Eu passei a gostar muito de ciência. Era um assunto que eu poderia ficar horas estudando e lendo sobre.
- Você está se saindo muito bem nessa matéria, Ana. Quer dizer, você está se saindo muito bem em todas as matérias, mas em ciências você demonstra ser muito hábil. A professora sempre a elogia e diz que você apresenta os melhores trabalhos.
- Obrigada, diretora Carmem. Eu gosto muito mesmo. Eu quero ser médica um dia, diretora Carmem e para isso eu preciso estudar muito. A professora Maria disse que é um dos cursos mais difíceis, mas se eu estudar muito eu posso conseguir.
- Eu to
Eu sabia que algumas de minhas colegas de classe, que tinha 14 ou 15 anos, porque estavam atrasadas, estavam grávidas. Eu achava muito estranho no começo, mas depois se tornou algo normal.Mas eu nunca havia me interessado por meninos. Eu gostava de ficar com Davi, de conversar com ele, de brincar com ele, mas nunca havia pensado em meninos dessa forma. Eu não tinha interesse nenhum em namorar ou em qualquer coisa do tipo.Eu não reparava em como meu corpo estava mudando tão rápido, mas foi nesse época, 1 ano depois dessa conversa que tive com o doutor Alexandre e com a diretora Carmem, que um dia, quando Davi me cham
Quando o menino Maurício desapareceu, Carmem pediu que um de seus funcionários mais antigos, que trabalhava na limpeza e devia muita a Carmem, por toda a ajuda que ela havia lhe dado. Inclusive conseguindo esse emprego para ele. Ele sempre fazia tudo o que ela pedia. E ele sabia que ela tinha uma tendência a se preocupar muito com seus alunos. O nome dele era Robson.Robson era um antigo morador do morro da Rocinha e ele conhecia muita gente que morava ali. Ele conhecia os moradores mais antigos e sempre sabia das fofocas que rolavam por lá. Mas de todas as pessoas que Robson conhecia, Lúcia não era uma delas.- Diretora, eu já lhe falei que não sei muito sobre essa mulher. As poucas informaç
Paralelo as surras que eu levava, eu ainda tinha uma vida muito boa no colégio. Eu estudava cada vez mais e aprendia cada vez mais também. Até inglês eu estava começando a aprender sozinha. Davi continuava sendo meu melhor amigo, mas agora, um pouco mais moça, com 15 anos de idade. Eu começava a perceber que meu coração batia mais acelerado todas as vezes que eu estava muito perto dele. Davi tinha se tornado um belo rapaz. Muito diferente do menino branquelo, com óculos enormes e desengonçado que eu havia visto pela primeira vez. Ele havia crescido muito e o seu corpo se tornou muito bonito. O seu sorriso continuava sendo gentil como sempre foi. Eu amava aquele sorriso. Eu também já havia mudado muito. Meu corpo se tornou mais curvilíneo e eu notava que os rapazes me olhavam muito. A diretora Carmem havia me ensinado como cuidar e como pentear meu cabelo. Eu sempre guardava tudo o que me davam na sala da diretora Carmem. Ela me perguntou somente uma vez o porquê de eu não levar as
Teve uma noite que aquele homem do carro chique apareceu na frente de casa e Lúcia foi encontra-lo lá na frente. Lembro de ouvir uma parte da conversa deles. Não consegui ouvir tudo, mas foi naquele dia que levaram o Joaquim embora de casa.- Mas ele está bem aqui e já está muito grande. - Lúcia falou.- Surgiu um interesse nele e ainda podemos conseguir um bom valor. Você sabia que isso era temporário.- Mas você disse que ninguém quis ele e que era para eu dar um jeito.- Eu disse que você poderia fazer o que qu
Fomos indo para o cinema e conforme eu fui descendo o morro, eu fui sentindo mais medo ainda. Aquela seria a primeira vez que eu iria de fato sair do morro, porque a escola ficava lá embaixo, mas ficava bem do lado da entrada do morro. Então ficava praticamente dentro do morro de qualquer forma. Tanto que chamavam de escola da Rocinha.O cinema ficava um pouco mais distante que o colégio, mas ainda assim dava para ver o morro. Meu coração batia mais forte conforme eu ia me afastando e eu comecei a suar. Acho que Davi deve ter percebido que eu estava ficando nervosa.- Ta tudo bem, Ana? Você está meio pálida.- Ta sim,
Lúcia não demorou muito a chegar. Ela disse que chegaria mais tarde, mas ela chegou um pouco depois das 19 horas. Ainda bem que eu já estava em casa há um tempo. Mas ela parecia que notava algo diferente de longe.- Que cheiro é esse? - Lúcia perguntou- Que cheiro? - Eu perguntei assustada, porque já imaginava que ela estava sentindo o cheiro do hidratante.- Um cheiro de perfume ou sabonete diferente.- Não estou sentindo nada.
Diretora Carmem não tinha uma boa fama mesmo no colégio. Pelo menos não no sentido de ser a pessoa mais amável que havia ali. Ela era conhecida por ser sempre muito profissional, muito inteligente, mas muito dura também. É porque quase ninguém sabia a quão boa ela era e o quanto ela fazia pelos alunos. Nem que ela era capaz de abdicar de sua própria vida para ajudar o próximo.Assisti a aula um pouco mais tranquila por causa da minha conversa com a diretora Carmem. O que ela havia dito realmente fazia sentido. Eu já tinha visto o Davi conversando com outras meninas e até sabia que tinham algumas que gostavam dele. Mas eu nunca tinha visto ele se envolver com alguém e nós sempre estávamos juntos.
Davi nunca havia sido um menino de muita atitude. Ele não nasceu no morro da Rocinha. Seus pais moravam em um apartamento, que não ficava em uma área que era nobre, mas que era muito melhor do que o morro.Carlos, seu pai, era nascido do morro, mas tinha conseguido sair de lá quando completou a maioridade. Foi tentar uma vida diferente e foi nessa tentativa de vida que ele conheceu Mariete, que futuramente seria sua esposa. Mariete vinha de uma família que não era rica, mas também não eram pobres. Ela trabalhava com o pai em um mercadinho que eles tinham. Não era nada grande, mas foi assim que ela conheceu Carlos. Mariete era extremamente branca, assim como seus pais e ela tinha os cabelos castanhos claros. Ela era uma mulher muito bonita e logo chamou a atenç&at