Eu era uma covarde, naquele momento enquanto meu coração acelerava e meus músculos protestavam, percebi que sempre tinha sido uma. Era uma constatação amarga, eu o estava perdendo. Uma risada histérica escapou de meus lábios, que emocional de minha parte, não costumava deixar que sentimentos tomassem conta.
Aquela não era eu, bem não costumava ser assim.
Pelo menos não antes dele voltar para minha vida e bagunçar tudo, não antes dele me fazer pensar em coisas que nunca imaginei pensar. Desejar o que sabia que nunca deveria desejar.
Meus pés esmagavam o gramado bem aparado em meu caminho, tinha invadido o clube mais chique da cidade, driblado seguranças com a ajuda de meus amigos e estava a caminho de acabar com um casamento – ao menos eu esperava acabar.
Que merda eu estava fazendo? Por que estava fazendo aquilo?
As primeiras lágrimas inundaram meus olhos. Tinha demorado tanto tempo para me dar conta, tanto tempo para admitir meus erros, para entender que o amava e que minha vida não fazia sentido sem ele.
O que ele tinha feito comigo?
Além de emocional agora eu estava parecendo uma adolescente pateticamente apaixonada, o que era quase a verdade.
Parei ofegante diante da porta do salão onde a cerimonia deveria estar acontecendo naquele exato momento. Ergui a mão pronta a bater, mas balancei a cabeça. Que tipo de idiota bate na porta do casamento que quer destruir.
Respirei fundo. Como aquilo tinha começado mesmo? Não importava eu só queria ele na minha vida.
Aquele homem despertava sentimentos que nunca tinha sentido na vida, eu me sentia vibrante, feliz e amada como não lembrava de já ter me sentido.
Lembrei de seus olhos, lábios, seu toque e foi invadida por uma gama de sentimentos tão forte que quando me dei conta estava no meio da passarela, em cima de um tapete vermelho com uma multidão de olhos grudados em mim.
Meu coração saltou em meu peito e segurei minhas mãos que tremiam, engoli em seco e encarei o motivo de todos os meus problemas, e talvez a solução para todos eles também.
Nossos olhos se cruzaram e a futura esposa dele pareceu que me mataria, não podia culpa-la.
O silencio começou a se tornar opressor e mesmo que eu quisesse correr dali, sabia que precisava arriscar tudo ou jamais saberia como tudo aquilo terminaria. Era tudo ou nada.
Caminhei confiante ficando a poucos passos do homem e da mulher que pretendiam se casar, e que se tudo desse certo eu estragaria bem ali.
— O que você...
— Eu estava enganada... sobre tudo... Eu te amo.
Aqueles que foram capazes de ouvir soltaram exclamações de surpresa, e os cochichos começaram. Respirei fundo.
Não tinha volta, já tinha ido longe demais para fraquejar naquele momento.
MelissaErgui os olhos do meu fichário rabiscado, como sempre, ela estava atrasada. Conseguia escutar trechos de algumas conversas, mas como de costume eu ignorava cada um dos tópicos. Fulano que traiu a ciclana, beltrano que foi expulso por uso de drogas, alguém que tinha “feito favores” ao professor X para não reprovar.A melhor maneira de não me envolver era ignorar, e eu era muito boa em ignorar.Tinha sido um longo e cansativo caminho até chegar ali, aquela nem era minha primeira escolha de faculdade, mas quando tudo tinha dado errado – como se algo desse certo para mim – eu tinha escolhido o que era mais prático, solido e certo. Eu sempre escolhia o caminho de menor resistência, a física dizia que era o mais fácil, quem era eu para ir contra uma lei da física?Estava no terceiro semes
Praticamente me arrastei até a minha primeira aula, meus olhos quase se fechavam, mas segui com firmeza. Sentei no meu lugar de costume e aguardei de cabeça baixa, devo ter adormecido, pois quando me dei conta ouvi risinhos afetados e cochichos baixos.— Ei, você!Uma voz masculina chamou distante. Os risos se intensificaram.Senti uma mão pousar em meu ombro e ergui a cabeça. Encarei um par de olhos esmeralda límpidos, curiosos. Meu coração acelerou em meu peito pois o rosto era tão belo quanto os olhos. A pele era alguns tons mais clara que a minha, os olhos expressivos, a boca de dar inveja a qualquer garota, suculenta. Os cílios longos o queixo pronunciado. Seus cabelos eram castanho claro, quase louros, desarrumados, mas charmosos.— Não teve uma noite muito boa? – sua voz fez meus pelos se eriçarem, pois era profunda e grave.&md
Alexandre— Eu não estou com saco. – expliquei pacientemente para Humberto, pela vigésima vez – Só quero chegar em casa e dormir.— Mais um motivo para vir. Eu juro Alex, você não vai se arrepender... além do mais Lizz não está com aquela sua vizinha velhinha e gentil?— Eu já pago uma miséria para a coitada, isso não é justo!— Ela adora Lizz. Quem não adora aquela pestinha de olhinhos brilhantes?Sorri. Ele tinha toda a razão, sobre minha sobrinha ao menos, todo o resto era uma balela.— Olha, juro que se não gostar pode ir embora. Tem uma coisa que preciso que você veja.— Em uma boate? – questionei incrédulo.— Confie em mim. Sou ou não seu melhor amigo?— Tudo bem, eu vou. E s
MelissaSoltei o ar pela boca e inspirei de novo, e de novo, na esperança de me acalmar. Como ele tinha descoberto?Estava a pelo menos meia hora no cubículo que era um dos banheiros, sentada na privada, encarando palavrões e outros recadinhos na parede, tentando manter um pouco de compostura.— Tudo bem, mantenha a calma... se descontrolar não vai resolver seus problemas.Finalmente deixei o banheiro ainda sem saber ao certo o que faria. Precisava pedir para Jean Pierre não deixar nenhum dos clientes chegar perto, já que desistir de tudo não era uma opção aquela altura.Se professor Alexandre tinha suas suspeitas, ele continuaria sem confirmar nenhuma delas, não daria nenhuma oportunidade de ele descobrir a verdade. Aquele homem já tinha muitas coisas contra mim para acumular mais aque
AlexandreMelissa tinha deixado bem claro que minha opinião não era importante para ela. Saber que aquela jovem mulher estava se expondo a tantos perigos, ela não tinha se quer pensado sobre eles, me deixava aflito.Deveria ser fácil ignorar o que uma mulher faz com a própria vida e o próprio corpo, mas naquele caso em especifico, não conseguia.— Titio?Ergui meus olhos encarando minha sobrinha, as vezes tinha a impressão que os anos tinham voado diante de mim, pois aquela garota me encarando com aqueles olhos brilhantes verdes iguais os meus, não podia ser Elizabeth, o bebezinho que um dia tinha se aconchegado em meus braços para dormir.— Oi, meu bem. – sorri.— Você parece preocupado.Assim como sua mãe, minha falecida irmã, Lizz era uma pequena luz, m
MELISSAPoderia simplesmente achar que tudo o que tinha acontecido na noite passada tinha sido um sonho, mas os hematomas em meu braços e a dor na minha nuca onde aquele homem nojento tinha puxado meu cabelo com violência contavam outra coisa.Durante toda a noite tive pesadelos com seu rosto, seu hálito de álcool e cheiro de perfume barato. Vomitei ao lembrar de sua boca repugnante colada a minha e de suas mãos sobre meu corpo.Nunca me livraria daquela sensação de pânico e impotência, quando vi Alex, a única coisa em que consegui pensar é que queria seus braços protetores ao meu redor. Não me importei de parecer frágil naquele momento, mas agora, enquanto analisava tudo com frieza sabia que tinha cometido um erro, mais de um para ser franca.Ele tinha razão, não tin
ALEXANDRE Tinha feito novamente, enquanto dirigia para casa, aquelas palavras giravam em minha mente de novo e de novo. Eu beijei Melissa... de novo... Quando sabia que não podia, que não deveria, que não era certo de jeito nenhum. Mesmo sabendo que ficar perto dela seria uma tentação tinha me permitido, achando que seria capaz de resistir. Senti sua boca macia, doce, avida contra a minha e por muito pouco não provoquei um acidente. Quando finalmente cheguei em casa Maria estava preparando o jantar, ela era muito gentil e prestativa. — Oi Maria. — Como vai Alexandre? – ela sorriu. — Bem. — Tio Alex! Minha adorável sobrinha apareceu do nada me abraçando. — Oi! Como foi seu dia? Lizz começou a tagarelar, me distraindo de Melissa. Quando finalmente consegui sen
AlexandreMelissa tinha deixado bem claro que minha opinião não era importante para ela. Saber que aquela jovem mulher estava se expondo a tantos perigos, ela não tinha se quer pensado sobre eles, me deixava aflito.Deveria ser fácil ignorar o que uma mulher faz com a própria vida e o próprio corpo, mas naquele caso em especifico, não conseguia.— Titio?Ergui meus olhos encarando minha sobrinha, as vezes tinha a impressão que os anos tinham voado diante de mim, pois aquela garota me encarando com aqueles olhos brilhantes verdes iguais os meus, não podia ser Elizabeth, o bebezinho que um dia tinha se aconchegado em meus braços para dormir.— Oi, meu bem. – sorri.— Você parece preocupado.Assim como sua mãe, minha falecida irmã, Lizz era uma pequena luz, m