ALINA Dormi um pouco e tive que tomar o anticoncepcional, preciso trocar urgentemente esse método, sinto-me mal por tomar ele. Tomei um banho rápido e fui ficar com o meu irmão no hospital enquanto não chegava agora de ir para o jantar do Otton e ir ao encontro do Malvino, só de pensar nele, já sinto um frio na barriga. Quando cheguei ao hospital, encontrei Ykaro sorrindo, mostrando para a enfermeira uns presentes. Entrei devagar no quarto e ele sorriu. — Boa tarde, quanto presente lindo, Ykaro. — Falo. — Fiz um novo amigo, ele se chama Malvino e trouxe presentes para mim. — Malvino? — Falo, sem acreditar no que ouvi. — Sim, ele disse que é seu amigo e da Yanah. Se é amigo de vocês, é meu também. — Ykaro fala, sorrindo. — Claro que é. — Falo, sem graça, beijando o topo da sua cabeça. Pergunto o que Malvino pretende dessa vez, vindo trazer presentes para o Ykaro, eu não sei mais o que esperar dele, vejo todos os seus brinquedos e faço companhia a ele até a noite. Dói um
MALVINO Alina nem sonha que eu estou por trás de toda a revolução que está acontecendo no seu bairro. Quando cheguei ao leilão, tudo já estava organizando, e os meus olhos procuram a todo instante por Alina, os olhos do padre brilhavam de tanta emoção. E antes de dar início ao leilão, o padre agradeceu a minha colaboração para a noite de hoje, ao ouvir as suas palavras de que nada é por acaso nas coisas de Deus, acabo acreditando que sim, queria Alina na minha cama somente por uma noite, depois a quis por tempo indeterminado, e agora não quero mais sair da vida dela, e para fechar com chave de ouro, estou num leilão beneficente, tudo pelo meu propósito, que se chama Alina, tudo é pelo meu passarinho, para de uma certa forma amenizar o mal que fiz a ela. De longe, a vi conversando com o padre, Martin chegou para me fazer companhia. Quando o leilão acabou, não aguentei ficar longe da Alina, tentei me controlar até onde deu, me levantei da cadeira e fui onde Alina estava reunida c
ALINA Malvino se aproximou muito do Ykaro durante todos esses dias, e eu sempre observando os dois, notei o quanto uma figura masculina faz bem para ele, que se recupera bem dia após dia. Eles dois conversam bastante e eu acho lindo o quanto a amizade cresceu, parecem dois adultos. Mesmo bastante ocupado, Malvino está sempre presente, e com essa aproximação toda, só me fez enxergar que ele tem um lado família, pergunto-me se é possível se apaixonar por alguém que quer te aprisionar ao mundo dele. Acredito que o amor pode ser construído em várias camadas além do tempo. Malvino não esconde a sua possessividade em relação a mim, ele gosta de mim, isso é fato! Mas não me ama de verdade, o amor é leve, tem confiança, e isso Malvino não demonstra quando tenho alguém vigiando todos os meus passos a todo instante. Tenho certeza que ele jamais me deixaria sair da sua gaiola, afinal, sou o seu passarinho, como ele sempre fala, detestava esse apelido, hoje nem me incomoda mais. Entrego
MALVINO A loucura ardente de ter Alina em meus braços somente por prazer virou amor desde a primeira vez que dormimos juntos, e tudo foi se intensificando mais ainda quando passei a querer proteger Alina e dar a ela tudo o que ela sonhou. Vê-la lindamente na igreja só fez mais a minha consciência pesar, sinto-me culpado por ser guiado pelo meu ego de ter tudo e todos nas mãos, pensando que Alina seria mais uma. Sinto ciúmes dela, quando alguns olhares masculinos a encaram, tive que mostrar que ela é minha, sem transparecer a minha vontade de levar ela embora, mas o casamento da irmã é muito importante para ela, e eu não podia estragar esse momento, que só pelo seu olhar de felicidade dizia tudo. Após a nossa volta do casamento, no caminho, decidi que hoje vou falar para Alina da casa que mandei planejar para ela que já está pronta e fiz isso. Lógico que Alina não quis aceitar o presente, insisti para ela aceitar, Yanah e eu trabalhamos incansavelmente para tudo ficar pronto em
ALINA O meu coração ficou apertado quando Malvino saiu de casa, uma sensação ruim me tomou, muita ansiedade, tentei ir dormir, mas fiquei inquieta na minha cama, ainda mandei mensagem para ele, e Malvino somente visualizou. Era 1 hora da manhã, dormi somente um cochilo e acordei com o meu celular chamando, era um número desconhecido, mesmo trêmula, segurei o celular, mas fiquei com medo de atender, Malvino veio à minha mente, então atendi no mesmo instante. — Alô, quem fala? — Pergunto, nervosa. — Um homem chamado Malvino Cruz sofreu um acidente de carro, estamos com o celular dele, e a senhora foi a última pessoa com quem ele conversou. — Uma pessoa desconhecida fala. Fico sem voz com o celular no ouvido e sentei na cama novamente, porque não sentia as minhas pernas. — Diga que isso não é verdade, como ele está? Me diga alguma coisa! Onde está Malvino? — Pergunto, chorando desesperada. O homem me repassa o nome do hospital que Malvino está sendo levado, corri desesp
MALVINO Abri os meus olhos lentamente, eu, com certeza, estou no inferno, pois no céu eu não estou, porque sou um homem que sempre fiz do dinheiro a minha arma para conseguir tudo o que quero. Mexo uma das mãos, olho para o lado esquerdo, o meu braço está com uma faixa, uma enfermeira entra no quarto e sai no mesmo instante, chamando pelo médico. Então, pude perceber que estou vivo, só pode ser uma segunda chance, sinto dor por todo o corpo, só não senti as minhas pernas, tento movimentar elas e não sinto nada. — Minhas pernas, não estou sentindo as minhas pernas! — Grito, desesperado. O médico entra rápido no quarto e fico gritando a todo instante: “não sinto as minhas pernas”. — Por favor, senhor Malvino, se acalme, que tudo vai dar certo. — O médico pede calma. — Como vou ter calma se não sinto as minhas pernas? Estou inválido. — Senhor Malvino, infelizmente, o seu acidente foi muito grave e ele lhe deixou sequelas, mas com o tratamento e muita disciplina é possível vo
MALVINO Martin foi embora, deixando-me sozinho. Como está doendo eu deixar Alina! Mas é o melhor a se fazer, vou para bem longe para nunca saber notícias dela refazendo a sua vida ao lado de outro homem, porque eu sei que não vão faltar homens querendo o meu passarinho. Peço remédio para dormir, pois sei que só vou viver a base deles, e Martin volta para me fazer companhia. — Malvino, como foi dolorido falar para Alina que você não queria vê-la! Doeu em mim o olhar dela, não passou pela sua cabeça que Alina pode estar te amando? — Do que adianta ter nos apaixonados e eu não ser homem o suficiente para ela? Não poder andar do seu lado… você sabe o que estou querendo falar, Martin, não poderei nem dar a ela uma família, eu fui um homem que humilhei demais aquela mulher, eu não mereço Alina. — Ela respeitou o seu pedido e foi para casa desolada, a casa que você pediu já está pronta, algumas adaptações já estão sendo feitas. — Martin fala. Descansei um pouco e quando acord
ALINA Pedi a Jucie que fosse buscar Ykaro na escola, não estou em condições de ir a lugar nenhum, ele, ao chegar, veio diretamente me ver para perguntar pelo Malvino, eu tive que contar a verdade para Ykaro, e ele ficou muito tristonho, assim como eu, de saber que Malvino não pode mais andar, só não falei o fato dele não querer me ver, isso não posso falar, pois as lágrimas descem. Meu irmão é um garoto inteligente, e sei que ele vai entender esse período do Malvino longe das nossas vidas. Tento entender Malvino, sei que às vezes passamos por dores que não queremos compartilhar com ninguém e sei que esse é o momento dele. Dentro de mim, parece que tudo está vazio, lembro dos nossos beijos e dos nossos momentos. A empregada Amélia vem até o meu quarto. — Senhora Alina, Martin está na sala querendo lhe ver. — Amélia fala. — Martin? — Desci rápido, e ele está me esperando na sala, segurando uma pasta branca nas mãos. — Alina, desculpa eu ter vindo sem avisar, eu preciso te