ALINA O meu coração ficou apertado quando Malvino saiu de casa, uma sensação ruim me tomou, muita ansiedade, tentei ir dormir, mas fiquei inquieta na minha cama, ainda mandei mensagem para ele, e Malvino somente visualizou. Era 1 hora da manhã, dormi somente um cochilo e acordei com o meu celular chamando, era um número desconhecido, mesmo trêmula, segurei o celular, mas fiquei com medo de atender, Malvino veio à minha mente, então atendi no mesmo instante. — Alô, quem fala? — Pergunto, nervosa. — Um homem chamado Malvino Cruz sofreu um acidente de carro, estamos com o celular dele, e a senhora foi a última pessoa com quem ele conversou. — Uma pessoa desconhecida fala. Fico sem voz com o celular no ouvido e sentei na cama novamente, porque não sentia as minhas pernas. — Diga que isso não é verdade, como ele está? Me diga alguma coisa! Onde está Malvino? — Pergunto, chorando desesperada. O homem me repassa o nome do hospital que Malvino está sendo levado, corri desesp
MALVINO Abri os meus olhos lentamente, eu, com certeza, estou no inferno, pois no céu eu não estou, porque sou um homem que sempre fiz do dinheiro a minha arma para conseguir tudo o que quero. Mexo uma das mãos, olho para o lado esquerdo, o meu braço está com uma faixa, uma enfermeira entra no quarto e sai no mesmo instante, chamando pelo médico. Então, pude perceber que estou vivo, só pode ser uma segunda chance, sinto dor por todo o corpo, só não senti as minhas pernas, tento movimentar elas e não sinto nada. — Minhas pernas, não estou sentindo as minhas pernas! — Grito, desesperado. O médico entra rápido no quarto e fico gritando a todo instante: “não sinto as minhas pernas”. — Por favor, senhor Malvino, se acalme, que tudo vai dar certo. — O médico pede calma. — Como vou ter calma se não sinto as minhas pernas? Estou inválido. — Senhor Malvino, infelizmente, o seu acidente foi muito grave e ele lhe deixou sequelas, mas com o tratamento e muita disciplina é possível vo
MALVINO Martin foi embora, deixando-me sozinho. Como está doendo eu deixar Alina! Mas é o melhor a se fazer, vou para bem longe para nunca saber notícias dela refazendo a sua vida ao lado de outro homem, porque eu sei que não vão faltar homens querendo o meu passarinho. Peço remédio para dormir, pois sei que só vou viver a base deles, e Martin volta para me fazer companhia. — Malvino, como foi dolorido falar para Alina que você não queria vê-la! Doeu em mim o olhar dela, não passou pela sua cabeça que Alina pode estar te amando? — Do que adianta ter nos apaixonados e eu não ser homem o suficiente para ela? Não poder andar do seu lado… você sabe o que estou querendo falar, Martin, não poderei nem dar a ela uma família, eu fui um homem que humilhei demais aquela mulher, eu não mereço Alina. — Ela respeitou o seu pedido e foi para casa desolada, a casa que você pediu já está pronta, algumas adaptações já estão sendo feitas. — Martin fala. Descansei um pouco e quando acord
ALINA Pedi a Jucie que fosse buscar Ykaro na escola, não estou em condições de ir a lugar nenhum, ele, ao chegar, veio diretamente me ver para perguntar pelo Malvino, eu tive que contar a verdade para Ykaro, e ele ficou muito tristonho, assim como eu, de saber que Malvino não pode mais andar, só não falei o fato dele não querer me ver, isso não posso falar, pois as lágrimas descem. Meu irmão é um garoto inteligente, e sei que ele vai entender esse período do Malvino longe das nossas vidas. Tento entender Malvino, sei que às vezes passamos por dores que não queremos compartilhar com ninguém e sei que esse é o momento dele. Dentro de mim, parece que tudo está vazio, lembro dos nossos beijos e dos nossos momentos. A empregada Amélia vem até o meu quarto. — Senhora Alina, Martin está na sala querendo lhe ver. — Amélia fala. — Martin? — Desci rápido, e ele está me esperando na sala, segurando uma pasta branca nas mãos. — Alina, desculpa eu ter vindo sem avisar, eu preciso te
ALINA Yanah não esconde a felicidade de saber que eu estou grávida, ligou logo para Otton para contar a novidade. Após isso, resolvi lhe fazer um pedido. — Yanah, posso te fazer um pedido, minha irmã? — Todos que quiser, a grávida aqui é você! — Não conte a Martin e a mais ninguém da Cruz Engenharia que estou grávida, pelo menos por enquanto. — Alina, eu faço o que quiser, mas a sua barriga vai crescer. Ai, estou radiante. — Só faça o que te mando! — Peço. Yanah me acompanha de volta ao escritório, apesar de ser presenteada com um filho, eu preciso trabalhar. Otton, ao me ver, me abraça, desejando coisas boas para mim e o bebê que espero. Como é bom ser acolhida apesar da insegurança que estou com ela! — Alina, vai contar que está grávida para Malvino? — Otton pergunta — Malvino não quer me ver, não sei onde ele está, mas pretendo falar, sim, independentemente de ele querer ou não conviver com o nosso filho. — Falo, ainda em choque com tudo o que está me acontecendo.
MALVINO Fico inquieto com a cabeça cheia de interrogações em relação à saúde da Alina, para piorar a minha curiosidade, ela não quis mais Jucie na sua casa, tenho vontade de gritar que nem um louco, jurei que não iria mais seguir Alina. Não demorou muito e fui avisado pelos seguranças que Jucie chegou, mandei ele vir à minha presença. Ele, ao me ver, abaixa a cabeça. — Senhor Malvino, estou à sua disposição. — Jucie, quero que fique ao meu lado, me fazendo companhia, dando-me alguns remédios. — Sim, senhor, como quiser. — Jucie fala. — Me fala da Alina. — Peço. — A senhora Alina te ama, ela está morando na casa que o senhor a deu de presente, às vezes chorava pelo senhor, lamentando você ter optado por viver longe. Jucie fala e uma lágrima cai do meu olhar, reconheço que não mereço uma lágrima da Alina. E ele, aos poucos, vai me convencendo a sair do meu quarto escuro para o jardim, me faz até sair da cadeira de rodas e sentar à beira da piscina, molhando, assim, os meus
MALVINO Acordei e Alina não estava mais ao meu lado, não demorou e ela entrou no meu quarto com uma bandeja nas mãos, sorrindo, hoje eu quem fico sem jeito diante do seu jeito lindo. — Vamos se alimentar, daqui a pouco vamos sair, temos um compromisso muito importante. — Alina, dormi tão bem, não me cansarei de agradecer tudo o que está fazendo por mim. Posso saber para onde vamos? — Vamos à consulta com um médico, precisamos iniciar o seu tratamento, vai dar tudo certo, você verá — Alina fala, tocando no meu rosto. — Estou muito feio assim, não é? Barba e cabelo grande. — Você é lindo de qualquer jeito, nada deixa você feio. — Alina fala na tentativa de alavancar a minha autoestima, que está no chão. Comi a minha refeição, e Jucie veio me ajudar a me arrumar para irmos a esse médico, todos me acompanham a ida nesse médico, inclusive Ykaro. Ao chegar no consultório, Martin me espera, já abrindo os braços para me abraçar fortemente. Como me sinto bem por essa rede de apoio
ALINA A minha gravidez veio para unir o que estava separado, trouxe força e esperança também para o Malvino, que quase desistiu de procurar ajuda para voltar a andar, larguei tudo para acompanhá-lo no seu processo doloroso, preferi estar por perto segurando na sua mão porque via através do seu olhar a vontade que ele tinha de desistir, estou orgulhosa até aqui por ele ser um guerreiro lutador. Os meus filhos se movimentam dentro de mim, como se fossem dois acrobatas, e eu me sinto feliz e grata por poder gerar dois filhos de uma vez, sou mimada de todos os lados, Yanah e Malvino sempre que podem vão às consultas comigo. Descobrir que vou ser mamãe de um casal me deixou totalmente satisfeita por gerar dois milagres, Malvino está nas nuvens com tudo o que está acontecendo, ele sempre procura me exaltar e dizer que eu sou a sua vida. Nunca pensei que comemoraria tanto uma vitória como foi no dia que Malvino sentiu novamente as suas pernas, já tinha muita fé que milagres existem, e a