Luna Hoje é meu último dia aqui no México, e eu decido passá-lo agarrada à minha avó Lupita. Estamos no quarto dela, aproveitando cada segundo juntas. Conversamos sobre tudo e nada, rimos de histórias antigas, e, às vezes, só ficamos em silêncio, sentindo a presença uma da outra. É um momento que parece fora do tempo, como se o resto do mundo tivesse parado para nos deixar aproveitar isso. Ela passa os dedos nos meus cabelos enquanto me conta sobre os tempos em que cuidava do meu pai e do meu tio Ernesto quando eram pequenos. Dá para ver o brilho nos olhos dela, uma mistura de saudade e orgulho. Eu escuto com atenção, gravando cada detalhe na minha memória, porque sei que esses momentos vão me sustentar quando a distância começar a pesar de novo. Arturo aparece na porta, sem fazer barulho, mas o peso da sua presença é inconfundível. Quando ele nos vê assim, tão próximas, seus olhos endurecidos se suavizam. Ele tenta disfarçar, mas vejo a emoção tomar conta dele. — Vocês duas... — E
LunaEu começo a tirar as peças, uma a uma, enquanto ela observa, pronta para ajudar se precisar. Ela segura minha peruca com cuidado, colocando-a de lado, como se fosse um objeto precioso. Quando estou apenas de lingerie, ela me conduz até a banheira, onde eu entro devagar, sentindo a água quente relaxar meus músculos tensos.— Lembre-se de que você é forte, mas não precisa carregar o mundo nas costas sozinha — diz enquanto pega a esponja.Ela começa a passar a esponja nas minhas costas, exatamente como fez no primeiro dia. O toque dela é delicado, quase maternal, mas há uma força silenciosa ali.— Sabe, fazia isso com o Gael e o Ernesto quando eram pequenos — ela comenta, com a voz carregada de nostalgia.Eu fecho os olhos, deixando as palavras dela me envolverem.— Obrigada por tudo, vó. Não só por esses dias, mas por... tudo mesmo.Ela sorri, embora eu não veja, mas posso sentir no jeito como as mãos dela continuam o movimento, cuidadosas e carinhosas.— Você é um pedaço do meu co
LunaO calor do abraço de Laura foi o que quebrou a última resistência de Luna. Chorando como uma criança, eu deixo que minha mãe me segure. Por um instante, tudo o que existia no mundo era aquele gesto de amor, como se o tempo tivesse parado.— Eu achei que nunca mais ia te ver, Luna. A voz de Laura tremia, e havia alívio misturado com a dor de tantos dias de incerteza e saudades.— Eu também tive medo disso, mãe. Luna apertou os braços ao redor da mãe, sentindo o perfume familiar que tantas vezes havia trazido consolo nos dias difíceis de sua infância.respirando fundo.— É como voltar no tempo... — Ele murmurou, um sorriso suave surgindo em seus lábios. — Ela sempre soube como trazer o sabor de casa, mesmo estando tão longe.Antes que Luna pudesse responder, um grito interrompeu o momento:— É a Luna!Ela se virou a tempo de ver seus dois irmãos correndo em sua direção. Primeiro veio Mateus, o mais velho e Joarez, que parecia ter crescido mais do que ela esperava. Ele a abraçou c
LunaO calor do abraço de Laura foi o que quebrou a última resistência de Luna. Chorando como uma criança, eu deixo que minha mãe me segure. Por um instante, tudo o que existia no mundo era aquele gesto de amor, como se o tempo tivesse parado.— Eu achei que nunca mais ia te ver, Luna. A voz de Laura tremia, e havia alívio misturado com a dor de tantos dias de incerteza e saudades.— Eu também tive medo disso, mãe. Luna apertou os braços ao redor da mãe, sentindo o perfume familiar que tantas vezes havia trazido consolo nos dias difíceis de sua infância.respirando fundo.— É como voltar no tempo... — Ele murmurou, um sorriso suave surgindo em seus lábios. — Ela sempre soube como trazer o sabor de casa, mesmo estando tão longe.Antes que Luna pudesse responder, um grito interrompeu o momento:— É a Luna!Ela se virou a tempo de ver seus dois irmãos correndo em sua direção. Primeiro veio Mateus, o mais velho e Joarez, que parecia ter crescido mais do que ela esperava. Ele a abraçou c
LunaNa manhã seguinte, Luna acordou com o som familiar de galinhas no quintal e o cheiro inconfundível de chimarrão fresco misturado ao aroma de pão saindo do forno. Havia algo reconfortante na simplicidade daquele despertar, como se o tempo tivesse parado desde a última vez que estivera ali.Ela desceu as escadas e encontrou Laura na cozinha, ocupada em organizar o café da manhã para todos. Sobre a mesa, uma pilha de pães caseiros fumegava ao lado de uma jarra de suco de laranja recém-espremido.— Bom dia, querida. Dormiu bem? — Laura perguntou, lançando-lhe um sorriso caloroso.— Como uma pedra. — Luna respondeu, sentando-se à mesa. — Acho que essa casa faz isso com a gente.Laura riu, concordando.— É o peso que sai das costas quando estamos em casa.–Mãe, não vai para o hotel hoje?– Não, Luna, hoje a exclusividade será da minha família. E me dá um beijo na cabeça.Enquanto Luna tomava o café, as vozes animadas dos irmãos começaram a preencher a casa. Mateus apareceu primeiro,
TheoO dia começou como uma tempestade prestes a desabar. O céu estava limpo, mas dentro de mim, o caos rugia como um trovão prestes a explodir. Já se passaram dias desde que voltei do Uruguai, mas aquela garota não sai da minha cabeça. Luna. Minha noiva. Minha maldita e indomável noiva.Só de pensar nisso, meu corpo fica tenso. Cada vez que lembro do jeito que nos conhecemos, minha mandíbula se contrai e meu sangue ferve — de raiva, de frustração, mas também de desejo. Ela tem o dom maldito de mexer comigo de uma forma que ninguém mais consegue. Luna é como um incêndio que devasta tudo por onde passa, e, de alguma forma, eu sou o combustível.Sento na beira da cama, esfregando o rosto com as mãos. Preciso sair desse transe. Preciso me focar nos compromissos do dia. Mas é difícil quando flashes daquela noite do jantar de noivado invadem minha mente. Como nossos pais não perceberam o clima carregado entre nós? Era praticamente palpável. E Luna, com aquela postura altiva e aquele olhar
Théo O dia seguinte passa arrastado. Cada minuto parece durar uma eternidade. À tarde, saio da empresa e me dirijo para casa, onde tomo uma ducha e visto uma roupa mais confortável, não vou para a fazenda de terno e gravata, visto uma calça jeans e uma camisa polo, calço um sapatênis, desço na cozinha para fazer um lanche onde encontro minha mãe.–Theo, você está indo para a fazenda, envia lembranças para todos. Me pede minha mãe.–Falo sim mãe. Termino meu lanche, beijo minha mãe e vou para o carro pegando a mala de mão na sala, o motorista abre a porta do carro e eu entro, peço ao motorista que me leve ao aeroporto Chego no aeroporto e faço check in me dirigindo ao jatinho e vou até o Uruguai e lá pego o helicóptero para chegar mais rápido a Fazenda Feitiço do Sol Nascente. O nome do lugar já carrega um peso. O território de Luna. O lugar onde ela é forte, onde ela é invencível.Chego à fazenda e Javier já deixou um carro a minha espera. A noite está clara, iluminada por uma lu
Treinos e DisciplinaO sol estava cruel no céu, queimando cada centímetro de pele descoberta enquanto eu caminhava em direção ao campo de treinamento. Meu chapéu de aba larga protegia meu rosto, mas a camisa grudava em minhas costas com o suor que já começava a surgir. Lá na frente, Jonh, Joana e Mateus já se movimentavam, ajustando cordas, verificando alvos e alongando os músculos.Jonh, como sempre, foi o primeiro a me notar. Ele se encostou em uma cerca improvisada, com aquele sorriso preguiçoso que ele adorava exibir.— Pensei que ia nos deixar esperando mais tempo, Luna.Revirei os olhos, mas não consegui segurar um sorriso.— Só se vocês não estivessem prontos para perder. Retruquei, jogando o chapéu para o lado e prendendo meu cabelo em um rabo de cavalo firme.Joana soltou um suspiro audível, mas não deixou de sorrir discretamente. Ela era mais séria, sempre focada no objetivo, mas eu sabia que lá no fundo ela gostava das nossas provocações.Mateus, meu irmão, estava ajoelhado