Por mais que Dandara fosse uma mulher valente e destemida, ao se dar conta de que estava a sós em um cômodo escuro, com um homem certamente perigoso a segurando com força, ela não pôde evitar vacilar por um instante e todos os pelos do seu corpo se eriçaram.Os olhos de Curtis seguiam presos nos dela, enquanto em sua mente, Dandara se forçava a pensar racionalmente e falar qualquer coisa que tirasse o foco de Curtis dela.— Essa é a hora em que você deve falar, Dandara. — Curtis insiste e tem um sorriso enigmático e sombrio em seu rosto.A verdade era que Dandara não fazia ideia do que falar. Porque tudo que saiu da sua boca minutos antes, não passara de insinuações e suspeitas. Ela tem a plena consciência de que havia falado demais, que havia agido irracionalmente, no entanto, agora que ela estava enfiada naquela bagunça a cada segundo mais. Ela não tinha opções além de tentar virar aquela situação ao seu favor. — Eu apenas estou tentando alertar você, Curtis. — Dandara sussurra
Dandara estava em pé no seu quarto tão pronto quanto os primeiros raios de sol pintaram em sua janela. Mais uma vez, ela não havia conseguido dormir, mais uma noite acordada sendo assombrada pelos demônios do seu passado e a insegurança do seu futuro. Acordou cedo e preparara sua própria mala com tudo que achava que iria precisar pelos próximos dias, enquanto vivesse abaixo do mesmo teto dos Benrouissi.— Você está bem? — Paco pergunta de repente e a atenção de Dandara volta para ele.Eles estavam no carro, indo em direção a mansão de sua família e pelo modo que Dandara mordia os próprios lábios com força e encarava através da janela, Paco poderia apostar que ela estava se arrependendo de sua decisão.— Eu estou bem. — Mas é isso que Dandara responde, mesmo que estivesse inquieta internamente. — Estou tentando criar alguém espécie de meditação que certamente irei precisar pelos próximos dias.Paco a olhou de lado, os olhos instigantes, tentando descobrir tudo que estava por trás
Enquanto Dandara ainda tentava se situar e compreender tudo que aconteceu nos últimos minutos, ela viu quando Gael voltou a falar com seu irmão.— Alex, eu quero a casa vazia. Leve todos os seus amigos embora, e você pode ir também. O irmão mais novo de Paco apenas revirou os olhos, e não entregou nenhum comentário hostil ou infantil, como era do seu costume. Tudo que ele fizera foi se afastar e anunciar aos seus amigos que aquela festa precisaria ir para outro lugar.Dandara notou de imediato o poder que Gael parecia possuir ali. Ele agia com um tanto de indiferença, e era notável um tom gélido em seus intensos olhos azuis. Dandara já estava se preparando para discutir com aquele homem, caso ele ousasse tratar Paco com a mesma hostilidade. Mas o que ele fizera no final das contas, deixou Dandara ainda mais confusa.— Vocês serão bem-vindos aqui. — Ele diz e olha para Dandara. — Não se preocupe com o Alex, ele apenas busca atenção. Dandara apenas assentiu e acompanhou quando Ga
— Estou esperando uma explicação. — Diane insiste quando percebe que ninguém ali estava disposto ao falar o que ela desejava.A verdade era que assim que aquela mulher adentrou ali, todo aquele lugar ficou pesado. Dandara se perguntou como deveria ter sido para Paco crescer em um lar como aquele, porque Dandara só estava ali há menos de uma hora e já poderia sentir a energia carregada e negativa que envolvia todo aquele lugar. Se perguntou como sobreviveria ali pelos próximos dias.— Não há nada para explicar. — Gael diz, por fim. — Só estávamos conversando e coincidiu com você invadindo o lugar.No mesmo instante, Dandara mordeu os próprios lábios com força, sabendo que aquela frase de Gael só traria mais conflitos a confusão já presente no momento. — Mãe, a Dandara irá passar um tempo conosco. — Paco diz, tentando mudar de assunto o mais rapidamente que podia. — Você já a conhece, não é?Dandara pôde perceber a boa intenção de Paco por trás de sua insinuação. Paco apenas havia
Dandara estava petrificada em frente a Gael, a revelação que saiu de sua boca só a deixara mais confusa do que estava ao entrar pelas portas daquela casa.Gael continuava com o olhar preso no dela, impassível, enquanto esperava aquela mulher digerir aquela situação. Mas a verdade era que Dandara não sabia como reagir, ela só tinha perguntas, infinitas questões que naquele momento, ela parecia ser incapaz de pronunciar. — Vamos seguir em frente. — Gael diz de repente, quando não obteve resposta alguma de Dandara. — Acredito que conhecer o jardim é tudo que você precisa agora. — Ele dá um sorriso sarcástico enquanto caminha.— Por favor. — Dandara finalmente abre a boca, porque tudo que ela precisava no momento era tomar um ar.Do lado de fora, Dandara tenta ardentemente não olhar em direção a Gael, enquanto força a si mesma para permanecer em silêncio, para não voltar a ultrapassar uma linha familiar tão sensível quanto aquela. Mas existia algo que ainda rodava na cabeça de Dand
Assim que Paco deixou Dandara e Gael naquela sala de estar, ele seguiu em direção ao escritório do seu avô. Lembrou então da ligação que havia recebido na noite anterior, o que o levou a estar de volta naquela casa após tantos meses.Paco não sentia falta de quase nada daquela mansão, com exceção do seu avô, que sempre havia sido um exemplo de homem e empresário que ele sempre desejou ser. Mas Paco conhecia Jake o suficiente para desconfiar que o seu chamado não era uma simples cortesia.Assim que Paco atravessou a mansão, e foi até a sala onde seu avô estava, o encontrou atrás de sua mesa, os óculos de grau em seu rosto enquanto lia um espesso livro sobre finanças.— Me chamou? — Paco perguntou, anunciando sua presença.Jake baixou o seu livro no mesmo instante e o olhou, um sorriso caloroso ao ver o seu neto de volta em casa. — Você chegou! Ela também está aqui? — Jake pergunta.Ele não precisou falar do nome de Dandara, para Paco saber que ele se referia a ela. Paco e Jake e
— Tudo bem. — Paco diz simplesmente, cedendo ao pedido de Dandara subitamente.A mulher o encara, surpresa por Paco ter se rendido tão rápido assim, porque não era do seu feitio. Paco realmente não desejara trazer Dandara consigo, mas naquele momento, ele não teria tempo de explicar coisa alguma.— Você quer ir, não é? — Paco volta a falar quando percebe que Dandara permanece petrificada frente a ele.— Sim, eu quero. — Ela volta a dizer confiante. Paco evita um suspiro de frustação, mas apenas estica suas mãos, gesticulando para Dandara seguir em frente. Ela o faz, mas antes que Paco pudesse a seguir, ele é interrompido. Gael o segura pelo braço, o que o faz encarar o seu irmão. Paco se vê em seu reflexo, e com apenas um olhar, Gael consegue perceber que há algo errado, o que desperta o instinto protetor de irmão mais velho. — Você sabe que pode contar comigo. — Gael diz. — Só me diga o que precisa.Paco apenas encara de volta o seu irmão, e mesmo sentindo-se grato por aque
Uma câmera lenta parecia ter sido instalada no cérebro de Paco. Enquanto ele assistia, impotente, Dandara em pé no meio daquela rua, enquanto aquele carro acelerava em sua direção.Sem hesitar nem por um segundo sequer, Paco corre em direção a mulher, como se ele fosse capaz de evitar o inevitável. Dandara arregala os olhos em sua direção, e um grito surdo fica preso em sua garganta. Ela quer avisar a Paco que permaneça onde está, que não arriscasse nem um passo a mais, no entanto, já era tarde demais.Porque no momento em que Paco ouve o motor do carro se aproximando, como se estivesse dentro dos seus ouvidos, ele vê o que aconteceria em frações de segundos. Com ela.Paco havia sido inteiramente sincero quando dissera que jamais se perdoaria se algo acontecesse com Dandara, e isso se comprova quando ele se joga em sua frente, a protegendo daquela colisão com seu próprio corpo. Paco sente o impacto daquele carro ao chocar diretamente em suas costas, mas mesmo assim, ele só conseg