POV AbigailApós mandar Lena para casa, resolvi arrumar a bagunça que havia feito. Aquele lugar não tinha culpa do que estava acontecendo comigo e eu não sabia por quanto tempo viveria ali. Claro que eu esperava voltar para Minnesota o mais rápido possível, mas nada era garantido.Olhei pela janela, vendo a luz do sol refletia na neve branca acumulada no chão. Era um dia atípico, sem vento, então saí por um momento. O ar gelado fazia minha pele se arrepiar, mesmo com um casaco grosso. Olhei para cima, imaginando como estaria na alcateia e se Felix havia dormido bem. Coloquei minha mão sobre o ombro, onde sua marca ardia, me fazendo sentir ainda mais a sua falta.Voltei para dentro, na intenção de comer alguma coisa e planejar o que poderia fazer naquela manhã, quais seriam os meus primeiros passos, quando a porta da frente se abriu de maneira abrupta. Cinco lobos grandes entraram, seguidos pelo beta do falecido alfa supremo. Rubens me olhou de cima a baixo e farejou o ar. Seus olhos b
POV AbigailNovamente, fui colocada na cadeira dobrável, o aperto de Rubens implacável em meu ombro já dolorido. Rosnei para ele, um aviso de que não permitiria que continuasse a me tratar daquela maneira, mas ele não se importou. Rogers se aproximou, erguendo uma foto minha caminhando as margens da floresta enquanto observava a alcateia. ― Pode dizer o que estava fazendo aqui? ― Olhei incrédula para o alfa, que se mantinha sério com a foto em suas mãos.― Isso é sério? Essa foto pode ser de qualquer dia da minha vida. Eu não era permitida a ir além de um limite imposto pelo alfa, por ser ômega naquela alcateia. Apenas nos dias de coleta eu podia entrar, mesmo assim era obrigada a me esgueirar pelos becos e cantos. ― Retruquei furiosa. ― Está dizendo que não se lembra desse dia? ― Rogers insistiu. Olhei para ele com raiva, meu rosnado mais alto o fazendo sorrir abertamente. ― Foi assim que olhou para Ragnar quando o matou?― Não matei Ragnar, mas também não vou dizer que chorei por
POV FelixVer Abigail cercada daquela maneira fez meu sangue ferver como há muito tempo não acontecia. Tudo o que eu queria era arrancar membro por membro de todos que estavam ali e dar de comer aos chacais. Porém, se o fizesse, colocaria tudo o que Abigail havia conseguido a perder. Respirei fundo e, com minhas mãos nos bolsos da calça social, me aproximei, trilhando o longo corredor que dava até o palco.Na noite anterior, um dos meus informantes na aliança me enviou um relatório, onde se dizia estarem tendo progresso com a investigação sobre a morte de Ragnar, sendo que ninguém, nem mesmo o filho, solicitou tal investigação. O relatório também dizia que um suspeito seria interrogado e estava sob custódia da aliança.― Entendi. Então, é assim que eles vão jogar. ― Henrique me olhou intrigado com meu comentário. ― Prepare um voo, vamos fazer uma visita na sede da aliança.― Para quando? ― Meu beta perguntou e eu sorri, recostando na minha cadeira.― Agora.Assim que desembarcamos, de
POV AbigailAs palavras de Felix ecoaram pelo auditório, o peso do que elas representavam tornava o clima tenso no ambiente. Olhei para Felix, que sorria de maneira relaxada enquanto todos estavam pálidos. Rogers tinha seu maxilar tenso e punhos cerrados, porém ele não poderia fazer nada contra Felix diante de tantas testemunhas. ― Declaro meu apoio ao alfa Nigthshade como o alfa supremo. ― Edgard se adiantou, mas ninguém pareceu surpreso com sua declaração.― Quer saber? ― Outro alfa se manifestou, chamando a atenção de todos. ― Parece ser divertido. ― O lobo sorriu, exibindo lindos dentes brancos.Aquele era Frederick Blackthorn, outro alfa do Sul. Sua pele avermelhada e longos cabelos negros e lisos se destacavam entre os alfas. O detalhe de seus brincos de turquesas chamou a minha atenção, assim como outros símbolos que ele usava, como a longa pena presa em seu longo cabelo.O fato que Frederick estava interessado em apoiar Felix parecei incomodar a Luna viúva. A loba olhou surpr
POV AbigailO camarim era pequeno, me deixando ainda mais tensa com a presença de Maurício. A porta se fechou e ele sentou em um sofá no canto da sala. O tornozelo sobre o joelho esquerdo e os braços estendidos no encosto. O sofá de três lugares parecia pequeno para aquele lobo.― Comece. ― Ele ordenou.Engoli em seco, pensando em como eu colocaria não apenas as minhas dúvidas, mas também as minhas verdades diante dele de forma que eu fosse ouvida. Respirei fundo e decidi que apenas diria toda a verdade para ele.― Minha mãe se chama Minerva. ― Seus olhos se arregalaram na mesma hora. ― Passei toda a minha vida acreditando que o nome da minha família era Fears e que meu pai voltaria para nos buscar, mas tudo não passou de belas mentiras contadas pela minha mãe. Infelizmente fomos acolhidas por Ragnar Angenna, da alcateia Umbra, que nos ranqueou como ômegas.― Ragnar fez mesmo isso? ― O fato de que Maurício estava questionando o caráter de Ragnar dizia muito.Aquele alfa maldito escond
POV AbigailOs olhos do alfa se estreitaram e ele voltou para o sofá, se acomodando. Sua postura estava mais relaxada, mesmo que ele mantivesse um rosto sério. O segui, me mantendo de pé diante dele. Seus olhos me analisaram, o que me deixou um pouco desconfortável.― Realmente, você tem mais do seu pai do que imagina. ― Ele disse, puxando do bolso interno de seu paletó uma carteira de cigarros.― Infelizmente eu não tenho como confirmar ou negar isso, alfa Darckfang. ― O lobo sorriu, pela primeira vez desde que chegamos naquele auditório. Ele acendeu seu cigarro, lançando a fumaça para cima.― Lucian sempre foi um sonhador. Nos conhecemos ainda jovens, explorando o mundo humano pela primeira vez em nossas vidas. Como éramos alfas genuínos, a competição foi inevitável. Um sempre tentando ser melhor do que o outro, mas mantendo o respeito mútuo. Até que, um belo dia, Lucian apareceu com uma loba de cabelos negros e olhos castanhos claros. ― Minha mãe. ― Disse com um sussurro.― Ela br
POV AbigailA caminhada pelo curto caminho de volta foi bem mais tranquila. Saber que havia um alfa, além de Felix, ao meu lado me fazia sentir mais segura com relação aos inimigos que me cercavam. Todos pareciam tensos quando voltamos, especialmente a Luna viúva. Seus olhos se arregalaram ao me ver, seu rosto perdendo completamente a cor enquanto nos aproximávamos.A aproximação hostil de Rogers me fez dar um passo instintivo para trás. Maurício se colocou na minha frente, impedindo Rogers de ter contato direto comigo. O alfa rosnou, insatisfeito, mas sabia que não poderia fazer nada além daquilo.― Sobre o que falaram? ― Rogers questionou com um tom ríspido. Maurício cruzou os braços, sem dizer nenhuma palavra. ― Exijo saber o que foi dito por essa loba.― Se fosse algo para os seus ouvidos, ela não teria solicitado falar comigo em particular, alfa Rogers. ― Maurício respondeu, seu olhar feroz sobre Rogers. ― Aconselho que se afaste, antes que se machuque.Uma risada fria irrompeu d
POV Abigail Não tinha nenhuma intenção de ficar mais tempo do que o necessário naquele território, por isso minha prioridade seria reunir todas as provas de que precisava para então limpar meu nome e provar que Lucian Frostshelm era meu pai biológico. Ter Lena ao meu lado facilitaria muito aquele processo, já que ela tinha acesso a certos lugares que jamais me permitiriam acessar. Enquanto estava perdida nos meus pensamentos, não percebi que Felix e Maurício haviam se afastado de mim. Suas expressões estavam muito sérias e evitei ao máximo ouvir sobre o que falavam, mesmo sendo difícil para mim fazê-lo. Logo, eles voltaram e Maurício estendeu sua mão na minha direção. Não entendo nada, apenas fiquei olhando confusa para aquele gesto estranho. ― Seu telefone. ― Ele diss. Peguei o aparelho no meu bolso de trás da calça e o entreguei. Poucos segundos depois, Mauricio me devolveu o aparelho, na tela o nome e o número do celular dele. ― Se precisar de qualquer coisa, basta ligar nesse nú