AliceO salão explode em gritos e risadas. Dona Olga tenta escapar, mas Damares e Nocaute a cercam, enquanto o restante dos convidados pressiona, exigindo a revelação.— Fala logo, mulher! — Nocaute quase implora, rindo, mas com um brilho ansioso nos olhos.Dona Olga se diverte, mas, quando percebe que está realmente encurralada, levanta as mãos em rendição.— Tá bom, tá bom! Chega de drama! — Ela faz suspense, alongando as palavras, enquanto todo mundo segura a respiração. — O bebê de vocês é uma…Silêncio total.— MENINA!O salão explode em comemoração. Damares leva as mãos ao rosto, os olhos marejados, enquanto Nocaute a puxa para um abraço forte. Todos gritam, batem palmas, jogam confetes, comemoram como se fosse um gol na final da Copa.PG me puxa contra o peito, falando no meu ouvido:— Uma pimentinha… do jeito que eu apostei. Você me deve um prêmio.Sorrio, balançando a cabeça.— A única coisa que eu te devo é paciência, porque se depender de você, nem chegamos vivos até o casa
1 Mês Depois AliceEstou sentada numa poltrona confortável enquanto sou maquiada por Damares para enfim me tornar a esposa de Paulo Guerra, e a mulher mais feliz desse universo.Enquanto sinto a macieis do pincel em minha pele, uma avalanche de recordações invadem a minha mente. Recordo de tudo o que passei para que esse dia tão especial chegasse. Se me dissessem que depois de tantas lutas, hoje estaria me casando justamente com o homem que jurei odiar por toda vida, eu diria que essa pessoa estava louca. Suspiro feito uma noiva apaixonada, e minhas mãos estão trêmulas por todo nervosismo que estou sentindo.Peço a Deus em oração que tudo dê certo e que nossa vida juntos seja repleta de amor, união e que nunca nos falte a fé, porque se estou aqui, é porque eu acreditei nas promessas de Deus para mim. PG ainda não sabe o que dizer e como se portar quando o assunto é espiritualidade. Mas sei que através do tempo, Deus fará uma obra na vida dele, e consequentemente na minha. Tenho pe
AliceMinhas mãos suam, e meu corpo inteiro estremece. Isso seria normal se eu estivesse falando sobre a proximidade da cerimônia do meu casamento, mas não é o caso. Em vez de me preparar para o momento mais especial da minha vida, de me tornar esposa do homem que amo, estou dentro da emergência de uma maternidade, me segurando para não surtar.Meu pai está a caminho, mas nada disso diminui a angústia que sinto.Ainda faltam alguns dias para minha sobrinha nascer, mas a malandrinha se adianta e decide vir ao mundo justamente no dia do meu casamento.Só poderia ser filha de uma doida como Damares para aprontar uma dessas com a própria tia.Saio tão apressada que nem tenho tempo de ligar para o PG e, para piorar, meu celular descarrega. Com certeza, ele deve estar cuspindo fogo por eu ter conseguido avisar meu pai, mas não a ele.Estou sentada no banco de plástico azul da entrada da maternidade. Nocaute entrou para assistir ao parto, e eu fiquei aqui, usando pantufas e vestindo um robe,
AliceO tempo parece ter parado desde que ouvimos o primeiro choro da bebê. A maternidade se enche de um silêncio reverente, como se todos compreendessem que algo sagrado acabava de acontecer. Meu pai anda de um lado para o outro, o maxilar travado, tentando manter a postura. PG finge estar relaxado, mas suas mãos cerradas traem o nervosismo que ainda paira no ar como uma tempestade prestes a cair.Minutos depois, a porta da sala se abre de novo, e, dessa vez, quem aparece é o Nocaute. Seus olhos estão vermelhos, inchados de tanto chorar, mas é o sorriso dele que me desmonta. Um sorriso tão puro, tão entregue, que parece conter o universo inteiro.— Vocês podem entrar, família — ele diz, com a voz embargada. — Ela quer ver todo mundo.Caminhamos em silêncio pelo corredor, como se nossos pés mal tocassem o chão. Meu coração pulsa alto no peito. E quando entro no quarto, o ar simplesmente desaparece dos meus pulmões.Damares está deitada, exausta, mas com o olhar mais sereno que já vi n
Horas depois do nascimento da MarinaMorro da fé PGTô aqui de frente pra esse espelho no meu quarto, que por pouco tempo ainda é de solteiro, ajeitando essa roupa top de linha pra fazer uma parada que eu jurava a mim mesmo que nunca faria: casar. E vou te dizer, tô amarrado nessa nova fase da minha vida, e principalmente, na ideia de passar o resto da vida com a única mulher que conseguiu bagunçar o que eu pensava ser o certo.Alice surgiu no momento mais complicado da minha vida, conheceu primeiro o meu pior lado, para hoje ter o melhor que existe dentro de mim.Com ela sou um bunda mole. Um otário. E parceiro, tô vidrado nessa mudança. Em outros tempos não teria perdoado, e ela tinha sido minha antes do casamento. Mas até nisso ela conseguiu me fazer pensar diferente. Já faz mó cota de tempo que tô no zero a zero, só no aguarde da nossa lua de mel, e como ela mesmo diz: a nossa noite. Chega dar um suador só de pensar nessa hora. Até parece que não sei o que fazer. Mas na real, eu
PGIgreja do Morro da Fé — Final de tardeO sol começa a se pôr, tingindo o céu de um laranja avermelhado, como se até o universo soubesse que hoje a paz e o caos caminham lado a lado.A igreja está linda. Decorada com simplicidade, mas com bom gosto. Rosas brancas, fitas de cetim, e aquela sensação de que o amor mora ali. Os convidados se ajeitam nos bancos. Meus aliados de confiança se espalham discretamente pelo lugar, armados até os dentes, mas com o olhar sereno. O disfarce é perfeito.O coral começa a cantar baixinho. A ansiedade me mastiga por dentro, mas meu rosto permanece firme. Postura ereta, olhar fixo no altar. Por fora, sou o noivo apaixonado. Por dentro, sou uma máquina em alerta total.Alice aparece na porta. Um raio de luz. Linda, leve... alheia à tempestade que ronda este momento. Vestida de branco, os cabelos presos com delicadeza, o olhar cheio de amor. Mas percebo — mesmo de longe — que ela sente algo estranho.Emilie caminha à frente, segurando um cestinho com as
AliceDepois de um dia inusitado com o nascimento da Marina, enfim estou pronta para outro momento tão especial quanto a chegada da minha sobrinha: o meu casamento. Já estou vestida, usando um lindo vestido de noiva que meu pai insiste em me presentear. Ele é perfeito...O tecido principal é um cetim leve e acetinado, que desliza suavemente sobre o corpo, abraçando minhas curvas com delicadeza. Por cima, uma camada de tule francês cobre minha silhueta com suavidade, bordada à mão com pequenos ramos florais em fios de prata e minúsculas pérolas, que captam a luz como gotas de orvalho ao amanhecer. A parte superior tem um decote em V profundo, equilibrado por mangas longas e transparentes, que terminam em punhos rendados, justos nos pulsos, como se tivessem sido moldados para mim.A cintura é marcada por uma faixa de organza bordada, que realça ainda mais a delicadeza do desenho. A saia é ampla, mas não exagerada, abrindo-se em camadas leves que se movem como brisa a cada passo. Atrás,
AliceDepois da cerimônia fomos direto para o salão, isso porque eu insistia em dizer que era falta de educação não cumprimentarmos os convidados e tirar algumas fotografias para nosso álbum de casamento. Porque por PG teríamos desaparecido ali mesmo na igreja. — Já tiramos muitas fotos. Não acha que tá na hora de sairmos daqui? Quero ficar sozinho com você. — PG dizia enquanto dançávamos.— Vou jogar o buquê e já vamos. — falo e ele sorri.— Obrigado pai! — PG dizia divertido enquanto me beija.Me afasto dele e já subia na cadeira para jogar o buquê, quando vejo alguém entrar no salão ao lado do meu pai. Meus olhos marejam.— Henrique... Você veio? — grito eufórica indo ao seu encontro.— Eu não poderia perder o casamento da minha única irmã. — ele dizia emocionado me abraçando. Estava tão feliz que sequer percebo o que estava acontecendo ao meu redor. — O que esse cara está fazendo aqui? — PG se aproxima furioso.— Como assim? Amor... O Henrique é o meu irmão. — falo sem entender