POV AbigailRealmente era uma fotografia, mas minha mãe não estava nela. Era um tipo de foto oficial, feita para imprensa, de um homem alto com cabelos negros e olhos dourados brilhantes, como pedras preciosas ou mesmo pepitas de ouro. O homem tem um olhar sério e frio, seus traços se destacavam, mostrando que era um homem muito bonito, mas não havia nada em seus olhos. Estranhamente, ele me parecia familiar. Detalhes como os cabelos ondulados escuros, a pele clara com várias cicatrizes expostas a faz lembrá-la de Felix. Porém, o terno caro me incomodou, até mesmo tendo um broche com uma pedra preciosa chamativa.― Esse lobo…― Lucian ainda não era o alfa supremo. ― Esmeralda disse, se aproximando para também olhar a foto em minhas mãos. ― Ele me mandou essa foto quando decidimos a data do casamento.Qualquer sentimento que pudesse estar surgindo no meu peito desapareceu imediatamente. Joguei a foto sobre a bancada e me afastei. Aquele lobo não significava nada para mim, toda a curios
POV Abigail― Está me expulsando? ― O tom indignado em sua voz fazia parecer que ela estava apenas fazendo uma visita e eu a estava expulsando sem qualquer razão. ― Não tenho mais nada para tratar com você, luna viúva. Agora tudo o que quero é descansar um pouco. ― Esmeralda, com um olhar desesperado, segurou a porta com força, tentando fechá-la, mas não permiti.― Eles eram amantes! ― Ela gritou, me surpreendendo. Suspirei, apertando a ponte do meu nariz e fechando os olhos com força, sentindo que minha cabeça começava a doer com toda aquela conversa.― Sério? Agora vai jogar essa carta ridícula? Minha mãe fugiu por ser amante de Lucian.― Aquela puta era amante de Ragnar! ― Congelei, olhando fixamente para Esmeralda. ― Eles tinham um plano para destruir Lucian, por isso te levaram para longe, para nos chantagear.O olhar desesperado de Esmeralda enquanto agarrava meus ombros com suas mãos trêmulas me fez sentir enjoada. O som de algo se partindo chamou a atenção de Esmeralda, que f
POV AbigailMe sentia sobrecarregada com tantos sentimentos estranhos, minha cabeça doía tanto que fechei meus olhos por um momento, ouvindo os passos cuidadosos de Lena se aproximando. Olhei para cima, a vendo se aproximar lentamente com um copo em suas mãos.― Senhorita. ― Lena estende o copo na minha direção, suas mãos trêmulas e olhar assustado. Farejei, buscando qualquer coisa nociva naquele copo, mas não senti nada. Olhei para Lena, que continuava nervosa de pé. Coloquei o copo de lado, sem o tocar, e continuei observando ao redor. Ver a consequência da minha raiva, estranhamente, me deixava tranquila. Talvez por conta de ter destruído coisas que não me pertenciam.― Se me permite. ― Lena disse, se ajoelhando mantendo uma distância segura. ― Mais cedo, me perguntou sobre minha mãe.― De repente decidiu falar? A visita da Luna viúva deve ter mexido com você. ― Disse, sorrindo de lado enquanto observava a loba apertar suas mãos fechadas sobre suas pernas. ― Uma das lobas que fug
POV AbigailAcordei com barulhos altos no andar de baixo, vozes e coisas sendo quebradas. Me levantei, a escuridão predominante tanto dentro quanto fora de casa. Estava tarde para que Lena ainda estivesse lá, especialmente com alguém. Sai do quarto, tomando cuidado ao meu aproximar da escada, caminhando em silêncio.― Já disse que não precisa. ― Lena disse, tentando sussurrar. Sua voz estava alterada, como se ela estivesse irritada com a pessoa com quem falava.― Seja um pouco mais prudente, pense na sua mãe. Ela deve estar preocupada com você. ― A voz masculina ecoou pelo ambiente, a autoridade nela fazendo os pelos da minha nuca se arrepiarem. Não era nada como a autoridade de um alfa, mas ainda era poderosa. Me esgueirei, chegando mais perto do topo da escada. Me escondi perto de uma porta, tentando ver o quem estava com Lena. O cheiro do lobo era intenso, como o de um predador poderoso, sua presença marcante. De onde estava, apenas consegui ver suas costas largas e cabelos castan
POV AbigailAquela situação estranhamente familiar me fez sorrir, um sorriso triste por conhecer os sentimentos que dominavam o coração daquela loba. Tínhamos a mesma idade, nossas mães foram trocadas por Esmeralda, fosse por conta do jogo de poder ou por uma ilusão amorosa. Me levantei, ficando frente a frente com Lena. A loba me olhou surpresa e desconfiada, dando um passo para trás.― O que você sente quando vê o beta? ― Perguntei. Lena me olhou desconfiada e confusa, algo normal já que minha pergunta parecia sem sentindo para ela.― Me desculpe, senhorita, mas não sei onde quer chegar.― Estou perguntando, porque conheço esse sentimento, de ser abandonada. Esse sentimento que consome seu coração, o desejo de destruir aqueles que fizeram sua mãe e você sofrerem.Os olhos de Lena se arregalaram. Ela abriu a boca, mas a fechou, mordendo o lábio com força. Passei por ela, pegando aquele livro e o abrindo e pegando a flor seca. Quem colocou aquilo ali teve muito cuidado e carinho, algo
POV AbigailApós mandar Lena para casa, resolvi arrumar a bagunça que havia feito. Aquele lugar não tinha culpa do que estava acontecendo comigo e eu não sabia por quanto tempo viveria ali. Claro que eu esperava voltar para Minnesota o mais rápido possível, mas nada era garantido.Olhei pela janela, vendo a luz do sol refletia na neve branca acumulada no chão. Era um dia atípico, sem vento, então saí por um momento. O ar gelado fazia minha pele se arrepiar, mesmo com um casaco grosso. Olhei para cima, imaginando como estaria na alcateia e se Felix havia dormido bem. Coloquei minha mão sobre o ombro, onde sua marca ardia, me fazendo sentir ainda mais a sua falta.Voltei para dentro, na intenção de comer alguma coisa e planejar o que poderia fazer naquela manhã, quais seriam os meus primeiros passos, quando a porta da frente se abriu de maneira abrupta. Cinco lobos grandes entraram, seguidos pelo beta do falecido alfa supremo. Rubens me olhou de cima a baixo e farejou o ar. Seus olhos b
POV AbigailNovamente, fui colocada na cadeira dobrável, o aperto de Rubens implacável em meu ombro já dolorido. Rosnei para ele, um aviso de que não permitiria que continuasse a me tratar daquela maneira, mas ele não se importou. Rogers se aproximou, erguendo uma foto minha caminhando as margens da floresta enquanto observava a alcateia. ― Pode dizer o que estava fazendo aqui? ― Olhei incrédula para o alfa, que se mantinha sério com a foto em suas mãos.― Isso é sério? Essa foto pode ser de qualquer dia da minha vida. Eu não era permitida a ir além de um limite imposto pelo alfa, por ser ômega naquela alcateia. Apenas nos dias de coleta eu podia entrar, mesmo assim era obrigada a me esgueirar pelos becos e cantos. ― Retruquei furiosa. ― Está dizendo que não se lembra desse dia? ― Rogers insistiu. Olhei para ele com raiva, meu rosnado mais alto o fazendo sorrir abertamente. ― Foi assim que olhou para Ragnar quando o matou?― Não matei Ragnar, mas também não vou dizer que chorei por
POV FelixVer Abigail cercada daquela maneira fez meu sangue ferver como há muito tempo não acontecia. Tudo o que eu queria era arrancar membro por membro de todos que estavam ali e dar de comer aos chacais. Porém, se o fizesse, colocaria tudo o que Abigail havia conseguido a perder. Respirei fundo e, com minhas mãos nos bolsos da calça social, me aproximei, trilhando o longo corredor que dava até o palco.Na noite anterior, um dos meus informantes na aliança me enviou um relatório, onde se dizia estarem tendo progresso com a investigação sobre a morte de Ragnar, sendo que ninguém, nem mesmo o filho, solicitou tal investigação. O relatório também dizia que um suspeito seria interrogado e estava sob custódia da aliança.― Entendi. Então, é assim que eles vão jogar. ― Henrique me olhou intrigado com meu comentário. ― Prepare um voo, vamos fazer uma visita na sede da aliança.― Para quando? ― Meu beta perguntou e eu sorri, recostando na minha cadeira.― Agora.Assim que desembarcamos, de