No dia seguinte, Carmem optou por não ir ao hospital. Ela foi direto para a escola seguindo a sua rotina de todos os dias. Ela ainda não sabia o que Lúcia teria pensado quando a viu conversando com Clara, e isso estava fazendo com que ela se preocupasse e se não tivesse mais tanta certeza se voltaria a ir novamente no hospital. Havia muito para pensar porque qual seria a outra desculpa para ela voltar novamente lá...? Ela diria que estava fazendo visita a uma outra pessoa? Ela precisava pensar bem antes de voltar. Ela precisava estar preparada caso Lúcia fosse perguntar dela.
Carmem foi fazer a vistoria que sempre fazia no colégio. Ela andava pelo colégio inteiro, observando se tudo estava no devido lugar e se certificando que todos os al
No final daquele mesmo dia, Carmem decidiu que tentaria ir ao hospital novamente. Ela disse para si mesma que talvez ela estivesse exagerando e que Lúcia, talvez, poderia não ter notado nada ou que não fosse nada tão grave quanto ela estava pensando.- Eu ainda preciso ter certeza de que Lúcia realmente não trabalha naquele lugar. Posso ter deixado passar algo. - Carmem pensou em voz alta.Carmem saiu um pouco mais tarde da escola e acabou chegando no hospital um pouco depois das 19 horas. Ela esperava que ainda pudesse encontrar Clara na sala dela, mas quando chegou lá ela encontrou a porta fechada. Mas não estava conformada e resolveu ligar para Clara, já
No mesmo instante Carmem sentiu seu corpo inteiro gelar. Foi como se ela tivesse parado até de respirar. Ela demorou alguns segundos para responder, mas sabia que precisava ser rápida.- Não, não. Vim visitar aquela minha amiga que teve bebê. A Clara não está mais aí.- Ah sim. É verdade, ela costuma sair mais cedo do hospital. Mas você conhece ela de onde mesmo? Vi vocês conversando naquele dia e até me surpreendi, porque a Clara quase não fala com ninguém.- É... Eu conheço a C
- Talvez ela tenha se atrasado, Ana. Talvez seja só isso.- Talvez, Davi. Mas isso é muito estranho. Eu estou muito preocupada com ela. O celular dela continua dando como desligado?- Vou tentar ligar mais uma vez.Davi ligou, mas o celular continuou a dar desligado.- Davi, a gente precisa saber se ela está bem. A secretária dela já chegou?- Não sei. Talvez já esteja no refeitório.
Davi viu quando Ana estava se aproximando no corredor e foi em direção a ela.- Ana? O que aconteceu? Você está quase branca.Ana não respondia, somente olhava para o nada.- Ana? O que aconteceu? Fala comigo. Ana?- Ela não veio e a Bianca também não consegue falar com ela.- ...- Davi, fizeram alguma coisa com ela.
Tico, como era conhecido, era um rapaz que deveria ter mais ou menos 21 anos. Era novo, mas já tinha conquistado a confiança de Bichão, o que não era tarefa fácil. Ele era realmente muito bom em fazer tudo o que era preciso e não tinha medo e nem receio de fazer o que precisasse, com quem quer que fosse.Tico era filho do dono de um morro vizinho, mas quando completou 10 anos de idade, seu pai perdeu o morro e foi morto em uma emboscada. Tico se viu sozinho, pois ele não tinha mais ninguém. Sua mãe também se fora quando seu pai morreu e ele se viu completamente sozinho. Nessa época, Bichão já era conhecido nos morros. Quem era da barra pesada, sabia com o
Tico olhou para Carmem, olhou em seus olhos. Foi uma surpresa que ela tivesse perguntado aquilo dele, da maneira como ela perguntou. A voz dela não estava trêmula e o seu tom não era de raiva. Ela apenas perguntou como se fosse uma pergunta qualquer, como se fosse, "como foi o seu dia?".Tico não respondeu com palavras, apenas fez que sim com a cabeça. Carmem então falou:- Entendo.. Eu sei que você só está seguindo ordens.Tico estava comendo um salgadinho e direcionou o pacote até Carmem, oferecendo a ela.- Não, obri
Carmem se calou, mas não sem antes notar os olhos cheios de água de Tico. Ela percebeu que ele tinha sim um ponto fraco e percebeu também que ele era uma pessoa que também tinha sentimentos. Ela conseguiu sentir empatia por ele. Ela conseguiu sentir afeto pela pessoa que a tinha raptado e que provavelmente daria fim em sua vida. Não era algo que ela podia controlar. Era algo natural para Carmem.Tico olhava para fora e ficou pensativo. Ele nunca havia questionado Bichão, nem quando envolvia menores de idade. Mas naquele momento ele estava se questionando sobre aquela mulher. Ela não era como os outros que ele tinha que dar um jeito. Ela era diferente e ele sentia vontade de ainda poder ouvir a sua voz...
Thomaz ficou alguns minutos calado, enquanto Carmem começava a perder um pouco o controle. Em determinado momento, depois de ter conversado um pouco com Tico, ela estava conseguindo se acalmar e começava a acreditar na possibilidade de conseguir sair dali. Mas depois do que Tico disse a ela, ela começou a perceber que as chances dela sair dali com vida, eram quase nulas.- Olha, dona Carmem, não é nada pessoal. Não comigo, mas com é com o chefe e ele sempre dá um jeito de resolver os problemas dele. Se não for eu, vai ser outro. Entendeu?- Acho que entendi, Thomaz. Você está basicamente me dizendo que eu vou morrer de qualquer forma, a diferença é que pode ter um