POV AbigailO camarim era pequeno, me deixando ainda mais tensa com a presença de Maurício. A porta se fechou e ele sentou em um sofá no canto da sala. O tornozelo sobre o joelho esquerdo e os braços estendidos no encosto. O sofá de três lugares parecia pequeno para aquele lobo.― Comece. ― Ele ordenou.Engoli em seco, pensando em como eu colocaria não apenas as minhas dúvidas, mas também as minhas verdades diante dele de forma que eu fosse ouvida. Respirei fundo e decidi que apenas diria toda a verdade para ele.― Minha mãe se chama Minerva. ― Seus olhos se arregalaram na mesma hora. ― Passei toda a minha vida acreditando que o nome da minha família era Fears e que meu pai voltaria para nos buscar, mas tudo não passou de belas mentiras contadas pela minha mãe. Infelizmente fomos acolhidas por Ragnar Angenna, da alcateia Umbra, que nos ranqueou como ômegas.― Ragnar fez mesmo isso? ― O fato de que Maurício estava questionando o caráter de Ragnar dizia muito.Aquele alfa maldito escond
POV AbigailOs olhos do alfa se estreitaram e ele voltou para o sofá, se acomodando. Sua postura estava mais relaxada, mesmo que ele mantivesse um rosto sério. O segui, me mantendo de pé diante dele. Seus olhos me analisaram, o que me deixou um pouco desconfortável.― Realmente, você tem mais do seu pai do que imagina. ― Ele disse, puxando do bolso interno de seu paletó uma carteira de cigarros.― Infelizmente eu não tenho como confirmar ou negar isso, alfa Darckfang. ― O lobo sorriu, pela primeira vez desde que chegamos naquele auditório. Ele acendeu seu cigarro, lançando a fumaça para cima.― Lucian sempre foi um sonhador. Nos conhecemos ainda jovens, explorando o mundo humano pela primeira vez em nossas vidas. Como éramos alfas genuínos, a competição foi inevitável. Um sempre tentando ser melhor do que o outro, mas mantendo o respeito mútuo. Até que, um belo dia, Lucian apareceu com uma loba de cabelos negros e olhos castanhos claros. ― Minha mãe. ― Disse com um sussurro.― Ela br
POV AbigailA caminhada pelo curto caminho de volta foi bem mais tranquila. Saber que havia um alfa, além de Felix, ao meu lado me fazia sentir mais segura com relação aos inimigos que me cercavam. Todos pareciam tensos quando voltamos, especialmente a Luna viúva. Seus olhos se arregalaram ao me ver, seu rosto perdendo completamente a cor enquanto nos aproximávamos.A aproximação hostil de Rogers me fez dar um passo instintivo para trás. Maurício se colocou na minha frente, impedindo Rogers de ter contato direto comigo. O alfa rosnou, insatisfeito, mas sabia que não poderia fazer nada além daquilo.― Sobre o que falaram? ― Rogers questionou com um tom ríspido. Maurício cruzou os braços, sem dizer nenhuma palavra. ― Exijo saber o que foi dito por essa loba.― Se fosse algo para os seus ouvidos, ela não teria solicitado falar comigo em particular, alfa Rogers. ― Maurício respondeu, seu olhar feroz sobre Rogers. ― Aconselho que se afaste, antes que se machuque.Uma risada fria irrompeu d
POV Abigail Não tinha nenhuma intenção de ficar mais tempo do que o necessário naquele território, por isso minha prioridade seria reunir todas as provas de que precisava para então limpar meu nome e provar que Lucian Frostshelm era meu pai biológico. Ter Lena ao meu lado facilitaria muito aquele processo, já que ela tinha acesso a certos lugares que jamais me permitiriam acessar. Enquanto estava perdida nos meus pensamentos, não percebi que Felix e Maurício haviam se afastado de mim. Suas expressões estavam muito sérias e evitei ao máximo ouvir sobre o que falavam, mesmo sendo difícil para mim fazê-lo. Logo, eles voltaram e Maurício estendeu sua mão na minha direção. Não entendo nada, apenas fiquei olhando confusa para aquele gesto estranho. ― Seu telefone. ― Ele diss. Peguei o aparelho no meu bolso de trás da calça e o entreguei. Poucos segundos depois, Mauricio me devolveu o aparelho, na tela o nome e o número do celular dele. ― Se precisar de qualquer coisa, basta ligar nesse nú
POV AbigailConvenientemente, um carro estava esperando por nós na saída do auditório, como se todo o caos que aconteceu fosse apenas mais um dia na vida daqueles lobos. Os olhos do motorista se arregalaram ao ver Felix, mas ele não se atreveu a dizer nada. Entramos no carro e Felix me puxou para o seu colo.― O que você pensa que está fazendo? ― Disse empurrando seu peito, tentando me sentar ao seu lado no banco de trás. Ignorando completamente minha resistência, Felix afundou seu nariz no meu pescoço, respirando profundamente enquanto suas mãos vagavam por dentro da minha blusa. Tentei conter um gemido, vendo que o motorista estava prestes a entrar no carro. Afastei o rosto de Felix, olhando em seus olhos.― Se continuar assim, aquele lobo vai sentir meu cheiro e me ouvir gemer. ― Fiquei em choque ao perceber que Felix estava ponderando se pararia suas investidas ou não. Voltei a empurrá-lo, sentando ao seu lado no exato momento que a porta do motorista se abria.Seguimos todo o ca
POV AbigailFelix se apoiou na parede, puxando um cigarro do bolso interno do paleto e o acendendo. Sentei ao seu lado, abraçando meus joelhos e tentando me concentrar em qualquer coisa que não fosse a conversa que se desenrolava dentro da casa. Estava claro que Henrique não iria aceitar Lena como companheira, e eu não o julgava por aquilo. Lena era uma completa estranha para todos nós, mas era impossível para mim apenas fingir que não me importava, pois eu entendia os sentimentos que nasceram no coração daquela loba.Esperança, desejo, felicidade. Mesmo que ela jamais tivesse visto Henrique antes, a deusa o escolheu para ser o seu companheiro de destino, algo que sua mãe não teve e que poderia significar estabilidade e segurança na vida de qualquer loba. Apoiei minha testa nos joelhos, suspirando.― Ele não irá tomá-la como companheira. ― Felix disse. Olhei para o alfa, que soltava a densa fumaça branca.― Eu sei disso. ― Respondi, apertando mais meus braços.― Então por que está faz
POV AbigailAquele simples toque foi o suficiente para gerar uma descarga elétrica por todo o meu corpo, tornando impossível resistir aquele olhar que Felix me dava. Suavemente, ele me afastou da porta, colando minhas costas contra a parede e se colocando diante de mim, suas mãos apoiadas na parede e seu corpo curvado sobre o meu. O perfume apimentado me envolveu, como um abraço caloroso que me fez tremer de desejo por ele.Baixei meus olhos por um momento, tentando retomar o controle do meu corpo e dos meus pensamentos, mas era uma tarefa muito difícil quando Felix insistia em ter a minha atenção. Ele aproximou mais seu corpo do meu, seu calor me fazendo suar, mesmo com o frio invernar que nos cercava. Ergui meus olhos para os dele, nossas respirações se mesclando em fumaças brancas.― Por que ficou irritada? ― Seu tom baixo e grave não fazia parecer que ele estava me interrogando. Virei o rosto e fechei meus olhos enquanto colocava minhas mãos atrás do corpo.― Não estou. ― Respondi
POV AbigailA neve continuava a cair, cobrindo o rastro da Lena e dificultando que eu encontrasse o caminho certo. Farejei, buscando qualquer cheiro diferente. Não havia prestado atenção ao cheiro da loba, então tive muita dificuldade em encontrá-la. Ao ver seu pequeno corpo encolhido, sentada sobre uma pedra, com neve se acumulando sobre seus ombros e cabelos, pude respirar aliviada. Me aproximei com cuidado, fazendo barulho para que ela percebesse minha presença.― Lena. ― Chamei por ela, que rapidamente passou as mãos pelo rosto. Sentei ao seu lado, mantendo o silêncio.― Não precisava ter vindo atrás de mim. ― Ela disse com a voz embargada.― Sei disso, mas também sei o que você está sentindo. ― Lena soltou uma risada seca.― Você sabe? Vi como o alfa Nightshade olha para você. Não tem como você saber o que é ser rejeitada.― Sei muito mais do que você imagina. ― Olhei para Lena, que mantinha uma expressão de desconfiança. ― Felix não é meu predestinado, eu o conheci após ser reje