Ouvindo aquelas palavras de um quase total desconhecido, minha mãe conseguiu se sentir um pouco melhor. Tudo o que aquele homem havia falado era verdade. No fundo ela sabia que não tinha culpa do que tinha acontecido, mas ela não conseguia se livrar daquele sentimento. Mas ouvir tudo o que ele havia falado, fez ela pensar que realmente não teria nada que ela pudesse ter feito para que Rosinha ficasse em casa. Rosângela teria ido embora mesmo que minha mãe tivesse ficado na Bahia. Nada iria a impedir de fazer o que ela queria. Ela só esperou completar 18 anos de idade. Não importaria se minha mãe estivesse ou não em casa.
- Minha filha pode ter sido vítima de trágico de mulheres, senhor Bahia. Foi isso o que aconteceu. Ela se iludiu com um homem na nossa cidade natal, se deixou deslumbrar por uma vida mais agitada, diferente da monótona vida que tínhamos na nossa cidade. Não
Subimos esgotados para o nosso quarto. Tomamos banho e pensamos em ir dormir, mas apesar do sono e do cansaço, ninguém conseguiu dormir naquele resto de madrugada”." Esperamos dar o horário para tomarmos café. Tomamos banho, nos arrumamos e descemos para o café da manhã. Apesar de termos comido um pouco de madrugada, com a cortesia do seu Bahia, nós ainda estávamos com fome. No dia anterior estávamos tão eufóricos e preocupados que não sentimos muita fome e comemos muito mal. Mas depois de uma noite mal dormida e de quase 2 dias sem nos alimentar direito, a fome bateu forte.- Será que já conseguiram alguma informação sobre Rosinha, Luiz? - Minha mãe perguntou enquanto estávamos sentados na mesa que escolhemos para tomar café da manhã.- Acho que ainda é cedo, mãe. Quando eles descobrirem a
- Bom dia, senhores e senhora Leopoldina. Eu não quero parecer muito insistente e nem invasivo, já peço perdão se estiver sendo, mas eu senti que vocês ainda iriam precisar de ajuda nessa saga de vocês, de encontrar a menina que está desaparecida. Como vocês disseram que nunca estiveram aqui, achei que qualquer ajuda seria bem vinda e eu vou ter muito prazer se puder ajudar vocês de alguma forma. Como eu tenho um táxi, o que posso fazer por vocês é levar para onde vocês precisarem ir e ajudar na locomoção na cidade. Se vocês aceitarem essa oferta, é claro.- Bom dia, senhor Bahia. Eu não sei como poderemos agradecer tamanha bondade. Não estavamos esperando tanta ajuda assim e aceitamos sim, com bom grado, porque realmente precisamos e seria mais fácil esse percurso, ao lado de alguém tão gentil como o senhor. - Minha mãe fal
- Minha mãe falou que o diálogo que elas tiveram foi o seguinte: "Dona Rai? Sou eu, a Marcinha.. Dona Rai, eu me enganei, eu preciso muito de ajuda. Eu só sabia o seu número decorado, nunca esqueci. A senhora pode dizer para a minha mãe...". E a ligação caiu. Minha mãe ficou meio confusa no momento da ligação. Ela ficou esperando que o telefone tocasse de novo, mas ele não tocou mais. Não naquela noite. Nos próximos meses minha mãe continuou a receber ligações bem tarde da noite algumas vezes. Não eram todas as semanas e nem foram todos os meses também, mas ela sabia que era a Marcia. Já tem uns dois meses que ela não recebe mais nenhuma ligação. Minha mãe resolveu sair pelo bairro perguntando se eles sabiam quem que tinha oferecido o trabalho para Marcia. Ela mora em um bairro que todos se conhecem e todos falam sobre tudo.
Eu sou natural da Bahia, mais especificamente de Senhor do Bonfim. Fui muito feliz naquele lugar. Minha família era muito grande, mas Deus foi levando um à um com o passar do tempo. O câncer é uma doença realmente devastadora. Levou meus pais muito cedo e meus irmãos também. Eu sou o caçula, com uma diferença grande de idade do meu último irmão. Acho que não tenho muito o que falar sobre a minha infância e adolescência. Tive uma vida comum, com a felicidade de ter uma família maravilhosa e muito unida. Meu pai e minha mãe eram muito trabalhadores, ela o ajudava na plantação de maracujá, mas depois do terceiro filho eles preferiram que ela fosse se dedicar somente aos filhos. Davam muito trabalho, né? Crianças são mesmo uma peça. Meu pai nunca foi um homem machista, ele parecia sempre muito a frente do seu tempo. Acho que por is
Eu tinha 25 anos quando fui embora da minha cidade. Deixei o terreno para as famílias de meus irmãos, meus sobrinhos e suas esposas e esposos. Vim embora e nunca mais olhei para trás. Meu passado tinha muitas coisas boas, mas também tinha muita morte. A morte, que inclusive, me assombrava muito. Mas assim, adiantando uma parte da história, como vocês podem ver, acho que a morte não me quis, porque hoje eu estou aqui com 50 e tantos anos, vivo. O motivo? Não tenho ideia, mas sou grato. Enfim. Peguei carona até chegar no Rio de Janeiro. Essa cidade já era desejada por muitos brasileiros, de todos os lugares. Eu não conhecia muito sobre aqui não, mas ouvi falar durante o meu percurso saindo da Bahia. Estava meio perdido sem saber o que faria, quando um dos caras que também estava pegando carona na estrada, me disse que iria vir para a cidade maravilhosa. Aí eu perguntei dele que cidade era essa e ele disse que era o Rio de Janeiro. Eu já tinha ouvido falar do Rio de Janeiro, mas não conh
O prédio onde o senhor Bahia morava era muito bonito. Ficava bem de frente para o mar e realmente tinha cara de só morava ali quem tinha muito dinheiro. Quando subimos para o apartamento dele foi mais chocante ainda. O apartamento era impecável. Era muito bem ornamentado, para a época, é claro e era tudo de muito bom gosto. O seu Bahia não parecia combinar com aquele lugar, porque ele se vestia de maneira muito simples. Não era um homem que se importava muito com aparências.- Bem vindos ao meu lar, espero que gostem e fiquem bem a vontade. Vou pedir para a Aparecida fazer uma janta bem gostosa para todos nós, ela é uma cozinheira de mão cheia.- Quem é Aparecida? - Minha mãe perguntou.- É a senhora que trabalha aqui em casa faz anos, é como se ela fosse da familia.- Ah, chegou, né, seu velho! Sabia que eu tinha ouvido alguma cois
Seu Bahia e minha mãe, deixaram tudo o que tinham para meu irmão, para a Dona Aparecida e para mim. Eu posso dizer que vivo bem e que não preciso do meu salário para sobreviver, mas eu faço o que gosto. E sempre trabalhei com muito afinco e com muita certeza de que faço isso porque quero realmente poder ajudar pessoas, ajudar pessoas como a minha irmã.Sobre a minha vida pessoal, nunca mais me apaixonei por outra mulher e nem nunca mais consegui ter um relacionamento com outra pessoa. Meu coração sempre foi e sempre será de minha falecida esposa. Também nunca tive mais filhos. O papel de filho sempre vai ser da minha pequena menina, que eu acredito que ainda encontrarei um dia.E foi assim que eu cheguei até você, Ana. Hoje eu cubro o morro que você mora, ou morava, não sei como será daqui pra frente. Me chamaram porque eu ainda estou trabalhando em um ca
Luiz Tavares realmente estava cansado e tinha muito em sua mente naquela noite. Tinham muitas coisas atuais para se pensar e ele ainda tinha trazido muitas coisas de seu passado a tona. Muitas coisas que ele não lembrava há um tempo, ele acabou lembrando quando começou a contar sua história para Ana.Ulisses já estava indo embora, seguiu para o seu carro e sentou no banco. Sua mente também estava à mil. Por que o caso da menina Ketlen estaria envolvido com o da menina Ana, um incêndio?Ulisses, mesmo sem querer, porque já havia perdido noites e noites em claro por causa do desaparecimento da menina Ketlen, começou a lembrar de cada passo que deu no caso da menina e de tudo o que havia acontecido.Ketlen era uma menina de apenas 14 anos de idade. Ulisses lembra bem dela, lembra do primeiro dia que a viu, em como ela segurava a mão da mãe dela, que estava deitada na maca, naquele ho