Lana Dias - A protetora

Sim, eu sou a melhor amiga da Anne, de verdade, eu a amo e amo o Will, mas preciso confessar a vocês que não foi por acaso que a conheci, eu me aproximei intencionalmente logo que ela chegou na pequena cidade do interior onde vivemos atualmente. Na verdade, mudei para cá logo após Anne chegar, justamente para dar apoio a ela. Bem, é isso que as mulheres da minha família fazem há umas cinco gerações, são como protetoras, mas sem os poderes legais de super-heroínas que poderiam ajudar bastante nas encrencas que temos nos metido nesses últimos séculos.

Tudo começou com minha tataravó indígena, ela encontrou uma jovem dama na beira do rio, ela estava desesperada, seu amado noivo havia ido para a guerra mas na despedida dos dois ela havia engravidado, esperou que de repente ele voltasse a tempo para que cassassem e sua vergonha fosse ocultada, mas o contrário aconteceu, o jovem foi morto em combate e a gravidez já estava avançando, ela não conseguia mais esconder, seu pai, um senhor dos canaviais, homem muito bruto, a expulsou e ela estava ali sem saber o que faria de sua vida. Mesmo sem conseguir se comunicar direito com ela, minha tataravó a levou para a tribo e a criança branca cresceu na aldeia até o dia que o pai da jovem os encontrou, ele estava arrependido, recebei a filha novamente em casa e o nome da família para seu neto. Eles eram os Johnson.

Desde então sempre houve uma ligação entre os Johnsson e a Família Dias, até porque, foi quando minha tataravó foi convidada a ser a dama de companhia da senhorita Johnson que ela conheceu o senhor Dias, com quem veio a se casar.

Depois veio a minha bisavó, ela foi a babá do novo bebê Johnson, mas um dia foi agredida por um homem horrível, quem salvou a vida dela nessa ocasião foi a Senhora Johnson que a encontrou caída na estrada e conseguiu levá-la de carroça até a aldeia para que fosse cuidada, o hospital mais próximo era há dias de distância e não haveria chances de salvá-la se não fosse pelas mãos dos curandeiros e sua experiência com as plantas nativas. Depois disso minha avó foi amiga da avó de Anne quem a propósito apoiou demais minha mãe quando decidiu estudar medicina. Minha mãe cuida até hoje da saúde da mãe de Anne que é muito frágil e elas são amigas também. Eu só ouvia as histórias até que um pouco mais de três anos atrás (não havia conhecido Anne até então), mas um dia minha mãe me chamou para uma conversa séria.

“Filha, eu sei que você tem uma vida, que adora trabalhar na segurança privada, proteger pessoas e que está bem aqui na cidade, mas aconteceu algo com a Anne Johnson e ela vai precisar de alguém forte ao seu lado. Você sabe, há muitas gerações as mulheres Johnson e Dias vem cuidando umas das outras, creio que chegou a hora de você cuidar de Anne e até mesmo suas habilidades como segurança serão muito úteis.”

Confesso que de primeira fiquei bem desconfortável em pensar que ia largar tudo para ir atrás de uma Johnson que eu não conhecia, me esforçar para ficar amiga dela quando eu não tinha nenhum amigo por causa da minha dificuldade em me abrir com as pessoas depois que eu e minha mãe fomos abandonadas pelo meu pai e ainda deveria proteger essa moça sei lá do que, mas aí minha mãe continuou a falar...

“Eu cometi um crime, Lana, não acho que haverá consequências, mas eu dei um falso diagnóstico para Anne para tentar salvá-la de uma situação muito complicada, eu disse que o bebê que ela estava esperando não havia sobrevivido quando ela veio até a clínica por causa de um pequeno sangramento, mas eu sabia que o bebê ainda estava lá, só fiz isso para libertá-la, pois quando o bebê nascesse, o homem responsável pela gravidez ia tirá-lo dela.”

“Não era mais fácil dizer: pai da criança?” Eu retruquei emburrada.

“Aí é que está, querida, ele não era o pai, o paio da criança nem sabe que ela existe, nem Anne, eles nunca se viram...foi tudo uma armação do avô dele, não sei direito essa parte, mas o fato é que ele simplesmente queria um herdeiro, escolheu uma jovem qualquer que trabalhava na clínica dele e ela apareceu grávida, pra piorar, a Anne é virgem.”

Me larguei para trás na poltrona do consultório, olhei para o teto tentando processar as informações, imaginei o que estava passando na cabeça da virgem grávida e meu coração se partiu... eu realmente era uma Dias, precisava estar lá para a Anne.

Eu disse: “É uma história e tanto... então minha missão seria proteger ela e o bebê desse bisavô maluco?”

“Na verdade, dias depois de Anne dar o laudo de que o bebê não havia sobrevivido e antes que ela soubesse que havia sido apenas um erro médico e que o bebê ainda estava lá, o velho morreu, ele já havia lhe dado dinheiro pelo silêncio e ela decidiu se mudar para o interior quando seu pai a expulsou de casa.”

Foi uma história e tanto, minha vida também não estava tão boa assim, minha mãe me deu algum dinheiro e eu comprei uma casa na cidade do interior, bem perto de Anne. Achei um trabalho em um pequeno café daqueles que parecem com os filmes americanos, na verdade o café é de uma mulher que foi casada com um americano, então ela propositalmente abriu um café daqueles que tem torta de maçã, panquecas e serve café das cafeteiras nas mesas. Cedo ou tarde Anne apareceria por ali e não demorou muito... na semana seguinte ela apareceu, fui servi-la e mencionei que parecia a conhecer de algum lugar... que era parecida com uma amiga da minha mãe e bingo! Ficamos amigas.

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