Nocaute diz um pouco emotivo, pelo visto ele sentia algo pela Patrícia, pois a preocupação que ele demonstrou por ela é apenas de alguém que tem um sentimento verdadeiro dentro de si— Obrigada! — agradeço e só então me l
AliceEle fala e eu já estava feito uma manteiga, toda derretida por dentro. Mas eu não poderia demonstrar nada, nem agora e nem nunca, nós dois éramos um caso muito definido, onde cada um ficaria muito melhor e perfeitos do jeito que estavam, longe, bem longe um do outro. Puxo meu braço e com os mesmos cruzados falo:— Pelo visto teu caso não é tão grave como teu amigo disse, porque já está até tendo forças para fazer tuas piadinhas sem graça. — falo e PG continua me olhando de um jeito diferente, não com desejo ou nada parecido, mas com carinho e isso só fazia dificultar as coisas entre nós, principalmente dentro de mim— Tô muito ruim, mas agora te vendo, me sinto um pouco melhor. — ele fala e se esforça tentando sentar na cama, mas tudo o que consegue é fazer o ferimento sangrar Rapidamente me aproximo dele e assustada, com as mãos toco em seu corpo, o impedindo de se movimentar.— Não faça isso. Pode ser perigoso. — PG segura na minha mão e todos os pêlos do meu corpo se arrepi
PGPorra véi, tudo o que eu queria era fazer a Alice entender de uma vez por todas a química que está rolando entre nós dois a maior cota de tempo, mas parece que meti os pés pelas mãos e agora ela me odeia mais do que antes. Meu maior erro foi mentir, e não sei o que fazer para consertar tudo isso. Puta que pariu, eu só faço merda, até mesmo quando tento acertar. Eu preciso ir atrás dela e explanar o que está rolando dentro de mim, e que eu nunca quis fazer ela de trouxa, muito pelo contrário, tudo o que eu quero é jogar as cartas na mesa e mandar a real pra ela, dizendo que estava acontecendo uma parada estranha pra caralho comigo, e que ela tinha tudo haver com isso. Como eu ia fazer essa porra eu não sabia, mas que eu encontraria um jeito, isso já era mais do que certo.Tento levantar da cama, mas a porra do ferimento estava doendo pra caralho e não ajudava em nada a minha situação, sem falar no calafrio que eu estava sentindo, com certeza fui sentenciado por inventar que estava co