As lobas deixaram Emília sozinha no quarto. Sozinha, ela pensou em maneiras de ir até sua filha e tirá-la de perto do alpha, antes que ele descobrisse ser o pai da jovem. As correntes eram muito pesadas, dificultando até mesmo a movimentação ao redor da cama.A porta do quarto se abriu e Ryker entrou. O cheiro forte da noite anterior dominou sua mente e seu corpo reagiu a ele. O beta ficou paralisado na porta, seu coração acelerado enquanto olhava aquela pequena humana sentada de forma relaxada sobre a cama. Enquanto esperava com a porta aberta que o quarto ficasse mais arejado, o lobo tentava compreender o que aquela mulher tinha de tão especial que enfeitiçou o seu alpha.Com um doce sorriso, Emília se levantou, revelando suas roupas desalinhadas e de tamanho errado. Seus cabelos loiros estavam bagunçados, mas não tirava a beleza de seus olhos. Ela percebeu que Ryker estava evitando entrar naquele cômodo e tentou se aproximar, mas as correntes pesadas não a deixavam.― Ei, lobo. ―
O cheiro da humana ainda dominava a mente de Ryker, assim como o medo de encontrar com seu alpha com o cheiro do desejo dele mesmo o dominando. Abandonar seu posto poderia custar sua permanência da alcateia, mas seria pior se ele continuasse naquele espaço tão apertado com aquela humana. O beta sai do quarto e encontra um grupo de humanas limpando o apartamento. ―Você ai, ― ele diz, apontado para a mulher mais próxima. ―Cuide dessa humana até que eu envie outro lobo para vigiá-la. ―Sim, meu senhor.― a humana responde e vai direto para o quarto. Assim que a porta se abre, os olhos de Ryker se encontram com os profundos olhos azuis e o desejo domina seu corpo. Seu lobo se agita e ele sai do apartamento com pressa, mudando para a sua forma de lobo assim que sai do prédio. Enquanto corria, o lobisomem tentava entender o que havia acontecido. Aquela mulher humana estava mexendo com ele, com sua mente e seu corpo de uma forma que até mesmo seu lobo estava ficando alterado na presença d
Emília não consegue compreender como aquilo era possível. Seu antigo amor estava bem diante dos seus olhos. Lucas não tinha mudado tanto, mesmo que os anos que havia vivido não tivessem sido fáceis.No dia do aniversário de Emília, quando faltavam poucas quadras para chegar a casa dela, seu carro foi atingido com força na lateral. Pensando se tratar de um acidente comum, Lucas saiu para ver o que estava acontecendo, mas deu de cara com um lobo gigantesco. A criatura tinha grandes dentes e um olhar que fez o jovem rapaz cair para trás. Outros surgiram, vindos correndo dos bosques que ladeavam aquela pequena cidade. Imediatamente Lucas foi capturado e foi apresentado as criaturas que atacavam, os lobisomens.Após várias tentativas frustradas de fugir e encontrar sua namorada desaparecida, Lucas aceitou que não havia como ela ter sobrevivido aquele ataque cruel. Ele aceitou seu destino e se tornou um de muitos humanos que serviam ao Rei Alpha. Ganhou a confiança dos outros lobos, mas os
Mesmo Ryker, que havia presenciado a cena, não estava acreditando nas palavras daquela pequena filhote humana. Nem mesmo as armas humanas eram capazes de feri-los. Porém, Ryker viu o lobo no chão enquanto Ava pairava sobre ele. O beta buscou alguma explicação para aquilo, mas tudo no que conseguia pensar era que aquela menina não era humana.O olhar determinado, tão parecido com o de sua mãe, permanecia firme nos olhos de Kaiser. Uma coisa que Ava jamais gostou foi ser vista como fraca, por isso desobedeceu por várias vezes as ordens de sua mãe em ocultar seus dons. O alpha analisou com atenção a jovem diante dele, farejou com cuidado, em busca de qualquer sinal de mentira como nervosismo, coração acelerado, mas não encontrou nada.― Está me dizendo que feriu um dos meus apenas com suas mãos? ― O lobisomem se aproximou, tentando intimidar a menina, que não recuou nem um passo diante do Alpha.― Estou dizendo a verdade. Se aquele vira-lata não tivesse tentado me levar, nada disso teria
O quarto estava tomado por um silêncio cortante e uma tensão que fazia os pelos dos braços de Emília se arrepiarem. Era visível que o Alpha estava furioso, mas a mulher sabia que não era o alfo de sua ira. Kaiser anda de um lado para o outro enquanto Emília o observa sentada na cama. Na mente da mulher, dúvidas e medos cresciam. Será que o rei alpha descobriu seu plano? Lucas poderia tê-la delatado para os lobisomens? A mulher não pensou que poderia ser pega antes que seu plano pudesse ser posto em ação. Com as mãos sobre o colo, ela observou o lobisomem, com todo o seu tamanho, caminhando de um lado para o outro diante dela.Ao olhar para a mulher, Kaiser não conseguia conceber a ideia de que outro lobo a tinha tocado. Sua vontade era marcá-la, seu lobo marchava e uivava dentro do seu peito, desejando sangue. Ele precisava se conter, pensar com cuidado no que diria para não afastar a mulher.― Quem te levou para a cozinha? ― o alpha perguntou, surpreendendo Emília, pois ela acreditav
Mesmo tendo fé em seu antigo amor, Emília aprendeu que não poderia contar unicamente com os outros. Ela precisava fazer as coisas se moverem rápido, se quisesse que seu plano de fuga desse certo. Por mais que negasse, Kaiser estava obcecado em descobrir sobre o pai de Ava. Por sorte, a menina nasceu muito parecida fisicamente com sua mãe, porém sua personalidade só poderia ter vindo do Rei Alpha. Um plano então surgiu na mente de Emília. Ava era uma criança muito orgulhosa, não baixava sua cabeça para ninguém. Emília acreditava que era o sangue de Alpha que corria em suas veias, então sabia o limite de provocações que a menina poderia aguentar até que perdesse o controle.A mulher se aproximou da porta e forçou a maçaneta, confirmando que estava trancada. Com dois passos para trás, ela disse em tom alto, sabendo que o lobo a escutaria mesmo que ela não gritasse.― Se quer saber, o pai da Ava nem foi tão bom. ― um som de algo caindo no chão fez a mulher sorrir. ― Parecia que nunca tin
A noite estava silenciosa. Emília encostou seu ouvido na porta, para confirmar que Kaiser não estava perambulando pelos corredores, antes de abrir a porta. Tudo estava escuro. A mulher caminhou nas pontas dos pés o mais lentamente que podia. Ao se aproximar da porta do quarto de Kaiser, mais uma vez aproximou seu rosto da grande porta de madeira. Dentro do cômodo, o grande Alpha dormia profundamente, mas seus sonhos eram agitados e confusos.Lembranças da primeira noite que ele dividiu com a humana eram o centro de seus sonhos. O cheiro de sua pele, a macies de seus cabelos, o sabor de seus lábios. Ele sentia como se a mulher estivesse ao seu lado. Então a aparência de Emília mudava sutilmente, sua barriga estava maior e ela sorria. Uma sobra surgiu, a abraçando por trás e beijando seu pescoço. Kaiser via a cena de longe e não podia se aproximar. Seu lobo tomou conta, a fúria descontrolada que ele sentia o fez saltar sobre aquela estranha sombra, que também lhe parecia tão familiar. E
O tempo estava se esgotando. Kaiser já deveria estar perto para capturá-las, Emília precisava levar Ava para o mais longe possível daquele lugar. Olhando para os lados, a mulher mordeu o lábio, tentando pensar em uma saída de emergência para aquela situação. Então, algo veio a sua mente. Ela olhou para sua filha. Ava estava determinada, os punhos fechados ao lado do corpo e olhos brilhantes com a determinação que carregava dentro de si. Emília segurou em seus ombros, uma gota de suor correndo pelo seu rosto com medo do que iria perguntar.― O que aconteceu, Ava? ― A jovem sentiu seu corpo tremer de leve. Quantas vezes sua mãe avia lhe avisado para conter seu temperamento explosivo e sua real força dos demais. Ava baixou sua cabeça, sem coragem de olhar dentro dos olhos de sua mãe. ― Ava, me responda. Você nunca me perguntou sobre seu pai e agora, de repente, esta se recusando a vir comigo sem que antes eu te fale sobre ele. Me diga, o que mudou.Com os olhos marejados, a menina olhou