No dia seguinte acordei cedo fui até a cozinha para tomar café. Abiá surgiu com o garotinho no colo e me deu um comando dizendo que, depois que eu terminasse os banheiros, para eu varrer a varanda.
Pelo visto, Said tinha ido trabalhar. Dei-me conta que não sabia absolutamente nada dele.
Aliviada por poder transitar na casa sem esbarrar nele, iniciei meu trabalho. Quando o relógio marcou dez horas da manhã, eu já tinha limpado todos os banheiros. Estava indo para a varanda com a vassoura, quando Abiá apareceu com Bashir chorando.
—Allah! Fique com ele. —Ela disse colocando o menino nos meus braços, ele cheirava mal.
—Abiá, eu não posso.
—Said não está aqui, e isso é um caso de urgência. Eu preciso sair. Ir ao supermercado.
—Leve-o com você!
—Allah! Não dá. A compra é
SaidMeus olhos diziam palavras que não expressei em voz alta: "Eu te possuo, eu quero que você me obedeça, você perturba meus sonhos e isso me aterroriza."Meu coração batia com desejo.Meus dedos formigavam com a vontade de tocá-la.Minhas narinas ainda sentiam o cheiro de seus cabelos, seu perfume estava ainda na minha roupa.Minha boca queria beijá-la.Minhas mãos e meu corpo queriam sentir sua pele.Eu queria estar dentro dela.Allah! Ela seria para mim um Oasis depois de muito andar no deserto. Uma bonança depois de uma luta na tormenta. Eu necessitava dela! Com raiva da tempestade de sensações que ela me causava, eu a acusei:—Lembre-se que você começou tudo isso quando foi me atiçar em meu quarto. Agora eu não posso nem pensar em você sem ferver com necessidade. E sabe qual &ea
SaidEu passei a semana ocupado. Minha mente visitando cenas que eu não queria lembrar. Enfiado no escritório nos últimos dias, só porque eu não conseguia pensar em outra coisa que o fato de Jamile estar no palácio.Insano tudo isso!Eu a queria, eu me odiava por querê-la. Nessa guerra dentro de mim mesmo, a única coisa que eu sabia era que eu não conseguiria mandá-la embora. Pensei muitas vezes nisso. Perdoar-lhe a dívida e lhe dar uma boa quantia em dinheiro. Assim, ela sumiria da minha vida.Contudo, era só eu pensar desse jeitoe algo se apertava dentro de mim, e imediatamenteeu rejeitava essa ideia. Eu me sentia como um drogado quando resolvia deixar a droga. Mas se antecipando a dor, desistia, sabendo que não conseguiria lidar muito bem com a abstinência.O que havia nela que me fascinava tanto?
SaidJamile se levantou da cadeira e seguiu de cabeça baixa em direção ao hall. Eu, como sempre, me escondi nas sombras com o coração martelando no peito.—Allah, me ajude, eu me arrependo tanto de não ter sido uma boa esposa, mas não posso fazer o tempo voltar atrás. —Ela disse baixo, a voz carregada com tristeza, enquanto caminhava.Meu coração se apertou com as palavras dela. Meu corpo todo estremeceu. Minhas emoções ficaram fora de controle.Allah! Jamile parecia estar realmente arrependida...Afastar-me foi uma decisão sábia?Abalado emocionalmente, antes que ela deixasse a sala, acendi o abajur. A luz me revelou. Jamile estacou e me fitou com os olhos arregalados, a respiração irregular.—Sheik.Não gostei de ouvir a forma como ela me chamou.
Passei quinze dias viajando à negócios. Eu herdei juntamente com meu título, muitos bens materiais e juntamente com eles uma grande indústria. Produzíamos tubos para petrolíferas exportávamos para o mundo todo. Desde que Jamile chegou, esse era o primeiro final de semana que eu passava em casa. Eu enfiei a cara no trabalho para tentar lidar com meus sentimentos.Tentei de tudo para voltar a minha sanidade. Me afastando para não ver seu rosto por um longo tempo, tentei me interessar por outra, mas não adiantava... passava-se o tempo e eu queria vê–la novamente. Ela fez-me perder meu juízo perfeito e estava e levando à beira da loucura.Durante o banho, tentei acalmar meus nervos tensos e minha cabeça latejando. Queria que a água fosse capaz de levar embora minhas preocupações, sentimentos e lembranças indesejadas. Há muito temp
JamileMeus ombros caíram. Lágrimas caíram dos meus olhos, esse sentimento sem esperança puxando apertando meu coração, dividindo o meu espírito em partes. Ele olhou para mim por vários momentos, e não conseguia ler sua expressão. Fiquei desconfortável a cada segundo que passava, perguntando o que ele estava pensando agora.Nunca me senti tão vulnerável na minha vida. Ele não disse nada e me envolveu em seus braços. Eu estremeci. Ele segurou firme meu queixo e o ergueu. Nossos olhos se encontraram.Ele balançou a cabeça lentamente, seus olhos parecendo pensativos. — Jamile. —Ele disse meu nome como se o provasse. —E então? Vai confiar em mim?—O que você quer dizer com confiar? Me entregar?Então ele disse calmamente, seus o
SaidO sol estava se pondo no horizonte, junto com ele chegava o momento que Jamile entraria por aquela porta. Outras lembranças começaram a aflorar de repente, não mais dolorosas como antes...Desde a morte de Laylano meu peito por alguém. Há muito tempo, apenas meu filho fazia minha vida ter sentido. Há muito, nada mais tocava minha alma. Nem a música alegre encontrava o caminho para meu coração amargurado. Cansado demais para tentar encontrar o colorido do mundo.Mas isso tudo ficou no passado....Agora eu parecia estar vivendo outro momento em minha vida. A imagem de Layla de repente parecia estar à milhas de distância, em um passado distante. Era difícil explicar por que elas já não me perturbavam mais. Alguma coisa dentro de mim estava acontecendo, e era profundo e importante. Algo que não podia ser justificado apenas pelas necess
SaidEu quase não acreditava que ela tinha se rendido. Seu corpo relaxado contra o meu, me dava claras amostras disso. Ela parecia totalmente minha agora....Mãos delicadas pegaram meu cabelo e puxaram mais minha cabeça em direção a dela. Cobri seus lábios novamente, saboreando sua boca na minha. Me perdi em sua boca macia, naquele calor confortável e úmido, daqueles lábios tão desejados. Minha vontade era arrancar logo suas roupas, mas o receio tomava conta de mim, me dizendo que ela poderia desistir de tudo, e eu não queria que ela recuasse. Por isso eu estava tão cuidadoso, a tratando como uma virgem, passando por cima do meu outro eu, que me enchia de ira, me dizendo que ela não era.Ficamos assim, nos beijando, nos tocando, ambos gemendo. Eu estava no meu limite e a afastei de mim, procurei seus olhos novamente. E fiquei satisfeito com o que vi. Eles
SaidErgui minha cabeça, fitei os olhos negros de Jamile, entendi porque eu a desejava tanto. Precisava dela.Eu a amava.Como eu não percebi isso antes? Como não compreendi meus próprios sentimentos?Eu afaguei seus cabelos negros, tomado pela vontade de protegê-la. Ela agora me pertencia e eu precisava deixar claro isso.JamileSaid se ergueu na cama, pairou sobre mim. Seus olhos eram profundos sobre os meus e meu coração apertou dolorosamente quando ele suavemente acrescentou:—Você é minha e, ninguém irá te tocar. Você entendeu?Embora ele esperasse impacientemente eu olhava para ele sem nenhum movimento, triste por ele achar que eu fosse traí-lo algum dia.Culpa do meu passado!—Jamile? —Ele disse seco.Meu coração apertou dolorosamente