POV AbigailRealmente, Lena não exagerou quando falou cobre a segurança daquele lugar. Havia lobos por todas as partes, vigiando e fazendo rondas constantes pelo perímetro da mansão. Ao meu lado, Lena tremia, encolhida atrás da neve. Ela já tinha feito muito em me guiar até ali, não queria pressioná-la ainda mais.― Pode voltar daqui. Pegue o mesmo caminho que fizemos, evite as áreas com poucas árvores. Tentarei voltar antes que o sol se ponha. ― Disse me um sussurro baixo, já pronta para sair do esconderijo e avançar na direção das altas cercas, mas Lena me deteve, inclinando seu corpo na minha frente.― Não pode entrar lá sozinha, é suicídio. ― Sorri para ela, sentindo um calor suave no peito por conta da sua preocupação.― Vivi como ômega por toda a minha vida, sei como passar despercebida por outros lobos. ― Mesmo assim, está se arriscando de mais, senhorita. Não posso simplesmente ir embora e te deixar.Com o corpo trêmulo, Lena se encolheu ao meu lado, seu focinho tocando a nev
POV AbigailPensei em devolver a fotografia ao seu lugar, mas, por alguma razão estranha, decidi tirá-la da moldura e levar comigo. Voltamos pelo corredor até uma porta dupla de madeira, muito parecida com a do escritório de Felix. Lena abriu a porta, que não fez nenhum barulho, revelando um escritório enorme, com estantes altas, janelas que iam do chão até o teto, uma mesa enorme e vários sofás.A lua subia no céu, derramando sua luz sobre aquele cômodo. A imponente mesa criando uma sombra fantasmagórica no chão. O ar gelado nos envolvia, fazendo pressão sobre meu corpo. Todo aquele lugar me fazia sentir assustada, como se o lobo que passou seus dias ali pudesse aparecer e me atacar, tirando a minha vida apenas por eu estar ali. Com passos hesitantes e trêmulos, continuei olhando e, como eu havia previsto, os livros nas estantes estavam catalogados e organizados através de uma numeração. Enquanto Lena olhava ao redor, tirando as cobertas dos móveis e buscando qualquer tipo de escon
POV AbigailO barulho foi tão alto que as luzes das lanternas se voltaram para a casa novamente. Troquei um breve olhar com Lena, então corremos para a janela mais próxima, por onde entramos, porém, uma forte luz entrou por ela. Paramos, quase caindo no chão.― Merda! A janela quebrou. ― Uma voz veio de fora. ― O guaxinim deve ter entrado por aqui.O som do vidro me deixou em alerta. Eles estavam entrando e, se não agíssemos rápido, seríamos pegas. Agarrei a mão de Lena, correndo para a porta dos fundos onde encontramos as roupas. Ao lado havia outra porta, que parecia desgastada. Me joguei contra ela, sentindo a resistência das dobradiças. A grande cozinha estava caótica, com panelas jogadas, armários abertos e o cheiro terrível de comida apodrecida.Ouvi os passos se aproximando, a adrenalina subia conforme buscava um local onde poderíamos nos esconder. Havia dois armários cujas portas não estavam quebradas, mas eles eram afastados um do outro. Levei Lena até o armário mais próximo
POV FelixMeu celular vibrava no bolso interno da minha jaqueta enquanto eu pilotava pela estrada, desviando dos carros e acelerando minha moto. O vento frio e cortante passava por mim, enquanto me dirigia ao ponto de encontro. Os problemas na fronteira estavam piorando, errantes cometendo diversos crimes estavam chamando a atenção dos humanos. Aquilo precisava ser resolvido rápido para que eu pudesse ir até Idaho buscar Abigail de uma vez por todas.O lugar ficava a cerca de uma hora de moto, nos limites do meu território. Benjamin já estava esperando por mim. Parei minha moto um pouco mais afastado e caminhei até onde ele estava. O lugar combinado era um bar de beira de estrada, frequentado por todo tipo de gente e ficava na zona neutra. Claramente estávamos mais confortáveis em lidar um com o outro, vendo que Benjamin parou de levar seus capachos em nossos encontros. O lobo estava visivelmente estressado e eu já sabia do que se tratava. Maurício havia me enviado uma mensagem avisa
POV AbigailNão tive nenhuma resposta de Felix, Henrique, Luz e nem mesmo Georgina. Era como se todos estivessem me evitando de propósito, o que me deixava extremamente nervosa. Mil coisas passavam pela minha cabeça, até mesmo a possibilidade absurda de que Felix havia adoecido e ninguém queria me falar. Passei os dias seguintes andando pela casa, lendo e relendo os documentos e até mesmo comecei a ler aquele livro que tinha as fotos dos meus pais. Os dias pareciam muito longos e as noites muito curtas, pois sempre sonhava com Felix e nunca era o suficiente.Apesar de tudo, foram dois dias onde fui deixada em paz pela aliança e por Esmeralda. Sem qualquer visita inesperada ou saídas misteriosas para ser vendida pelo melhor lance. Lena dividia seus horários entre ficar comigo na casa e ir até a sede da aliança, onde ela tentava buscar qualquer informação que fosse pertinente.De tempos em tempos eu olhava para o celular, na esperança de que algum deles tivesse me respondido, até que, n
POV AbigailA pobre loba não sabia o que fazer, variando seu olhar apavorado de mim para Rubens, sua boca abrindo e fechando, com medo de tomar qualquer decisão. Todos nos olhavam, alguns de maneira mais discreta enquanto outros não faziam questão de disfarçar. Estávamos chamando muito a atenção, o que era maravilhoso para mim. Queria que o maior número de pessoas me visse naquele lugar, lobos ou humanos. Seriam tantas testemunhas que nem mesmo a aliança poderia lidar com todos sem criar uma grande comoção. Rubens deve ter percebido, pois ficou inquieto atrás de mim, se aproximando com uma expressão de fúria e agarrando meu braço.― O que infernos você pensa que está fazendo? ― Apertando seus dedos em meu braço, Rubens me puxou para mais perto, falando entre os dentes.― Estou buscando uma informação, ou não é esse o trabalho dessa loba? ― Questionei usando meu tom normal de voz e olhando para a jovem, que ficava cada vez mais pálida.Com as mãos trêmulas, a loba tentou se aproximar p
POV AbigailAs provas que eu havia conseguido, que poderiam provar quem eu realmente era, estavam na casa e eram fruto de um arrombamento e roubo. Se contasse que invadi a mansão do falecido alfa em busca de documentos, mesmo se acreditassem em mim, eu seria presa e condenada. Precisava trazer tudo o que havia descoberto a tona sem levantar qualquer suspeita sobre mim, mas seria quase impossível sem a ajuda de Felix. Minha única opção naquele momento era ganhar tempo, então contar para Edgard e Maurício o que eu havia feito e revelar os documentos que estavam em meu poder.― Mesmo que o alfa Nightshade tivesse me contado algo, seria muita coincidência que o nome da minha mãe fosse exatamente o mesmo que o de uma das concubinas e que ela falsificou nossos documentos e certidões em uma tentativa de fuga. ― Retruquei a acusação, olhando para Rubens. ― O falecido alfa Angenna não era um homem conhecido por cometer erros, então, se ele usou a minha mãe e a mim para tentar chantagear a alia
POV AbigailOs alfas estavam divididos. De um lado havia Rogers, Rafael e Esmeralda apoiando a ideia absurda de me enviar para a morte certa, enquanto do outro lado estavam Maurício, Edgard e Dominic, que me defendiam com unhas e dentes. Frederick parecia preferir se manter em silêncio, sendo o primeiro a deixar a sala debaixo de protestos da luna viúva. Aquela situação só ficava mais complicada a medida que as discussões continuavam. Baixei minha cabeça, colocando a mão sobre a testa para tentar aliar a forte tontura que sentia em meio a todo aquele caos, então senti um toque suave, mas firme em meu ombro.― Preciso lhe falar por um momento. ― Ele disse, indicando a porta com o queixo.Para nossa sorte, o caos na sala era tão grande que nem notaram que saímos. Maurício me acompanhou, guiando o caminho até um espaço tranquilo, de onde tínhamos visão de todos os lados, caso alguém aparecesse de surpresa.― Nightshade entrou em contato com você? ― Seu questionamento me fez ficar um pouco