AliceJoel, Damares e eu ficamos conversando por um bom tempo, e quando nos despedimos já passavam das duas horas da madrugada. E as seis em ponto eu já tinha que estar de pé para me arrumar e ir até a creche conversar com a diretora. Escovei os dentes, fiz uma breve oração e simplesmente apaguei. Quando acordei a claridade do Sol já ardia no meu rosto, havia esquecido que o dia aqui no Rio de Janeiro já amanhecia quente, muito diferente de Minas. Também, lá era rodeado por árvores e vegetação, enquanto aqui só vejo concreto por cima de concreto. Cada lugar com suas qualidades e encantos. Isso que tornava o Brasil um país tão rico em belezas naturais. Infelizmente não é bem administrado, mas isso era assunto para outro momento. Pois agora o importante era eu dar um novo rumo na vida e isso só aconteceria quando eu conseguisse um trabalho.Me espreguiço e em seguida levanto. Arrumo a cama e sigo até a janela. Abro e deixo apenas as cortinas blackout fechadas, assim evitaria do quarto
Enquanto isso no topo do morro da féPG— Anda, responde logo, o que tu veio fazer aqui depois que te expulsei do morro Papalegua? Quer morrer? Se for isso, se ajoelha, que cancelo teu CPF agora. — falo já com a pistola destravada em punho e mirando bem no meio da testa daquele mão lisa do caralho#Papalegua era um menor quando entrou no corre, passou pela pressão que é o batismo e se manteve firme por um bom tempo. Até o dia que o capeta# invadiu a mente desse pau# no cu# e ele decidiu roubar no próprio morro que fortaleceu o fodido. Não deu outra, amarrei uma corrente no pescoço dele e foi arrastado feito cachorro pela favela inteira, ainda cantando a letra de que era um ladrão de merda pra geral ouvir.— Pô patrão, tô sem saída, minha coroa tá doente e o tratamento dela é caro pra caralho. Não tenho pra onde correr, eu já tava fodido mesmo e por isso resolvi vir até aqui. Implorar uma nova chance. — Papalegua não me encara, e com as mãos cruzadas acima da cabeça suplicava por miser
PG— Aaaaaaa... Me soltaaaaa... Me solta, cretino! Me soltaaaaaa... — Patrícia dá um tapa na cara do Jamal que bufa de ódio e só não deu uma lição nela porque era proibido tocar nos meus.Ela é uma sequelada, mas pra minha desgraça é minha irmã, e infelizmente não posso jorrar sangue dos meus. Mas bem que aquela filha da puta# estava merecendo uma lição e pelo andar da carruagem e o ódio dela nos olhos meus cortes já estavam tendo efeito esperado. — Leva o Papalegua daqui e confirma o que ele disse, Nocaute!Ordeno e Nocaute fica parado por um tempo encarando a Patrícia. Esse daí parece que não aprende mesmo e quanto mais é chutado mais gruda na sola do salto dessa pati favela aí.— OUVIU NOCAUTE? VAZAAAAAAA... — grito cheio de ódio Ele me encara e parecia ter saído do transe. Dá uma última olhada na Patrícia, que vira a cara e pra variar estava só os cascos porque já descobriu os meus cortes e que eu não tava de zoeira quando passei a fita do que ia acontecer assim que nós colocass
AliceEstava nervosa e ao mesmo tempo muito ansiosa pelo que estava acontecendo. Ainda não conseguia acreditar que tudo aquilo era mesmo real e que eu estava prestes a conseguir meu primeiro trabalho, e o melhor, na área que eu tanto amava. Terminado o café, fiz uma breve oração e assim que Damares desceu nos despedimos da dona Olga e seguimos nosso caminho. A creche ficava um pouco distante, uns vinte ou trinta minutos da casa. Mas Damares disse que tinha um jeito de cortar caminho e chegar um pouco mais rápido, porém precisaríamos passar por dentro de outra comunidade que era inimiga do Morro da Fé. Óbvio que eu só fiquei sabendo disso quando já estávamos de frente à creche, pois Damares me conhecia muito bem para saber que eu jamais correria um risco desses e menos ainda criaria problemas com o chefe do morro da fé, que até hoje eu sequer sabia quem era ou ao menos o nome. Porém isso pouco me importava, pois naquele momento tudo o que eu queria era conversar com a diretora e que e
PGO dia já tinha começado quente e agora que a porra# parecia que queimou de vez. Minha vida nunca foi um mar de rosas, muito pelo contrário, no meu caminho só encontrei espinhos muito afiados bem dispostos pra me destruir. Mas de uns tempos pra cá tudo tem desandado de um jeito estranho pra caralho# e não tem um minuto que eu consiga ficar em paz. E parece que tudo ficou mais sinistro depois que a tia Cremilda passou aquele informe do além ou sei lá de onde se tira essas parada de espiritualidade. Só sei afirmar que tá foda# manter o foco com tanto problema e agora então tudo piorou de vez. Como se já fosse pouco ter que carregar o peso morto da minha irmã nas costas, me surge essa enviada de satanás que parece ter caido de paraquedas bem na minha cabeça. Era só o que me faltava, eu esse tempo todo procurando o rastro daquela garota e a desgraçada tá entocada justamente no meu morro. Não sei se comemoro ou explodo de vez com uma merda dessas. Essa feiticeira dos infernos consegue ar
No Morro da Fé Ainda na bocaPGMas era cedo pra Jamal cai na caixa de sete palmos e usar paletó de madeira, ele era o unico que conhecia o rastro daquela feiticeira dos infernos, então quando percebi que Nocaute estava a ponto de nocautear o fodido pra sempre estalei os dedos e dei um tranco na situação. — Mosquito e Marimbondo, aparta essa porra#.Eles me encaram desacreditados, os dois eram duas tripas escorridas, franzinos e pareciam vassouras de tão magros que eram. Sem falar nos olhos esbugalhados igual de peixe boi. Resumo da obra, era ruim daqueles dois conseguir segurar um cara de quase dois metros todo musculoso feito Nocaute. Mas essa treta era deles e como sempre eu ordeno e eles que se virem pra executar meu comando.— Bora porra#, tenho a vida toda não fiote. Desenrola essa fita logo, tenho coisa urgente pra resolver ainda hoje parceiro. __ ordeno e lá foram os dois esqueletos contra o Golias que era o Nocaute — Alivia pra nós patrão, Nocaute vai matar nós. — Mosquito
Creche Escola Raio de LuzAliceApós a barreira que existia entre a pequena Emilie e eu ser rompida, tudo fluiu naturalmente. Tivemos um dia muito produtivo e mesmo sendo a primeira vez que eu era regente de turma, me sentia muito a vontade e preparada para cuidar daquelas pequenas sementinhas, como Silvia sempre os chamava. Após as primeiras atividades serem concluídas, o sinal soou e eles foram para o refeitório tomar o lanche da manhã. Como eu ainda não conhecia muito bem a creche os pequenos foram meus guias, mas para decidir qual deles ficaria ao meu lado foi uma grande batalha a ser vencida. — Eu vou com a tia! — Emilie esvravejava com as mãozinhas na cintura— Vai nada sua "xata", eu que vou, né tia? — a pequena Sófia com os bracinhos cruzados ralhava de volta e eu ali, parada entre as duas — Mulheres são "xatas" e "bobocas". Vem tia, eu levo "voxê". — João, um menino lindo com cabelos cacheados e olhos esverdeados segura minha mão e vai me puxando até o refeitório. — Calma
Alice"Só faltava ser do mesmo monstro que Damares disse. Misericórdia! Deus é mais! Mas, ainda não sei em qual comunidade a Emilie mora, então é melhor eu manter a calma e ter fé que tudo vai terminar bem." — penso segurando o pingente em meu pescoço— Está tudo bem, Alice? Ficou calada de repente.— Está sim, não se preocupe. — falo me ajeitando na cadeira— Se ficou assustada pelo fato da Emilie ser sobrinha de um traficante, afirmo que pode manter a calma, pois ao menos aqui eles respeitam e não se impõem contra nossos métodos se ensino. Muito pelo contrário, os chefes de algumas comunidades, sempre enviam donativos para as crianças e não deixam que criem confusões por aqui. — Deve ser para tentar se redimir das atrocidades que comete por aí. Esses sujeitos são piores do que o próprio demônio e eu sem bem o que digo. — falo firme relembrando o que passei nas mãos do Filadelfio e também daquele sujeito de olhos sombrios — Talvez. — Silvia segura minha mão e encarando no fundo dos