POV AbigailPensei em devolver a fotografia ao seu lugar, mas, por alguma razão estranha, decidi tirá-la da moldura e levar comigo. Voltamos pelo corredor até uma porta dupla de madeira, muito parecida com a do escritório de Felix. Lena abriu a porta, que não fez nenhum barulho, revelando um escritório enorme, com estantes altas, janelas que iam do chão até o teto, uma mesa enorme e vários sofás.A lua subia no céu, derramando sua luz sobre aquele cômodo. A imponente mesa criando uma sombra fantasmagórica no chão. O ar gelado nos envolvia, fazendo pressão sobre meu corpo. Todo aquele lugar me fazia sentir assustada, como se o lobo que passou seus dias ali pudesse aparecer e me atacar, tirando a minha vida apenas por eu estar ali. Com passos hesitantes e trêmulos, continuei olhando e, como eu havia previsto, os livros nas estantes estavam catalogados e organizados através de uma numeração. Enquanto Lena olhava ao redor, tirando as cobertas dos móveis e buscando qualquer tipo de escon
POV AbigailO barulho foi tão alto que as luzes das lanternas se voltaram para a casa novamente. Troquei um breve olhar com Lena, então corremos para a janela mais próxima, por onde entramos, porém, uma forte luz entrou por ela. Paramos, quase caindo no chão.― Merda! A janela quebrou. ― Uma voz veio de fora. ― O guaxinim deve ter entrado por aqui.O som do vidro me deixou em alerta. Eles estavam entrando e, se não agíssemos rápido, seríamos pegas. Agarrei a mão de Lena, correndo para a porta dos fundos onde encontramos as roupas. Ao lado havia outra porta, que parecia desgastada. Me joguei contra ela, sentindo a resistência das dobradiças. A grande cozinha estava caótica, com panelas jogadas, armários abertos e o cheiro terrível de comida apodrecida.Ouvi os passos se aproximando, a adrenalina subia conforme buscava um local onde poderíamos nos esconder. Havia dois armários cujas portas não estavam quebradas, mas eles eram afastados um do outro. Levei Lena até o armário mais próximo
POV FelixMeu celular vibrava no bolso interno da minha jaqueta enquanto eu pilotava pela estrada, desviando dos carros e acelerando minha moto. O vento frio e cortante passava por mim, enquanto me dirigia ao ponto de encontro. Os problemas na fronteira estavam piorando, errantes cometendo diversos crimes estavam chamando a atenção dos humanos. Aquilo precisava ser resolvido rápido para que eu pudesse ir até Idaho buscar Abigail de uma vez por todas.O lugar ficava a cerca de uma hora de moto, nos limites do meu território. Benjamin já estava esperando por mim. Parei minha moto um pouco mais afastado e caminhei até onde ele estava. O lugar combinado era um bar de beira de estrada, frequentado por todo tipo de gente e ficava na zona neutra. Claramente estávamos mais confortáveis em lidar um com o outro, vendo que Benjamin parou de levar seus capachos em nossos encontros. O lobo estava visivelmente estressado e eu já sabia do que se tratava. Maurício havia me enviado uma mensagem avisa
POV AbigailNão tive nenhuma resposta de Felix, Henrique, Luz e nem mesmo Georgina. Era como se todos estivessem me evitando de propósito, o que me deixava extremamente nervosa. Mil coisas passavam pela minha cabeça, até mesmo a possibilidade absurda de que Felix havia adoecido e ninguém queria me falar. Passei os dias seguintes andando pela casa, lendo e relendo os documentos e até mesmo comecei a ler aquele livro que tinha as fotos dos meus pais. Os dias pareciam muito longos e as noites muito curtas, pois sempre sonhava com Felix e nunca era o suficiente.Apesar de tudo, foram dois dias onde fui deixada em paz pela aliança e por Esmeralda. Sem qualquer visita inesperada ou saídas misteriosas para ser vendida pelo melhor lance. Lena dividia seus horários entre ficar comigo na casa e ir até a sede da aliança, onde ela tentava buscar qualquer informação que fosse pertinente.De tempos em tempos eu olhava para o celular, na esperança de que algum deles tivesse me respondido, até que, n
POV AbigailA pobre loba não sabia o que fazer, variando seu olhar apavorado de mim para Rubens, sua boca abrindo e fechando, com medo de tomar qualquer decisão. Todos nos olhavam, alguns de maneira mais discreta enquanto outros não faziam questão de disfarçar. Estávamos chamando muito a atenção, o que era maravilhoso para mim. Queria que o maior número de pessoas me visse naquele lugar, lobos ou humanos. Seriam tantas testemunhas que nem mesmo a aliança poderia lidar com todos sem criar uma grande comoção. Rubens deve ter percebido, pois ficou inquieto atrás de mim, se aproximando com uma expressão de fúria e agarrando meu braço.― O que infernos você pensa que está fazendo? ― Apertando seus dedos em meu braço, Rubens me puxou para mais perto, falando entre os dentes.― Estou buscando uma informação, ou não é esse o trabalho dessa loba? ― Questionei usando meu tom normal de voz e olhando para a jovem, que ficava cada vez mais pálida.Com as mãos trêmulas, a loba tentou se aproximar p
POV AbigailAs provas que eu havia conseguido, que poderiam provar quem eu realmente era, estavam na casa e eram fruto de um arrombamento e roubo. Se contasse que invadi a mansão do falecido alfa em busca de documentos, mesmo se acreditassem em mim, eu seria presa e condenada. Precisava trazer tudo o que havia descoberto a tona sem levantar qualquer suspeita sobre mim, mas seria quase impossível sem a ajuda de Felix. Minha única opção naquele momento era ganhar tempo, então contar para Edgard e Maurício o que eu havia feito e revelar os documentos que estavam em meu poder.― Mesmo que o alfa Nightshade tivesse me contado algo, seria muita coincidência que o nome da minha mãe fosse exatamente o mesmo que o de uma das concubinas e que ela falsificou nossos documentos e certidões em uma tentativa de fuga. ― Retruquei a acusação, olhando para Rubens. ― O falecido alfa Angenna não era um homem conhecido por cometer erros, então, se ele usou a minha mãe e a mim para tentar chantagear a alia
POV AbigailOs alfas estavam divididos. De um lado havia Rogers, Rafael e Esmeralda apoiando a ideia absurda de me enviar para a morte certa, enquanto do outro lado estavam Maurício, Edgard e Dominic, que me defendiam com unhas e dentes. Frederick parecia preferir se manter em silêncio, sendo o primeiro a deixar a sala debaixo de protestos da luna viúva. Aquela situação só ficava mais complicada a medida que as discussões continuavam. Baixei minha cabeça, colocando a mão sobre a testa para tentar aliar a forte tontura que sentia em meio a todo aquele caos, então senti um toque suave, mas firme em meu ombro.― Preciso lhe falar por um momento. ― Ele disse, indicando a porta com o queixo.Para nossa sorte, o caos na sala era tão grande que nem notaram que saímos. Maurício me acompanhou, guiando o caminho até um espaço tranquilo, de onde tínhamos visão de todos os lados, caso alguém aparecesse de surpresa.― Nightshade entrou em contato com você? ― Seu questionamento me fez ficar um pouco
POV AbigailCaminhei pelos corredores, ouvindo os passos apressados que me seguiam. Os saltos batiam com força no chão conforme se aproximavam. Me virei bem atempo de ver Esmeralda, ainda pálida, se aproximar com a mão estendida na minha direção. A loba agarrou meu pulso, me puxando com força e aproximando seu rosto do meu.― Repita o que disse. ― Ela ordenou com um tom firme, apertando seus dedos em minha carne. Puxei minha mão, me soltando e quase derrubando Esmeralda para frente.― Já disse, você não manda em mim, Esmeralda. ― Com um sorriso trêmulo, Esmeralda percebeu que muitos olhos se voltaram em nossa direção.― Vamos conversar em outro lugar, Abigail. Parece que a reunião te deixou um pouco assustada. ― Novamente, Esmeralda usava seu tom doce e gentil enquanto tentava se aproximar de mim.Com um movimento da minha mãe, a afastei bruscamente, acertando seu braço. O choque, não apenas no rosto de Esmeralda, mas de todos ao nosso redor, chegava a ser engraçado. Aquela loba realm