72°
Na cobertura do hotel Majestic, Monteiro o senhor lagarta e Marilyn a Rainha Branca analisavam Zimey a rainha de copas que caiu doente.
“Febre alta, pressão alta, tremores e cuspindo sangue.” Marilyn olhou o termômetro.
“Acho que nem preciso fazer um exame de sangue.” Pégaso cantarolou balançando o frasco de sangue que acabou de tirar de Zimey. ”Vamos precisar daquelas cartelinhas que isso é segundo estagio de ergozotits.”
“Você está de brincadeira.” Merlin largou o termômetro. “Como ninguém viu”?
“Eu reparei que ela andava ficando pálida e parecia cansada.” Marilyn esfregou o rosto frustrada. “Ela estava se esquecendo das coisas e tendo episódios de confusão.”
“A quanto tempo você percebeu?” Merlin olhou incomodada.
Marilyin pensou.“Quase uma semana.”
“Serio?” Jaguadarte cruzou os braços. “Isso é tipo final do segundo estagio, os sintomas devem ter aparecido a meses, como ninguém, v
73° Com a partida de Zimey e os outros membros da gangue das maravilhas Allix parou de frequentar o hotel Majestic e a turma dos saqueadores voltou a se reunir, mas desta vez sem o Caique. “Gente eu acho que é perda de tempo.” Elena falou desanimada. “Acho que não vamos encontrar nada que não sejam de smegplantas e smegmals.” “Não estamos procurando por saques Elena, esse é um meus esconderijos, eu mesma trouxe um monte de enlatados aqui.” Allix explicou. “Achei aqui”! Cassandra chamou. “Enlatados.” As meninas correram para olhar. “Enlatados”? Zoya fez cara de enjoo. “Faz mais de um ano que eu vivo de seleta de legumes, creme de milho, atum, sardinhas e fiambre com miojo.” “E pêssegos e Abacaxi?” Allix mostrou. “Está brincando?” Zoya beijou a lata. “Como deixamos isso aqui por tanto tempo?” “Porque essa era nossa seleção esquisita.” Allix riu. “Nem lembrava que tinha pêssegos e a
74° Sem a gangue das Maravilhas Allix voultou a sua rotina de fazer trocas no mercado e pegar peixes no pesqueiro como todo mundo. A fila do peixe no pesqueiro estava bem maior do que Allix se lembrava e havia uma grande placa escrito: ‘Precisa-se de trabalhadores. Jornada de oito horas dia. Dois litros de agua e meio quilo de peixe.’ “Que lastima.” Allix comentou. “O que é isso”? “Os pescadores estão montando uma usina de dessalinização. Pode tirar o cavalinho da chuva que não vão aceitar uma magricela como você.” Allix se virou e reconheceu a garota de cabelo ruivo encaracolado e um nariz reto. “Tania? O que você esta fazendo aqui? Pensei que você tinha ido pro campo de refugiados.” “Saímos de lá. Aquele lugar é um inferno.” Ela virou a cara com nojo. “Pior que a zona espiral”? “Muito pior. O campo fica bem na cortina de neblina em volta da zona espiral. Mal se vê dois metros a frente.
75° A vida foi passando em Aquamarina os dias estavam frios e lentos. Nos fundos do restaurante das maravilhas uma longa fila pegava seus remédios. “Como vai Allix.” Um rosto rechonchudo e amável veio cumprimenta-la em um vestido vitoriano. “Como estão as coisas duquesa”? Allix a abraçou. “Agora eu estou no comando. “Ela piscou. “Dodô e o Chapeleiro louco estão mandando comigo.” O Chapeleiro acenou. “Acho que as coisas vão ficar bem calmas sem a Zimey por aqui.” Allix olhou a volta, agora no mercado havia muitos comerciantes vendendo carne e leite. A condessa abraçou Allix por trás. “Fizemos como você pediu e avisamos a todos que o leite e a carne vem de animais mutantes.” “Algumas pessoas até se afastam para não sentir o cheiro, está funcionando.” A duquesa suspirou pegando uma xícara de chá. “O coelho branco, a rainha de copas, a rainha branca, o senhor lagarta e Jaguadarte não
76° Aquamarina era uma referencia de turismo para todo o continente. Suas praias, cassinos e hotéis eram conhecidos mundo afora. Um dos mais famosos hotéis era o Reis, que mesmo após os bombardeios continuava intacto e ficou funcionando como a base da gangue Pescadores, a maior e mais temida em toda Aquamarina. Seus membros festejavam dia e noite, era a ordem do seu chefe, Boris o urso. Nem um só momento de tristeza e monotonia. Fora do ponto quente aonde o pessoal ia se divertir a noite, aquele era o único lugar animado durante o dia. Qualquer pessoa poderia entrar e participar da festa, por isso além de temida, a gangue era de certa forma muito querida pela população. Masha tinha algumas ideias sobre ser uma das “pombinhas virgens” do Boris, mas de certa forma não foi tão ruim quanto pensava. A primeira coisa que aconteceu foi que Boris exigiu um exame ginecológico por parte de “Mel”. Uma garo
77° “O futuro esquecido.” Allix tentou descobrir quem era a mulher falando. “Lembre-se.” Allix abriu os olhos e pegou o despertador no seu bolso que tocava. “Cai no sono por oito horas.” Allix esfregou os olhos borrando sua maquiagem. “Bom dia, minha flor do dia.” Elena ofereceu um café. “Tem conhaque neste capuchino.” Allix reclamou e bebeu do mesmo jeito. “Tive aquele sonho que não consigo lembrar de novo.” “Se você não consegue se lembrar, como sabe que é o mesmo sonho”? “Quando eu estou sonhando, eu me lembro de que sonhei antes, mas quando acordo, me esqueço do sonho, mas me lembro de que já sonhei o sonho.” “Não tenho certeza se isso faz algum sentido.” Elena negou com a cabeça. ”Nem eu.” “Você anda caindo no sono desse jeito nas suas saídas”? Elena colocou a xícara em um canto. “Não existem mais saqueadores noturnos, mas não ficou menos perigoso.” “Só acont
071 - Essa experiência de viagem no tempo te deixou bem mudada. – Kazan olhou no fundo dos olhos de Allix. – Eu poderia até pensar que você é a tal Allix do futuro. - O que é isso? – Allix sorriu encabulada. – Eu pareço tão madura assim pra você pensar que existe uma mulher dentro do meu corpo? - Sim! Digamos que você está mais madura do que me lembro. - Então... Obrigada. Vou tomar isso como um elogio. Os fogos começaram a estourar formando uma coroa a cima da grande arvora da vida. Kazan estava lá e para Allix foi mais do que o suficiente. Continuava Alegre e brincalhão. Não fazia o perfeito par romântico com Pêsseguinho, mas tanto Allix, quanto Cassandra sentiam que eles combinavam. Ele não fazia a mínima ideia e Pêsseguinho não tinha coragem de se declarar. Tudo estava de volta ao normal. Isso era mais do que perfeito. - Mesmo assim... – Allix declarou timidamente. – Ainda existe uma coisa q
79° O céu ficou laranja anunciando o entardecer. Aquele era um dos poucos momentos onde o mercado se acalmava, pois muita gente ia pra praça das igrejas. “Você precisa mesmo pintar a cara desse jeito”? Cassandra reclamou da maquiagem da Allix. “Incomoda-me em demasia e você sabe que tenho asperges.” “Cassandra, desconfio que a sua implicância não tenha nada a ver com asperges.” E continuou a se maquiar. “O senhor Júri está lá.” Cassandra parou na frente da loja. “Vou pegar umas roupas com ele.” “O restaurante das maravilhas está aberto.” Allix virou a cabeça. “Eu vou avisar a duquesa sobre o exército. Se bobear ela sabe mais do que eu.” “Não tenha duvida, a noticia já se espalhou quando você estava dormindo.” Cassandra se despediu. “Então nos vemos depois.” Allix chegou espiando e logo uma grande senhora de seios fartos com vestido azul veio atendê-los. “Se não é a Duquesa.” Allix deu um
80° Havia um boato que metade dos soldados e da força policial que ficaram em Aquamarina entrou para a gangue das maravilhass. Naquele momento ficou claro que todos os soldados e policiais da cidade faziam parte da gangue das maravilhass e estavam apontando armas para eles. Boris olhava para aquilo como se fossem crianças brincando, mas quando Allix chamou Zimey de mãe sua cor mudou para branco. “Fico quinze dias fora....” “Dezoito.” Allix corrigiu. “Fico dezoito dias fora e já está tudo um caos.” “Estamos apenas conversando.” Boris deu um sorriso assustador. “Não precisa agarrar ela para isso.” A rainha falou casualmente com suas mãos nos sabres com bainhas enfeitadas com fitas e laços vermelhos e brancos. “Eu disse para solta-la .” Lumina estava sendo impedida por Jaguadarte e o senhor Lagarta. Seu disfarce já havia saído quase completamente e todos ali podiam ver que o temido Grifo er