JoanaO CaosO primeiro grito rasga o ar.Um dos conselheiros solta a taça e leva as mãos à garganta. Seu corpo treme, os olhos reviram.Outro cambaleia, tentando falar, mas sua voz é engolida pelo nada.O salão mergulha no caos.Cadeiras são derrubadas. Taças caem e se estilhaçam no mármore. Homens poderosos, temidos no submundo, agora lutam por ar, suas bocas se contorcendo em espasmos involuntários.Da minha posição, observo tudo.Os sintomas surgem rápido. Paralisia. Arritmia. O veneno age cortando os sinais nervosos. Seus corpos falham, um a um.Luna não se move. Seu olhar está cravado em La Reina, que recua, pálida, trêmula.— Maldita… — ela sussurra, a voz falha.Guadalupe sorri.— Gostaria de um gole, minha querida?La Reina avança, mas suas pernas fraquejam. Seu desespero é palpável. Ela se vira para os poucos que ainda não caíram, mas ninguém pode ajudá-la.— O que você fez?! — sua voz vem carregada de fúria e medo.— O que você fez primeiro. — Luna responde, sua voz fria co
Os Segredos de SangueNarração de MateusEstou diante dos monitores, observando os últimos instantes do império de La Reina ruir. Mas nossa missão ainda não terminou.— John, você tem as imagens? — pergunto pelo comunicador.— Transmissão pronta.Na tela principal, aparecem os rostos destroçados de Dardan Basha e Albán Kelmendi, líderes dos albaneses. Estão amarrados a cadeiras de aço, seus corpos cobertos de hematomas e cortes profundos. As marcas da tortura são evidentes.Eles já não têm arrogância nos olhos. Apenas o desespero de quem sabe que a morte é a única saída.Os conselheiros, ainda imóveis devido ao veneno, assistem à cena em silêncio absoluto. Alguns tentam se mover, mas seus corpos não respondem. Suas esposas, ao lado, murmuram orações ou simplesmente choram.Guadalupe está ao meu lado, sua postura ereta, imponente.La Reina, sentada na cadeira que mais parece um trono improvisado, mantém a respiração controlada. Mas vejo seus dedos apertando os braços do assento.Ela es
A Coroa Manchada de Sangue Mateus O silêncio no salão pesa como uma sentença de morte. Todos observam La Reina, sentada no trono improvisado, enquanto seus crimes desfilam diante dos olhos dos conselheiros. O rosto dela está pálido, mas os olhos ainda brilham com uma mistura de ódio e desafio. — Vocês não entendem nada. — ela murmura, mas sua voz carrega uma frieza perigosa. — Eu fiz o que era necessário. Arturo avança, sua raiva finalmente transbordando. — Você destruiu minha família! Matou meu filho e minha nora por ambição! Ela ri, um riso sem alegria. — Você nunca enxergou além do seu próprio nariz, Arturo. Gael era fraco. Ele nunca teria forças para comandar este império. — E por isso você o matou? — Luna corta, sua voz afiada como lâmina. La Reina a encara por um longo momento antes de desviar o olhar. — Ele se colocou no meu caminho ao se apaixonar pela Laís, não sei como não fui informada sobre você senão a teria matado também sem dúvida nenhuma. Eu fiz o que qual
O Julgamento dos TraidoresMateusA escuridão do porão da máfia mexicana sempre teve um cheiro característico: umidade, ferrugem e sangue seco. O silêncio aqui é diferente. Ele pesa, gruda na pele, pressiona o peito como um aviso de que ninguém que entra sai da mesma forma.Descemos as escadas lentamente. Arturo caminha à frente, seus passos firmes ecoando pelo chão de concreto. Ele não fala, mas a raiva contida em seu corpo diz tudo. Suas mãos estão cerradas, os ombros tensos, cada músculo rígido como se estivesse segurando o impulso de avançar sobre aqueles que o traíram.Jonh, Théo e eu o seguimos em silêncio, cada um imerso em seus próprios pensamentos. Mas no fundo, todos sabemos o que vai acontecer. Não há espaço para misericórdia. Ramón Ortega e Alejandro Montoya traíram nosso sangue. Agora, pagarão por isso.As luzes piscam quando entramos no corredor de aço. As portas reforçadas de cada cela estão alinhadas como túmulos esperando seus ocupantes. Arturo para diante da última
O Grito dos Traidores MateusOs gritos de Alejandro Montoya preenchem o porão.Théo, ao meu lado, mantém o rosto impassível enquanto segura uma barra de ferro incandescente próxima ao peito do traidor. O cheiro de carne queimada se espalha, e Montoya se contorce, tentando escapar das algemas presas às vigas de aço. Seu suor escorre misturado às lágrimas, e sua respiração vem em soluços curtos e irregulares.— Você fez sua escolha. Agora lide com as consequências. — Théo murmura, pressionando a ponta da barra em sua clavícula.O grito que Montoya solta faz o ar do porão vibrar. Sua pele crepita sob o calor, e ele se contorce em agonia. Mas Théo não reage. Seus olhos permanecem sombrios, vazios, como se já não houvesse espaço para qualquer compaixão dentro dele.Ramón Ortega assiste à cena, os olhos arregalados de pavor. Seus lábios tremem, mas ele não consegue formar palavras. O medo o paralisa. Ele engole em seco quando Arturo se aproxima, calmamente tragando seu charuto. O brilho da
A Queda da Rainha Narração de Luna O porão de La Serpiente é silencioso, mas há algo de terrível que reverbera no ar. Não é o cheiro, nem a sujeira. É a presença das serpentes. Elas estão em todo lugar, escondidas em suas caixas de vidro. A luz fria, refletida na superfície dos aquários, lança sombras inquietantes sobre as criaturas que se contorcem, mostrando suas escamas como facas afiadas, prestes a cortar o ar. Mas o que realmente me arrepia não são as cobras, nem a frieza deste lugar. É o som do meu próprio coração batendo mais rápido a cada passo que dou em direção ao centro do porão. A cela de Blindex, onde La Reina está presa, é uma prisão física e psicológica ao mesmo tempo. Ela está sentada em seu trono de mentira, um sorriso de desdém ainda esboçado no rosto, mas seus olhos, agora, dizem outra coisa. Eles estão tensos, observando tudo ao seu redor, como se buscassem uma saída que não existe. La Reina nunca esperou estar aqui, nunca imaginou que um dia sua prisão fosse
LunaO Grito da Serpente.A porta do porão range ao se abrir novamente. O som ecoa pelas paredes frias, carregado de uma presença ainda mais sinistra. Guadalupe, a Serpente, entra com sua calma perturbadora. Seus olhos brilham na penumbra, analisando a cena como se tudo fosse um teatro ensaiado. Ela não tem pressa, não tem hesitação.Ela se aproxima de La Reina, sua silhueta se movendo como uma sombra viva. O sorriso de Guadalupe é afiado, quase gentil, mas sua presença carrega algo que vai além da ameaça. É uma promessa de dor.— Você sabe o que acontece quando se pisa no ninho errado? — A voz dela é suave, mas cortante. Ela se ajoelha ao lado do corpo trêmulo de La Reina, seus dedos deslizando pelo braço inchado da mulher como se analisasse um objeto frágil.La Reina solta um gemido baixo, lutando para manter os olhos abertos. A dor do veneno já é insuportável, mas agora ela encara algo ainda pior: a presença de alguém que não sente nada além de fascínio pelo sofrimento alheio.— G
LUNA A Insolente e o Velho LoboO sol mal tinha se erguido no horizonte quando a casa de Arturo e Guadalupe Hernández começou a ganhar vida novamente. Depois da noite intensa de revelações, confrontos e vingança, agora era hora de algo que parecia quase surreal: Descanso.Mas Arturo, com sua postura sempre imponente e olhar calculista, não parecia um homem que conhecia esse conceito. Ele estava sentado na varanda, charuto entre os dedos, observando o grupo que se espalhava pelo pátio como se fossem crianças após um longo dia de travessuras.Luna, encostada na pilastra ao lado dele, cruzou os braços e o encarou de soslaio.— Você está estranhamente calado, Arturo. Está chocado com a minha glória? — Ela provocou, o sorriso brincando nos lábios.Arturo soltou uma risada seca, balançando a cabeça.— Insolente como sempre. Você acha que essa foi a sua glória? — Ele ergueu uma sobrancelha, soltando uma baforada de fumaça. — Isso foi apenas um trabalho bem-feito. Mas confesso que, se co