— Não precisa de táxi, posso te dar uma carona. — Seu olhar mal parava no rosto assustado de Dafne. Transitava pelos fios de cabelos castanhos até o pé.
— Yuri… — Ela sussurrou tão assustada com sua presença quanto com a força que ele usava em seu pulso. — Não quero incomodar.
Seu coração deu um salto quando o viu passar a língua nos lábios e olhar para os lados procurando alguma objeção que obviamente não era a dela, mas procurando “alguém” que pudesse defendê-la dele.
— Seria um prazer, Dafne. — Seu nome n
— Ual, você é corajosa. — Vitória exclamou surpresa enquanto tomava goles quente do café na xícara vermelha de Dafne, que estava sentada no sofá de canto da sala com um olhar apreensivo aguardando uma resposta sobre tudo o que ela havia acabado de contar.Locfield havia chegado ali pela manhã cedo e antes de se sentar para ouvir a razão de muita coisa, ela foi paciente em fazer o café.— Eu não queria ter mentido ontem, Vic. Me desculpe.— Eu não devia ter ficado tão longe, Daf. Eu poderia ter ajudado você.
A porta se abriu e a cabeleira ruiva tomou conta da luz de dentro.Era Greeta.— Daf, querida! — Os braços finos e quentes a aconchegaram em um aperto saudoso — Fico feliz que tenha vindo.— Meus parabéns! — Seus olhos percorreram a ruiva e logo atrás dela uma mesa de presentes, droga. — Eu realmente fui pega de surpresa com o convite, mas vou mandar algum presente através de Cassiel.— Sabe que eu não ligo para essas coisas, mas caso insista uma garrafa de vinho será bem vinda. — Cordial demais, mas nem toda essa cordialidade podia esconder o furacão que Greeta era. Seus olhos pareciam estar colados um ao outro de tanto cansaço, ela tossiu pela secura na garganta e logo depois um espirro soou alto no quarto quieto. Céus, uma maldita gripe se aproximava. Culpa do tempo indeciso de Seattle. Seu telefone gritava embaixo do travesseiro.— Alôoo — Sua voz estava completamente amarrotada pelo sono.— Deus, Dafne. São quase 11hrs da manhã, ainda esta dormindo ? — Vitória e seu militarismo de acordar mais cedo que as galinhas.Esfregou os olhos algumas vezes, cambaleando pelo chão duro e frio da casa.No dia anterior havia passado boa parte dos dias procurando construtoras que pudessem reformar sua casa para vendê-la e no fim de17
O mundo era um infinito obscuro, uma imensidão de nada, da escuridão e do limbo. Conforme os segundos passavam parecendo horas, no fim do túnel medonho uma luz trepidava, como faíscas no escuro, e a medida que a luz culminava pelas beiradas da escuridão, um cheiro cítrico alcoólico queimava sua narinas como as labaredas de fogo consumidas no inferno.A luz se rompeu, machucando seus olhos e devolvendo o mundo externo, libertando-a de sua própria mente, o subconsciente tenebroso quase intocável de sua mente. Um bip soava em seus ouvidos, com alguns tilintares próximos, próximos demais zunindo como abelhas.— Ela está acordando, chame a enfermeira! — A voz estava surpresa
Havia um bebê dentro de seu corpo, evoluindo, crescendo e se tornando saudável.Não sentia nada de especial, nem um sintoma ou resquício de que uma vida se alimentava dela. Sua última consulta havia dado negativo, como poderia estar grávida depois de um exame de boa precisão ? Não era possível, mas Alaric não era um homem de mentiras. Se ele dissesse que dinossauros andavam sobre a terra, então dinossauros estariam andando sobre a terra, e ele teria razão no final.Seus olhos continuavam a se abrirem à medida que o bip ainda acelerava.— Impossível... o...o...o exame deu negativo, Alaric! — Sussurros, sua voz era apenas sussurros agora. O cheiro do álcool havia ficado um tanto familiar com o passar do tempo no hospital, mas nada comparado ao cheiro de cravo e canela que tinha em sua nova residência temporária.O Apartamento ficava no último andar. A Única coisa que separava sua enorme sala das nuvens do lado de fora, eram paredes de vidro fumê que iam de uma ponta à outra do apartamento, dando uma vista espetacular da cidade de Seattle que Dafne arriscava poder ver até Washington.Era alto.Muito alto.Seria difícil se acostumar, não só com a vista, mas com aquele ambiente.Nem mesmo se economizasse seu salário pelo resto da vida, seria capaz de comprar um im&20
O sol era intenso, e mesmo que os raios causassem certo incômodo com a quentura de meio dia, seus dias já se encontravam nublados a muito tempo e era só questão de tempo até a tempestade começar a ruir.Embora os sintomas derivados escassos, suas visitas ao hospital eram sempre por incentivo de sua mãe ou Cassiel, já que a vida para ele havia se tornado um quadro preto e branco monótono desde a partida de alguém que achou que seria presente por toda sua vida.Não que aqueles que partiram antes se tornaram irrelevantes, mas fora só mais um peso para que afundasse e se encontrasse no fundo do poço, onde muito mal chegava ar e luz.Visto que as crises de ansiedade se tornavam severas, Alaric acabou por se isolar mais do que já havia feito, não era justo com as pessoas que o conheceram a anos atrás conhecessem uma versão desestruturada do que um dia j&aa
Adentrou a casa de sua mãe sem mesmo bater, visto que era apenas ela e faxineira, não havia problemas em chegar de supetão.Amara tinha conhecimento da doença de seu filho e acompanhava cada exame de perto.Depois de um ano de quimioterapia e transfusões de sangue dolorosas deixando marcas já quase invisíveis em seus braços, havia chegado a hora de novos exames que infelizmente para uma mulher relatavam seu maior pesadelo, mas para Alaric, seria seu descanso eterno, paz pela primeira vez em muito tempo.Chegou na cozinha espaçosa com Cassiel que vinha logo atrás.Não saberia a reação de Amara ao dar a notícia, então qualquer ajuda seria bem vinda caso precisasse ampará-la, afinal, sua mãe não era mais uma adolescente.A chamou aguardando que ela descesse, bateu os dedos na mármore de forma insistente e sabia que sua começava