MILENA CHRISTIANTerminei de comer o que restava do sanduíche, mesmo que o meu apetite já tivesse desaparecido após tudo. Bebi o restante do chá de maçã com canela, sentindo o calor suave acalmar-me por dentro. Mas, ao mesmo tempo, o meu estômago ainda estava tenso, não pelo café, mas pelas palavras de Merith, que continuavam ecoando na minha cabeça. O que ela queria de verdade? Estava claro que o ciúme dela a estava cegando, e agora não sabia até onde ela estava disposta a ir para atrapalhar Edward e a mim.Meu Deus, eu estava me sentindo completamente dentro de uma telenovela mexicana.Paguei a conta rapidamente e saí do café, respirando o ar frio e tentando clarear os pensamentos. Enquanto caminhava de volta para o carro, os ventos fortes ainda sopravam, só que agora com menos intensidade, fazendo com que eu apertasse o blazer ao redor do corpo. Entrei no carro, liguei o motor e comecei a dirigir, saindo do estacionamento e tomando rumo a empresa que não fica longe de cá.Olhava pa
MILENA CHRISTIANE ela riu suavemente, talvez contente quando eu não respondi mais nada, e inclinava-me para assinar o documento, mas não foi difícil perceber a situação desconfortável que ficou na sala, e eu nem poderia dar o troco com a ideia que tive de acariciar a minha barriga de forma pouco discreta, porque Enrique estava lá, me restando apenas o sabor amargo do meu orgulho ferido..Quando finalmente a reunião terminou, eu me levantei rapidamente, ainda mantendo a fachada de calma. Com um breve aceno, me despedi dos outros e saí da sala. O meu primeiro instinto foi ir diretamente para o meu escritório e fechar a porta.Assim que me sentei à mesa, peguei o celular fixo e liguei para Edward. Sabia que precisava contar tudo para ele o mais rápido possível. Apertei o telefone contra o ouvido, esperando ansiosa que ele atendesse.— Buongiorno, moglie desobediente — A voz de Edward soou do outro lado da linha, um pouco rouca, como se estivesse cansado.Respirei fundo antes de começar
MILENA CHRISTIANDepois de um dia trancafiada no escritório, com papéis e rabiscos por toda a parte, finalmente o expediente chegou ao fim. Passara horas tentado a todo o custo encontrar uma ideia que se diferenciasse de tudo o que já projetara para o contrato de Edward. A pressão de fazer algo memorável pesava sobre mim, mas naquele instante, o desejo de descansar sobrepujava qualquer ideia de trabalho.Arrumei a minha bolsa, fechei o escritório e saí, sentindo o cansaço em cada passo pelo longo corredor. Ao longe, vi Enrique em uma conversa animada com alguns colegas. Assim que seus olhos se fixaram em mim, apressei os passos, desviando o olhar. Não queria conversa. Depois do dia que tivera, o mínimo que eu queria era sair dali sem interrupções ou perguntas desconfortáveis.No estacionamento, me acomodei no carro e suspirei. Tudo o que desejava era chegar em casa, tomar um banho, jantar e desabar na cama. Curioso como eu já me sentia estranhamente à vontade no apartamento de Edward,
EDWARD PORTMANO restaurante era uma mistura de aromas convidativos e conversas baixas que se misturavam ao som suave de um piano ao fundo. A luz amarelada pendia dos lustres, dando um ar íntimo ao local. Eu estava ali, sentado à mesa com Norman, mas minha mente vagava por outros lugares. Passei a mão pelo rosto, exalando um suspiro que carregava dias de frustração acumulada.O contrato com a minha concorrente que a Elizabeth Bunion já era como uma pedra no sapato — incômoda e inesperada. Pior ainda era a minha incapacidade de partilhar isso com Lewis, temendo que a situação afetasse Milena. Non avrei potuto sopportare se ela ficasse zangada comigo, ou, pior, triste.Norman, sempre atento aos meus gestos, inclinou-se ligeiramente para a frente, os olhos brilhando com uma curiosidade que era impossível ignorar.— Edward, isso já está ficando engraçado. É a quarta vez que você suspira em menos de dez minutos. Vai me contar o que se passa, ou devo adivinhar? — Provocou com um sorriso esc
EDWARD PORTMANALGUMAS HORAS DEPOIS, NOITE DO JANTAR…A sala estava um caos tranquilo. Todos estavam largados em diferentes posições, bêbados o suficiente para não se importarem com a luz ainda acesa ou com a música baixa que tocava no fundo. Eu, apesar de ter bebido mais do que o usual, ainda estava consciente o bastante para observar tudo à minha volta com clareza. Norman, esticado no tapete, era uma visão que eu não podia perder — uma foto para futuros momentos de chantagem seria perfeita.Clique.A câmera do meu celular registou o momento de forma impecável.Ruby e Sophia dormiam num canto do sofá, abraçadas de uma forma que só irmãs de alma fazem. Milena, por outro lado, estava encolhida do outro lado, quase impercetível se não fosse a cor dos cabelos que contrastava com o estofado escuro. Por um momento, perguntei-me se ela não sentia frio, mas a ideia logo se dissipou.Aproximei-me da minha irmã e toquei-lhe de leve no ombro.— Principessa, é hora de dormir na cama — sussurrei,
EDWARD PORTMANNorman estava ao meu lado, estalando os dedos como sempre fazia quando ficava impaciente. Ele me encarava com um sorriso enviesado, esperando que eu notasse a sua presença.— Hei, Edward, está distraído com o quê? É ainda sobre a confusão da Merith? — Norman Duncan arqueou a sobrancelha com uma expressão provocadora que me fez bater na mão dele para afastar do meu rosto.Balancei a cabeça, um sorriso discreto surgindo, sabendo que se lhe contasse sobre a noite que ele teve a ideia do contrato, ele me acusaria de estar pensando na minha noiva de fingir, o que não seria de todo mentira.— Nada disso. Só estava pensando no que me espera no escritório nesta fria tarde. A papelada, os contratos… — Dei de ombros, tentando soar casual. Mas a verdade era que a minha mente vagava por outro lugar, um lugar com cabelos ruivos e olhos que escondiam segredos.— Sempre você e o trabalho. — Norman riu e fez um gesto dramático com a mão. — Mas falando em coisas mais importantes, hoje t
EDWARD PORTMANDirigia pelas ruas movimentadas, o relógio no painel do carro marcava o tempo que me restava antes do início do jogo, e eu já imaginava o som da torcida e o estalo das batatas fritas sendo devoradas. As sacolas com os petiscos comprados de última hora estavam no banco do passageiro, balançando levemente conforme eu acelerava nas curvas.Estacionei na garagem do prédio e peguei as sacolas, subindo rapidamente pelo elevador. Quando a porta do apartamento se abriu, fui recebido por um aroma um pouquinho mais estranho do que eu esperava. Ao invés de lavanda misturada, talvez no máximo ao cheiro de alguma comida já feita algum tempo, era totalmente de comida sendo feita agora, e aparentemente muito gostosa.Adentrei na sala e percebi a mesa de centro repleta de tigelas e travessas. Havia batatas fritas, amendoins temperados e uma fileira de mini hambúrgueres arrumados meticulosamente. Franzi a testa, intrigado. Dei mais alguns passos e então a vi. Milena estava de costas par
O vento soprava forte contra as janelas do apartamento, carregando um frio cortante que fazia os meus ombros se encolherem levemente enquanto fechava a mala, mesmo estando em casa, embora o aquecedor estivesse agora desligado.Cada peça de roupa estava dobrada com precisão quase obsessiva. Os meus dedos ajustavam o tecido de um dos sobretudos que havia colocado cuidadosamente na mala, agradecendo silenciosamente às vendedoras que me convenceram a comprá-los.Olhando-me rapidamente no espelho ao lado da porta, ajeitei o sobretudo preto sobre o vestido vermelho que abraçava a minha barriga de maneira óbvia, mas elegante. O tom carmesim era ousado, mas o tecido macio e a forma que me caía lembravam-me que, mesmo grávida, eu ainda poderia me sentir bonita. Os scarpins de salto baixo e as meias de vidro completavam o visual, proporcionando um toque de classe e uma praticidade necessária. Os meus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo firme, evitando que o vento me transformasse em uma