APRILComo esperado, todos amaram Maria Vitória. Ela passou a noite sendo paparicada, pulando de colo em colo, recebendo mais carinho e atenção do que poderia imaginar. O sorriso dela não saiu do rosto nem por um segundo. As gêmeas? Grudaram na nova irmã como dois carrapatinhos, repetindo para qualquer um que passasse:— Essa é nossa irmã mais velha!De canto de olho, observo Gabriel conversando com os primos. Ele está radiante, e a felicidade dele transborda para mim através da nossa conexão. Meu coração se aquece. Tudo parece perfeito, como eu nunca imaginei que poderia ser. E, por Deus, espero que nada disso mude.Na manhã seguinte…O dia começa diferente e muito mais barulhento.— Não quero ir pra escola! — Sofia grita, segurando firme minha blusa.— Eu também não! Quero ficar com a Mavi! — Gigi se agarra a Maria Vitória, como se alguém fosse arrancá-la dali à força.— Mas a Mavi também vai para a escola, meninas. — Gabriel tenta argumentar, mas as duas apenas fungam mais alto.—
APRILGabriel nos conduziu até um iate de luxo, digno das páginas de uma revista, e eu não conseguia acreditar no que via. Era o iate mais lindo que eu já tinha visto em toda minha vida. Ao entrarmos, fomos recebidos por uma moça com um uniforme elegante e um sorriso simpático.— Bem-vindos ao iate Perséfone, senhor e senhora Salvatore — ela disse com uma voz suave e calorosa. Vou fingir que não ouvi o “senhora Salvatore”, apesar de me arrancar um sorriso tímido.— Eu me chamo Âmbar e estarei à disposição para atendê-los esta noite.— Muito prazer, Âmbar! Que nome lindo! — respondi com simpatia, mas então percebi algo. — Espera, iate Perséfone?Virei-me para Gabriel, e o vi sorrindo com aquele sorriso safado, o mesmo que sempre fazia meu coração acelerar.— Você não me disse que queria um iate para passear com as crianças nos finais de semana e para relaxar? — pergunta, com um toque de brincadeira.— Eu disse isso há muito tempo, como uma piada, amor — respondo, com a voz ainda trêmul
GABRIELDesde o momento em que pedi April em casamento e ela disse "sim", nossa vida virou um verdadeiro furacão. Minha sogra e as avós dela formaram um comitê especial para planejar o casamento, transformando um dos cômodos da casa de Maria Eduarda em um verdadeiro quartel-general. Há amostras de tecido espalhadas por todos os cantos, catálogos de flores, cardápios de buffet, doces, bebidas, convites... e a cada dia, parece que surge algo novo.April começou a faculdade e, mesmo assim, continua trabalhando com a irmã na loja após as aulas. Minha empresa recebeu o prêmio de melhor hotel do mundo, o que significa que estou atolado em reuniões, entrevistas e viagens para garantir que todas as filiais mantenham o padrão. Enquanto isso, as gêmeas estão mais elétricas do que nunca e grudadas na irmã, principalmente Maria Vitória, que se esforçou incansavelmente para aprender italiano antes de nossa viagem para a Itália. Ela ainda fala pouco, mas entende tudo, e seu orgulho por isso é evide
APRILA primeira coisa que sinto ao abrir os olhos é o peso. Como se o mundo inteiro tivesse desabado sobre mim. Em volta, rostos tensos, olhares preocupados e aquela típica energia pesada que nunca anuncia boas notícias.Demoro um segundo para entender onde estou. Mas basta o cheiro de antisséptico e a claridade incômoda para entender que estou no hospital. De repente,flashes voltem como socos na minha cabeça. Veronica. A desgraçada apareceu na faculdade para me chamar de idiota,como se eu não soubesse do histórico dela com Gabriel, como se eu não soubesse que ela estava usando a filha como moeda para tê-lo de volta. Minha cabeça já estava explodindo antes mesmo de vê-la. Eu acordei péssima, fraca, com um enjoo que parecia me engolir viva. E aí, pra piorar, aquela víbora vem me provocar? Foi a gota d’água. Perdi o controle. Lancei ela longe sem nem pensar,uma magiazinha só pra ela aprender a não mexer com quem não deve. Mas essa “magiazinha” quase me matou,acampando com o pouco de en
GABRIELEstamos correndo pela floresta densa, eu em minha forma de lobo negro — imenso, selvagem, veloz — e ela, minha mulher, como uma loba branca,perfeita, linda de um jeito que fazia o mundo inteiro parecer pequeno perto dela. Em nossas costas, nossas meninas gargalhavam como se não existisse amanhã, os cabelos bagunçados pelo vento, os olhos brilhando de alegria. Por um momento, era só isso: liberdade, amor e paz.Voltamos para a Itália para o noivado de Gregory e Hannah, mas eu trouxe minha mulher para se destruir de toda aquela pressão em cima dela,para que ela pudesse esquecer. Esquecer todo o peso que vinha carregando, todas as vozes na cabeça dela dizendo "E se os pais humanos de Hannah descobrirem?" ou "E se tudo der errado?". Sempre a mesma resposta ecoando em volta como se sua família escutasse seus pensamentos e preocupações: “April vai consertar” “ April vai resolver” “April vai esconder” April,April,April e mais April, era tudo que eu escutava naquela reunião. Como se t
GABRIELO caos reina. O som de rosnados e gritos se mistura ao estrondo de corpos se chocando, garras rasgando carne, o cheiro ferroso do sangue impregnando o ar. Lobos inimigos atacam nossa aldeia sem piedade, e os nossos fazem de tudo para defender suas famílias. O chão está manchado de vermelho, a fumaça das casas incendiadas sobe no céu.Preciso pensar rápido. Lembro da caverna onde costumava brincar quando era criança. É um esconderijo seguro.— Rápido, amor! Temos que nos esconder! — grito acima do barulho ensurdecedor.Agarro Giovanna e Maria Vitória nos braços. April segura Sofia, e juntos, corremos contra o tempo, contra a destruição. Meu coração bate forte. Cada segundo importa. Ao chegarmos à caverna, coloco minhas filhas no chão, aproximando-as de April. Elas choram, apavoradas, suas pequenas mãos agarradas ao vestido da mãe. Meu peito aperta. Queria poder acalmá-las, mas não há tempo.Preciso lutar.Meus instintos gritam para que eu proteja minha família, mesmo que isso
APRILAssim que Gabriel desapareceu, o desespero das meninas aumentou. Três lobinhas apavoradas, e eu sozinha para acalmá-las, bem no meio de uma guerra. O problema era que eu mesma estava apavorada.Ajoelhei-me para ficar na altura delas, segurando suas pequenas mãos trêmulas.— Meus amores, calma… Vocês sabem que o papai é o nosso super-herói, certo?Elas assentiram, os olhos marejados refletindo seus medos.— E vocês também sabem que ele nunca deixaria nada acontecer com a gente?Mais um aceno silencioso.— Então por que esse medo? — minha voz saiu suave, mas firme. — Vocês são três lobinhas corajosas! E o que fazemos quando alguém que amamos está lutando?As três me olharam, confusas.— Mandamos energia positiva para ajudá-lo — sorri, enxugando suas lágrimas. — Vamos fazer isso juntas?Elas assentiram e ergueram os bracinhos, fechando os olhos para concentrar suas boas energias. Mas eu senti. O cheiro de um lobo se aproximando, carregado de energia sombria.Sem permitir que as men
GABRIELAssim que sinto o corpo de April perder as forças, meu reflexo é imediato. Solto seus cabelos, que segurava para ajudá-la a vomitar, e a seguro em meus braços antes que caia. Meu coração dispara. Deito-a cuidadosamente sobre uma maca, mas o pânico já se espalha dentro de mim.— April! — O grito do meu sogro rasga o ar.— Aqui! Ajuda ela, Pietro! — Minha voz sai desesperada, quase irreconhecível.Pietro se posiciona ao lado da filha e começa a examiná-la com rapidez. Meu cérebro está em colapso, incapaz de pensar. Harry, ao perceber meu estado, explica o que aconteceu, mas eu mal escuto. Só consigo olhar para April, frágil e imóvel. Minha mente se conecta à dela, mesmo sabendo que talvez ela não me escute.— Você prometeu que ficaria bem. Você disse que não iria me deixar… Mia vita, por favor, não me deixe!Sou puxado de volta à realidade quando escuto Pietro falar:— Ela vai ficar bem. Todo o veneno saiu no vômito. Ela está fraca porque seu lado vampiro lutou contra o veneno m