RAVEN— Éramos amigos de infância, mas isso já faz parte do passado — fico tensa e desvio o olhar.O silêncio se instala, e meu coração está batendo descontrolado.Eu sei que ele está olhando diretamente para o meu rosto, avaliando minha resposta."Por favor, não me pergunte mais nada!", imploro em pensamento, não quero nem encarar os olhos dele, porque se ele descobrir, sei que agora mesmo vai começar o pandemônio neste castelo.— Tudo bem, se diz que eram só amigos, então eram só amigos, mas não se aproxime dele, eu fico com ciúmes. Não gosto da forma como aquele cara te olha — ele me beija e me envolve de novo com todo o corpo.A respiração dele desliza pelo lado do meu pescoço.— Dorme, amanhã começam os combates.E com minha cabeça um caos, cheia de decisões pra tomar, fecho os olhos até o dia seguinte.*****— Sejam todos bem-vindos ao Torneio do Rei Alfa, onde só os guerreiros e guerreiras mais fortes e poderosos sairão vitoriosos!— Os vencedores poderão fazer um pedido a Sua
RAVEN— Você é a Luna do Cedrick?— Sou sim, algum problema?— Pensamos que ele ainda estava solteiro como das outras vezes, que vinha sozinho. A verdade é que depois de tanto escolher, acabou ficando com uma Omega fraca.— Pff, Cedrick é mesmo peculiar. Vou me encarregar de te dar uma lição mais tarde, quando “teu Alfa” perder — e com isso se virou para assistir à luta e murmurar com as amiguinhas."Estúpida loba metida", Sena rosnou, irritada."Calma, nossa hora vai chegar", respondo, e é claro que chegou bem rápido.Quando Cedrick se cansou de brincar e fingir, investiu contra o corpo enorme do ruivo, agarrou ele pela cintura com as duas mãos e BAM! — levantou-o sobre o ombro, jogando-o de uma altura considerável.A poeira subiu quando o homem caiu de costas, cuspindo uma golfada de sangue pela boca.Cedrick subiu sobre o corpo inerte e começou a socá-lo com os punhos e cotovelos no rosto, até que o homem fez o sinal de rendição e o apito final da luta soou.Só nas últimas batalhas
RAVEN— Vai continuar fugindo de mim a luta inteira? Em vez de loba, deviam te chamar de galinha! — ela grita me provocando, e ouço as risadas vindo das arquibancadas.— Teu Alfa ganhou por um triz e você é só uma covarde — ri com sarcasmo, e sei que só quer me tirar do sério.— É hora de acabar com esse joguinho.Ela avança com tudo pra cima de mim e eu também avanço, me arriscando a levar um golpe de perto, mas preciso agarrá-la.— ¡Mmmm! — gemo de dor ao receber uma joelhada forte no estômago que me deixa sem ar, mas antes que ela tente me imobilizar pra me espancar, uso minha velocidade explosiva e agilidade pra virar por trás dela e pular nas costas feito um coala, pegando-a de surpresa.Minhas pernas se entrelaçam com força ao redor das costelas dela, apertando até ouvir estalos.Meu antebraço envolve o pescoço dela e faço uma chave de estrangulamento com a ajuda da outra mão.Os punhos dela tentam acertar minhas pernas, mas eu aguento firme e aperto com toda a minha força, esma
RAVEN— Estou muito orgulhoso, minha lobinha feroz, você foi excelente — ele me elogia acariciando e beijando meu cabelo, e minha alma se enche de amor.— Agora se alimente, ainda tem outras batalhas. Mas acho que já vão pensar duas vezes antes de se meter com você.Sorrio em resposta e meu nariz sente o doce aroma do sangue gelado dele. Meus lábios se colam à ferida em seu peito e bebo da força do meu homem.O resto do torneio, naquele dia, virou história — ninguém do meu grupo conseguiu me vencer.Verena, convenientemente, perdeu sua primeira luta, ou talvez porque na vida nunca tinha matado nem uma galinha — sempre tramando feito víbora nas sombras e com o apoio da mãe.Ela me olhou com desafio, como quem diz: “ficou querendo”, mas o que a estúpida não sabia era que quem ganhasse no grupo podia escolher com quem lutar na batalha final dessa rodada.E adivinha quem foi a vencedora das lutas daquele dia?— Quero lutar contra ela, a Luna da matilha Lagoa Azul — apontei para ela desde
RAVENE ela escolheu, como era de se esperar, como a covarde que sempre foi.Começou a correr por toda a borda da arena na forma humana, com a cabeça baixa, a roupa cheia de poeira, as palmas das mãos em carne viva, e as lágrimas e o catarro escorrendo por aquele rosto irreconhecível.— Late pra todo mundo, queremos ouvir o quanto você é uma cadela venenosa! — gritei, aproveitando meu momento, parada no centro da imensa arena.Parecia uma mulher cruel?Sim, eu estava sendo. Mas se tem algo que aprendi nesse tempo foi a pagar gentileza com gentileza e humilhação com humilhação.Essa infeliz não ia aguentar nem mais um golpe, e era mais conveniente pra ela desmaiar logo e se livrar do meu castigo.Essa vergonha ia marcá-la pra sempre, assim como aquele Alfa desgraçado me marcou por culpa dela.— Toma um ossinho! — gritavam das arquibancadas, jogando coisas nela.— Au au, mais alto, cadela! A gente não tá ouvindo!— E o Alfa dela, por que não veio defendê-la?— Acho que vi ele indo embor
RAVEN— Não sei se devo te deixar sair assim, com essas feromonas todas alvoroçadas... outras lobas podem querer te seduzir — digo franzindo a testa, bem séria.— Tá brincando? Com o cheiro de loba no cio que tá na minha cara, capaz de algum macho pular em cima de mim... quer testar? — ele se joga sobre mim tentando me beijar, mas eu desvio rindo.Ele sabe que não gosto muito dessa coisa de “me provar pra mim mesma”.— Agora vou mesmo, não demoro. Me espera assim, nada de roupa, porque eu vou voltar direto pra te fazer amor a noite toda — ele promete no meu ouvido e me deixa tentada.Beija com carinho minha têmpora e me encara de perto, como se a gente fosse se separar por dias.No fim, a contragosto, ele se levanta e vai para a reunião secreta que tem com os outros membros da rebelião.Daqui a dois dias é a hora de agir, e nada pode dar errado.Ao ficar sozinha, me cubro com um robe de dormir até os joelhos, e de fato não coloco nada por baixo. Espero logo aproveitar minha noite apai
RAVENMe sinto um pouco tonta de tanto resistir, mas tento aguentar e correr até a saída.No entanto, ele me agarra pelos braços como duas tenazes dolorosas e me puxa contra seu corpo.Apesar de querer sentir nojo pela proximidade, esse maldit0 vínculo faz com que até as feromonas dele sejam agradáveis pra mim.— Raven, eu te quero de volta, não me importa nada, nem que tenha estado com ele. Ninguém pode te fazer feliz como eu. A Deusa te criou pra mim, só pra mim — ele murmura contra meu pescoço, me beijando e me apertando forte pela cintura, colando seu corpo ao meu, pressionando sua ereção.Tento acertar um chute onde mais dói, mas ele me domina com facilidade. Lutar contra uma loba fêmea do meu tamanho não é o mesmo que enfrentar um macho adulto e guerreiro.No meio da minha resistência, noto uma garrafa com flores naturais sobre a mesinha que está ao meu alcance. Finjo que estou cedendo e, quando sinto ele lambendo minha clavícula...CRASH!Agarro a garrafa com toda minha força e
RAVENSoube o momento exato em que Cedrick entrou no quarto, e na minha vida, nada me deu tanto medo quanto esse instante.Eu estava na nossa cama com Marco babando em cima de mim, minha roupa meio aberta e minhas mãos nas costas dele — mas não o abraçando, e sim pronta pra queimá-lo porque não tinha outro jeito de me livrar!Só que, claro, parecia uma traição descarada.Hoje o sangue ia correr.Às vezes me pergunto como ele foi tão estúpido de se enfiar na toca do Cedrick — provavelmente achou que ele demoraria mais pra voltar.— Eamon, espera! — grito quando Marco se enrijece e se levanta da cama de repente, rosnando e se transformando instantaneamente em seu animal.Cedrick, tomado de raiva, se transformou direto em seu lobo.Um lobo branco mortal e gigantesco que se lançou sobre o cinzento de Marco pra estraçalhar a cabeça dele.BOOM! CRACK! BAM!Destroem o quarto numa luta sangrenta até a morte, arrancando pedaços com presas afiadas, e as garras longas criam feridas profundas e s