Alex Parker

Samuel me enchia de tarefas muito estranhas, quando me fez ir até a clínica e roubar o esperma do neto dele acho que foi a pior delas, mas eu tenho um carisma natural, consigo cativar as pessoas e meu charme ajuda a conseguir o que eu quero, pelo menos quase tudo, mas não quero falar de sentimentos agora, vamos focar na história do Samuel Garcia, ele estava maluco porque o Leo não queria casar, ter filho e dar um herdeiro para a fortuna dele, o cara trabalhou muito por tudo aquilo e Leo parecia não se importar nada com isso, eu entendi a frustração dele. Então ele convenceu Leo a pelo menos fazer um teste para ver se era fértil, mas já era parte de um plano maior que o coitado do Leonardo não fazia ideia.

Das muitas empresas de Samuel, uma era a clínica onde ele conheceu a jovem Anne, ele se encantou com a menina prestativa e atenciosa que o atendeu na recepção no dia que esteve lá para uma reunião, ele me pediu referencias da moça, pensei que quisesse remanejá-la para outra empresa, mas na verdade ele queria mais do que isso, ele queria um levantamento do histórico médico dela, de sua família além de tudo o que houvesse para saber. Ficou ainda mais encantado depois disso, enquanto lia os materiais ele me dizia “Ela é perfeita, Alex, é ela!” eu não estava entendendo nada até que ele completou “Essa jovem será a mãe do meu neto”.

Não se deve contrariar alguém que está fora de si, certo? Só obedeci às ordens. Como era uma clínica, foi fácil arrumar uma enfermeira que fizesse o procedimento, mas como faríamos para inseminar a recepcionista sem contar a ela? Será que não era mais fácil contratar a jovem como barriga de aluguel? Eu até falei isso para Samuel, mas ele tinha um olhar maluco quando me respondeu. “Ela jamais aceitaria, ela tem caráter, mas se engravidar, também não vai deixar o bebê e se não souber que foi armado para ela, ainda será inocente nessa história.” Então eu tive que pensar em um jeito de ser feito, por sorte na minha pesquisa sobre ela, apareceu que ela tinha um procedimento agendado que necessitava de anestesia geral, então foi fácil, nossa enfermeira infiltrada a inseminou enquanto estava desacordada, depois observou por um mês até ver que a experiência havia sido bem sucedida e me avisou, foi quando procuramos Anne para conversar.

Numa sala de reunião segura, Samuel conversou com Anne na minha presença, ele estava com o resultado do teste de gravidez dela: “Minha jovem, precisamos conversar, eu a escolhi por sua dignidade e caráter para que seja a mãe do herdeiro de minha família, meu bisneto ou bisneta está em seu ventre e eu darei tudo para ele, cuidaremos de você, nada te faltara”.

Ele falava como se tudo aquilo fosse muito normal, Anne foi perdendo a cor e olhando desesperada para ele. “Mas senhor, eu sou virgem, eu nunca conheci seu neto que eu me lembre e... não tem como eu estar grávida, o senhor deve estar me confundindo”

- Eu espero que entenda, eu não tive escolha, meu coração esta muito frágil e preciso morrer sabendo que tudo pelo que trabalhei ficará na minha família, eu pedi que a inseminassem. – Ele falou mais uma vez com uma naturalidade incrível.

- O senhor o quê? – Ela começou a chorar- O que lhe fiz para que destruísse minha vida?

- Não minha querida, você está com seu futuro garantido agora, quem sabe possa conhecer meu neto futuramente, quem sabe possam ser uma família de verdade, mas se não der certo, você sempre será a mãe do meu herdeiro, não faltará nada nem para você nem para ele. A enfermeira já preparou a sala aqui ao lado para fazer um ultrasson, você gostaria de ver o bebê? Eu gostaria muito se não for pedir demais.

- Eu devo estar num pesadelo muito realista...mas já que estamos aqui, vamos ver o tal bebê, quem sabe assim com o ultrassom, vocês me deixem em paz- nessa hora Anne me encarou com fúria nos olhos, ela sabia que eu era parte daquilo e eu me senti até um pouquinho envergonhado.

O bebe estava lá, Anne chorou desesperada, eu não sei dizer bem quais eram as emoções dela naquele momento, mas pelo menos um pouco de afeto eu vi nos olhos dela, ela não faria mal àquele bebê, provavelmente o velho Samuel tinha razão, ela era uma boa pessoa e seria uma boa mãe ara seu bisneto, não o abandonaria apesar de não ter pedido por ele.

Um contrato minucioso foi feito, ela não poderia contar a verdade a ninguém, ficaria em uma propriedade de campo de Samuel sob os cuidados de uma enfermeira e vários empregados ao seu dispor, receberia um salário para si e outro para todas as despesas do bebê e blá blá blá.

Depois disso não a vi mais até o dia que entrou em contato com o atestado da médica contando que havia perdido o bebê, ela estava muito triste

- Eu não queria nada disso, doutor, mas havia me apegado com o bebê, já tinha sonhos para ele, eu queria ser mãe. – Ela chorou enquanto assinava o acordo de confidencialidade e recebia o cheque de um milhão de reais (como se isso fosse apagar tudo o que ela passou, mas pelo menos dava pra recomeçar a vida, né).

Samuel não quis vê-la, ele passou muito mal ao receber a notícia e dias depois partiu dessa para a melhor, sem ter o tão sonhado herdeiro e nem quem cuidasse da sua fortuna, acabei aproveitando a brecha para conseguir aquele dinheiro pra minha viagem até os EUA e também quitar meu financiamento estudantil, umas outras dívidas e viver bem por um tempo.

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