Capitulo 3

RICARDO SANCHEZ.

Depois de um longo dia de trabalho, fui com Carlos em uma 'boate' de luxo aqui perto, haviam várias pessoas conhecidas, muitas mulheres bonitas e bem vestidas, já no local convidamos duas garotas para dançar conosco, tomamos alguns drinks. Já podia sentir essa sensação novamente, eufôria, poder, luzes fortes e corpos suados se movendo de acordo com a batida.

Pronunciei em seus ouvidos palavras a quais todas as mulheres gostam de ouvir, que inflamam seus egos, elas sorriram fingindo uma certa timidez a qual eu sabia que não existia, a noite prometia.

Depois da dança, puxei uma das garotas em um sofá a parte, ela sentou-se cruzando as pernas propositalmente me fazendo lançar um olhar vagarosamente sobre seu corpo. Lentamente coloquei minha mão por trás do seu pescoço afastando seu cabelo. Com a outra mão acariciei seu rosto e contornei seus lábios com o polegar, quando estava prestes a beijá-la, uma voz conhecida surgiu interrompendo meu ato. 

__ Senhor. Revirei os olhos, era só o que faltava, nem aqui teria um pouco de paz, pedi um segundo para responder a meu fiel empatador.

___O que foi Yuri? Espero que seja importante. Disse sem olhá-lo.

__ Sim é importante senhor. Tossiu e aproximou o rosto do meu ombro. __ Sara se encontra desaparecida. Susurrou baixo o suficiente, me levantei imediatamente afrouxando a gravata. 

___Como assim desaparecida? Digo exasperado.

__ Eu fui buscá-la no colégio e não encontrei, um garoto disse que ela tinha saído para dormir na casa de uma amiga, mas depois descobri que era mentira do pivete. Franzi a testa. 

__ E você vem me avisar agora. Respondo atormentado.

__ Eu tentei ligar, e ao que parece seu celular estava desligado.__ Imediatamente checo meu terno pegando o aparelho, percebo que há várias ligações perdidas da minha filha, uma sensação de culpa toma meu interior. Vejo um recado dela na caixa postal e quando escuto percebo o desespero no seu tom de voz, sinto como se uma faca tivesse sido enficada no meu peito. 

___ Ela me ligou. Sussurro demonstrando certo arrependimento. __Droga!! Esbravejo _ Yuri toma, vai agora à delegacia e tenta descobrir de onde é esse número. 

___Sim senhor. Se retira e carlos me olha preocupado. 

___ Tenha calma Ricardo, nós vamos encontrá-la.

__ Claro que vamos, juro que quando achar essa garota, ela vai ouvir umas poucas e boas. Falei aborrecido. __ Eu devia ter deixado o celular ligado. Sento de volta, passo a mão no rosto mostrando nitidamente minha inquietação. 

___O que resta é irmos embora, e esperar pela resposta do Yuri. Conclui.

__ Sim tenho que ver como minha mãe está. O encaro sério. 

******

Retornamos para casa, no caminho não conseguia parar de pensar sobre o assunto. Se algo acontecer com minha filha não irei me perdoar nunca, Carlos estava tentando me tranquilizar, era inevitável, eu sou um péssimo pai.

Estacionamos o carro, desci entrando em casa imediatamente, encontrei minha mãe chorando no sofá sendo consolada por uma das empregadas, assim que me viu se levantou e veio em minha direção com um olhar fulminante e começou a me golpear com tapas um tanto quanto violentos para sua idade. Tento segurar seu braço. 

__ A senhora está louca? Por que está me batendo?

__ A culpa é sua Ricardo, eu disse que ela não estava bem, por que não consegue dar atenção a sua filha? Joga a verdade na minha cara. Confesso que aquilo me acertou como um chute no estômago.

___ O que a senhora está dizendo? Eu dou tudo para Sara, aliás é por isso que ela faz essas coisas, é muito mimada. Retruco aborrecido, não poderia acreditar que dona Ester estava me acusando de não dar atenção a Sara, se tudo que faço na vida é pelo bem dela. 

__ Não Ricardo. __Eu não devia ter deixado seu pai ter te criado daquela forma. Diz em um tom de arrependimento.

___ Tarde demais para se arrepender, não acha? Sorri falso. __Eu sou feliz mãe. Penso em nós, no futuro da Sara. Segura meu rosto em lágrimas, mostrando desconfiança nas minhas palavras. Odiava quando me encarava dessa forma, sabia que não conseguia esconder nada dela por muito tempo.

__ Senhor! O Yuri chega correndo um pouco ofegante, imediatamente olhamos para ele. Suspiro agradecendo-o mentalmente por me livrar dessa.

___ Desembucha Yuri, descobriu de quem é o número?

__ Não, quero dizer melhor que isso. É a Sara. Ele me entrega o celular e pego rapidamente atendendo. 

___ É melhor você ter uma boa resposta para isso mocinha. 

__ Aqui quem fala é a professora da sua filha fique tranquilo. Agora Sara está bem e se não fosse por Deus poderia estar morta depois de ser assaltada. Fui informada, que ligou para um certo pai irresponsável pedindo ajuda, mas com certeza devia estar muito ocupado com algo bem importante a ponto de deixar o celular desligado._ Havía certa irônia na sua voz.

__ Vou mandar o endereço da minha casa e amanhã poderá vir buscá-la, porque acredite, sua filha não quer ver o senhor hoje e certamente tem ótimos motivos para isso. Franzi a testa é impressão minha ou acabei de levar uma bronca de uma desconhecida?

__ Quem a senhora pensa que é? Irei perdoá-la dessa vez por que não deve saber com quem está falando. _ Quero falar com a minha filha agora. Retruco sem paciência.

__ Sou professora da sua filha Senhor Ricardo. Esse é seu nome não? Então sei exatamente com quem falo. Sara não quer falar agora, está muito chateada e creio que deveria respeitar seu tempo. Como disse ela está ótima comigo, boa noite. Desliga na minha cara sem dar a chance de resposta. Travei a mandíbula irado.

___ O que houve? Minha mãe pergunta. 

___ Como esperado, está na casa de uma professora. Aviso para que se tranquilize. Ocultei o fato do assalto. __ Amanhã irei buscá-la imediatamente. Agora vou tentar dormir. Sorri falsamente.

Cheguei no quarto ainda com as palavras daquela mulher repetindo como um disco riscado na minha mente, quem pensa que é para ter tamanha petulância de falar daquela forma comigo?

Entro no banho deixando a água cair sobre meu corpo tirando todo peso dessa noite, com certeza amanhã essa professorinha vai engolir cada frase que disse assim que me ver pessoalmente, de certa forma minha filha poderia estar morta e a culpa seria minha, será que minha mãe tem razão? Por que sempre pensei que tudo que fazia pela Sara era suficiente, tudo que sempre quis para ela foi o melhor, eu apenas faço o que está ao meu alcance como pai, conversar sobre sentimentos é coisa para Jaqueline, não cabe a mim fazer isso. 

***********************************

Acordei cedo no outro dia e me arrumei rapidamente. Tinha que estar antes do almoço na empresa, hoje tenho uma reunião Importante onde fecharei um grande contrato que renderá ótimos lucros. Porém antes vou finalmente até a casa da professora buscar Sara. Terminei de me trocar e peguei o aparelho celular que estava em cima da mesinha, chequei as mensagens e e-mails, abri onde estava seu endereço. Não fazia ideia que lugar era esse. 

Yuri certamente saberia, coloquei o no bolso do paletó.

___ Vai buscar minha neta? Minha mãe veio ao meu encontro no corredor. 

__ Sim, e nem adianta a senhora me pedir para pegar leve com ela, adivinha porque? Eu não vou. A olho e ela dá um sorriso gentil.

___ Não vou te pedir isso. Por que sei que não vai precisar. Ela passa a mão no meu paletó alisando, e a olho desconfiado. 

__ A senhora me assusta às vezes. Afasto suas mãos saindo e a deixando com seu sorriso de quem está tramando algo.

___Bom dia senhor. Yuri cumprimenta assim que entro no carro.

___ Só se for para você. Respondi sério e ele ri. Mostrei o endereço e o mesmo encara desconfortável.

___Algum problema? Arqueio a sobrancelha o fitando.

__ Não..não senhor. Gagueja em que parte eu me perdi? Porque todo mundo resolveu agir estranho hoje? Ignoro, afinal se não quer dizer não vou obrigá-lo. Pego meu notebook e começo a checar alguns e-mails, inclino o pescoço para aliviar o desconforto, meu corpo estava tenso, ontem era para ser uma noite relaxante e se tornou totalmente o contrário.

E o pior que não peguei o número daquela garota na 'boate, isso é totalmente frustrante. 

Alguns minutos depois ele avisa que chegamos, deixo o aparelho do lado, assim que abre a porta, olhei para fora espionando.

__ Tem certeza que esse é o lugar? Pergunto mirando aquela estrada deserta que mais pareciam cenários de filmes de terror.

__ Sim, vamos. Dá a volta no carro abrindo para mim, segue na frente e acompanho logo atrás. Chegamos em frente a uma casa de portão aberto, era bem simples, também em um lugar como esse seria estranho esperar uma mansão. Ele bate palmas e chama o nome de alguém, olho para cima e para baixo com a mão no bolso, preocupado em ser assaltado.

__ Yuri que surpresa! Lanço um olhar para a dona da voz. Literalmente levo um susto colocando a mão no peito. Isso deve ser um pesadelo. A professora que me ligou é a mesma que saiu daquele carro, a qual critiquei por se vestir tão mal, e o pior, eles se conhecem? Estão se abraçando agora, ótimo estou vivendo dentro de um filme de terror.

A observo de cima a baixo, até que se encontra melhorzinha, sem óculos destacando seus olhos castanhos claros. Olhando assim até que não é  feia, com uma roupa atraente e uma maquiagem bem feita passaria uma noite com ela com certeza. O que estou pensando agora? Já devo ter esquecido como me tratou no telefone. 

__ Vai entrar ou vai ficar me analisando? Comenta sorrindo e fecho a expressão. 

___ Cadê minha filha? Pergunto sem rodeios. 

__ Está lá dentro, vamos entrar Ricardo. Sorri amigável, falsa. Segura meu braço com as duas mãos me levando para dentro e tento soltar inutilmente. Olho para o Yuri pedindo socorro e ele apenas dá de ombros. 

Caminho praticamente sendo arrastado por aquela mulher louca, nem parecia a mesma petulante do telefonema.

__ Senhorita acho que sei andar sozin... Antes de terminar vejo um bicho preto e vermelho vindo na minha direção latindo.

__ Aaaah socorro! Grito e me coloco atrás dela agarrando seu braço como proteção, e a mesma começa rir .

__ Calma bonitão é só a Nega. Se solta gargalhando e vai até a cachorra. Aqui tudo parece sair de um filme de terror. Olha para esse animal. 

___ O que eu disse sobre não mexer nas tintas? Dá bronca e a cachorra abaixa a cabeça como se entendesse o que ela dizia, e a essa altura não duvidava disso. __ Depois a gente conversa. Faz carinho nela e em seguida se levanta  me olhando divertida, me recomponho imediatamente, minha cota de paciência já tinha acabado. Quando percebo que iria agarrar meu braço novamente, me afasto e aponto suas mãos sujas com expressão de nojo. 

__ Desculpe, que desligada, iria manchar seu terno. Vem me acompanhe. Gesticula.

Entro com receio e sou recebido por olhares curiosos, um homem no sofá com cara de poucos amigos, uma moça loira muito bonita por sinal, ao menos uma que demonstra ser normal e finalmente minha filha com um garotinho no colo. 

___ Princesinha do papai. Vou até ela que se levanta entregando o garoto e a abraço. __ Graças a Deus você está bem, papai ficou tão preocupado. Beijei o topo da sua cabeça. 

___Pai chega de teatro. Se afasta e semicerro os olhos. 

___Não é teatro Sara, eu realmente fiquei preocupado. 

__ Aonde o senhor estava que não me atendeu? Quer saber nem precisa dizer, eu já sei. Cruza os braços debochada. 

___Sara, vamos conversar em casa. Isso é um assunto de família. Falei alterando o tom. 

__Eu não vou voltar para casa. Retruca erguendo o rosto me desafiando. 

___O que disse? Ri dando um passo para frente e Yuri segura meu braço. 

___O que o senhor ouviu, não quero voltar para a casa. O senhor nem vai sentir minha falta. __ A não ser que pague minha professora para me expulsar, por que é a única coisa que sabe fazer comprar as pessoas. Dessa vez essa garota passou dos limites, levanto a mão para bater nela. 

__ Epa! Pode ir parando que dentro da minha casa, o senhor não vai bater em ninguém. A professora entra na frente segurando meu braço e a fito sério.

__Como disse? 

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