GABRIELO piloto avisa que estamos nos preparando para o pouso. Largo meu tablet e olho para April, que está dormindo aninhada no meu colo, completamente entregue ao cansaço. Com cuidado, começo a acordá-la.— Amore mio, falta cinco minutos para pousarmos.Assim que minhas palavras fazem sentido para ela, seus olhos se abrem como se tivesse levado um choque.— Graças a Deus! Eu não aguentava mais de ansiedade! — Ela praticamente pula do meu colo e se senta direito, colocando o cinto de segurança. — Minha única alternativa para fazer o tempo passar foi dormir.— Claro, meu amor. Andar a noite inteira de um lado para o outro feito uma barata tonta não tem nada a ver com esse sono, né?Ela me fuzila com os olhos.— Cala a boca, Gabriel Salvatore. Vai cuidar da sua vida, seu metido!— Eu estou cuidando, mia vita. — Sorrio, puxando-a para um abraço e cheirando seu pescoço de propósito. Sei que isso a arrepia, e essa é exatamente a minha intenção.Assim que pousamos no aeroporto de Boston,
APRILAcordei com um arrepio na pele, sentindo beijos suaves descendo pelo meu pescoço e um sussurro rouco em meu ouvido.— Bom dia, amore della mia vita — Gabriel murmurou, me puxando para mais perto, seu calor envolvendo o meu corpo. — Vamos levantar, sua mãe já deve estar pirando com nossas gêmeas terroristas.Sorri preguiçosamente, mas não abri os olhos.— Gabriel… minha mãe criou Colin e Rodrigo. Eles já têm dezoito anos e ainda dão dor de cabeça para ela. Você realmente acha que nossas anjinhas vão incomodar Dona Maria Eduarda?Ele riu, rolando sobre mim com um olhar divertido.— Ótimo ponto.Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, seus lábios tomaram os meus em um beijo lento e provocante, fazendo meu coração disparar.Na hora do almoço, fomos para a casa dos meus pais. O ambiente estava animado e barulhento, como sempre, com toda a família reunida. Gregory, Hannah e o resto do pessoal também estavam lá, acertando os últimos detalhes do jantar de noivado.Assim que entrei, l
GABRIELPassei a noite em claro. Na verdade, não fui o único. April também não pregou o olho. A ameaça do retorno de Kimberly paira sobre nós como uma tempestade prestes a desabar. Mas, por enquanto, precisamos deixar esse medo de lado e focar no agora. Hoje é um dia importante: o primeiro dia de aula das gêmeas.— Papai, eu vou aprender a ler hoje? — Sofia pergunta, os olhos brilhando de expectativa.Sorrio e bagunço seus cachinhos.— Você está indo para a escolinha aprender as letras e os números, meu amor. Quem sabe daqui a uns meses?April entra na cozinha com Giovanna no colo, e meu coração aperta. Minha menina está um verdadeiro anjinho com seu uniforme azul-marinho, os cabelos loiros presos em duas chiquinhas adornadas com laços combinando. A mochila brilhante de unicórnio reluz em suas costas. Sofia, ao meu lado, é praticamente uma cópia, mas com laços azul-marinho e brancos e uma mochila de sereia. Ambas estão radiantes.— Amore mio, vou com vocês até a escola, mas depois sig
GABRIEL Já são 16:00 e eu continuo aqui, trancado neste maldito escritório, tentando colocar em ordem essa bagunça infernal que fizeram com a minha empresa. Como Giuseppe,sendo o responsável desta sede,deixou isso acontecer? Eu devia ter previsto... O telefone toca, é o ramal da minha secretária. — Fala, Joana. — Senhor Salvatore, uma moça está aqui, ela diz ser sua namorada. Quer falar com o senhor. A sensação de surpresa me atinge em cheio. O que April está fazendo aqui? Acabamos de falar, ela estava indo ao mercado. E por que Charlie e Xavier não me avisaram que estavam trazendo ela para cá? — Pode deixar entrar. Não importa o motivo, ver minha mulher aqui me dá um certo alívio. Quando a porta se abre, me levanto e dou um sorriso enorme para recebê-la — Olá, meu amor, estava morrendo de saudades... Mas o sorriso morre antes que eu consiga completar a frase. — O que caralhos você está fazendo aqui, Veronica? Ela não era bem-vinda. Nem de longe. — Vim te ver, ué. Não pos
APRIL E eu achando que nossa relação estava super bem, que todo esse caos com os espíritos e as forças externas era apenas um erro… Mas agora, toma essa bomba na sua cara, April Perséfone. Vejo Tudo desmoronando. — Mamãe, hoje vamos ficar na casa da vovó? - Sofia, sempre atenta, interrompe meus pensamentos. — Sim, meu amor. -Tentei manter a calma, apesar da tempestade que se formava dentro de mim. —E o papai? -Giovanna perguntou com a inocência de uma criança. — Hoje ele vai trabalhar até tarde, filha.-Eu a pego no colo, levando as duas para dentro de casa. —Só nós três, na casa da vovó. O que acham? —Vai ter sorvete? -Sofia, esperta como sempre, não perde a oportunidade de garantir sua diversão. —Claro que sim, sua espertinha. — Ebaaaah! - As meninas vibram, mas eu mal consigo disfarçar o turbilhão em minha mente. Horas depois, minha família chega. As meninas já estão dormindo no quarto. O ambiente está pesado, o som do meu coração batendo cada vez mais forte dentro de mim.
APRILNo dia seguinte, enquanto Gabriel ia à reunião com o advogado, cumpri minha promessa a Nella e a acompanhei ao chá de arrecadação para o orfanato Santa Maria. Ele garantiu que me manteria informada por mensagens.Assim que chegamos, fomos cercadas por um grupo de mulheres esnobes e bajuladoras. Filhas do renomado cirurgião Pietro Castro, nós éramos alvos constantes de cochichos e olhares avaliativos. Nella, a nova estrela da moda na América, e eu, a prodígio da medicina que supostamente sabia mais que os professores de Harvard. Eu odiava essas fofocas idiotas.— Sejam bem-vindas ao chá beneficente! — uma mulher ruiva, claramente remodelada por cirurgias, nos recebeu com um sorriso ensaiado. — Sou Miranda Benson.— Muito prazer, senhora Benson. Eu sou Antonella, e esta é minha irmã, April. — Nella, sempre educada.Apenas assenti.— Sabemos quem vocês são! Parabéns pela sua coleção, Antonella. Ouvi dizer que abrirá uma loja em Boston.— Depois do último final de semana, manter a l
APRILChegamos ao endereço acompanhados de Rubia, a assistente social. O quintal da casa era um verdadeiro cenário de abandono: a grama alta batia nos meus joelhos, as plantas estavam secas e retorcidas como se há muito tivessem desistido de viver. Na varanda, um sofá que um dia fora bonito estava coberto de sujeira e barro, e sobre ele repousavam sacolas transbordando garrafas vazias de cerveja. O cheiro azedo de bebida misturado à poeira do ar quente fez meu estômago revirar.Rubia, visivelmente horrorizada, bateu na porta de madeira descascada. Alguns segundos depois, a maçaneta girou e a porta se abriu, revelando uma garotinha magra, de olhinhos grandes e desconfiados.— Olá, Maria Vitória. Meu nome é Rubia. Esses são April e Gabriel. Somos amigos dos seus avós. Podemos entrar? — A menção aos avós fez o olhar da menina brilhar com uma saudade silenciosa.Ela não disse nada, apenas abriu um pouco mais a porta, permitindo nossa entrada.Se o lado de fora já era um desastre, o interi
APRIL — Vamos conhecer sua casa nova, então? — Rubia perguntou animada.— SIIIM! — Mavi respondeu, dando pequenos pulinhos como se tivesse molas nos pés.Agora, sabe qual é a vantagem de ter uma família grande de vampiros?1. São quase imortais (ou seja, sem preocupações com rugas).2. São super rápidos e fortes (ótimos para abrir potes de azeitona).3. Eles são muitos (basicamente, um exército disponível para qualquer emergência, tipo montar um quarto do zero em tempo recorde).Assim que entramos no carro, liguei para minha mãe.— Mãe, preciso de um favor.— Fala, meu amor! Você está bem? Sua irmã disse que...— Mamãe, depois a gente conversa sobre isso. Agora, preciso de ajuda!— Certo, o que precisa?— Todos vocês vão para a casa do Biel e deixem as meninas com a Ivanna. O quarto em frente ao meu... tirem tudo de dentro. Daqui a uma hora, os meninos vão chegar com móveis, brinquedos, papel de parede, roupas, sapatos, tudo que uma menina precisa. Montem o quarto da Maria Vitória em