Said
O sol estava se pondo no horizonte, junto com ele chegava o momento que Jamile entraria por aquela porta. Outras lembranças começaram a aflorar de repente, não mais dolorosas como antes...
Desde a morte de Laylano meu peito por alguém. Há muito tempo, apenas meu filho fazia minha vida ter sentido. Há muito, nada mais tocava minha alma. Nem a música alegre encontrava o caminho para meu coração amargurado. Cansado demais para tentar encontrar o colorido do mundo.
Mas isso tudo ficou no passado....
Agora eu parecia estar vivendo outro momento em minha vida. A imagem de Layla de repente parecia estar à milhas de distância, em um passado distante. Era difícil explicar por que elas já não me perturbavam mais. Alguma coisa dentro de mim estava acontecendo, e era profundo e importante. Algo que não podia ser justificado apenas pelas necess
SaidEu quase não acreditava que ela tinha se rendido. Seu corpo relaxado contra o meu, me dava claras amostras disso. Ela parecia totalmente minha agora....Mãos delicadas pegaram meu cabelo e puxaram mais minha cabeça em direção a dela. Cobri seus lábios novamente, saboreando sua boca na minha. Me perdi em sua boca macia, naquele calor confortável e úmido, daqueles lábios tão desejados. Minha vontade era arrancar logo suas roupas, mas o receio tomava conta de mim, me dizendo que ela poderia desistir de tudo, e eu não queria que ela recuasse. Por isso eu estava tão cuidadoso, a tratando como uma virgem, passando por cima do meu outro eu, que me enchia de ira, me dizendo que ela não era.Ficamos assim, nos beijando, nos tocando, ambos gemendo. Eu estava no meu limite e a afastei de mim, procurei seus olhos novamente. E fiquei satisfeito com o que vi. Eles
SaidErgui minha cabeça, fitei os olhos negros de Jamile, entendi porque eu a desejava tanto. Precisava dela.Eu a amava.Como eu não percebi isso antes? Como não compreendi meus próprios sentimentos?Eu afaguei seus cabelos negros, tomado pela vontade de protegê-la. Ela agora me pertencia e eu precisava deixar claro isso.JamileSaid se ergueu na cama, pairou sobre mim. Seus olhos eram profundos sobre os meus e meu coração apertou dolorosamente quando ele suavemente acrescentou:—Você é minha e, ninguém irá te tocar. Você entendeu?Embora ele esperasse impacientemente eu olhava para ele sem nenhum movimento, triste por ele achar que eu fosse traí-lo algum dia.Culpa do meu passado!—Jamile? —Ele disse seco.Meu coração apertou dolorosamente
Khadija— Nem comecei a tortura. —Zafir disse sugando minha barriga.Então ele me penetrou com força. Escorregadio. Intenso. Perfeito. Meu peito batia como se disputasse uma corrida. Meus olhos cintilavam de desejo. Ele começou a se mover e o mundo inteiro veio abaixo. Zafir se movia em cima de mim, me puxando para mais perto enquanto estabelecia um ritmo avassalador. Eu enfiei as unhas na sua carne lisa e dura deixando a vibração tomar conta de mim.Como era bom tê-lo só para mim...pensei enquanto gozava.Zafir começou a se mover mais rápido. Eu me contorci, chamando o nome dele e ele reagiu com um grito primitivo, a boca colada ao meu ombro. Então ele investiu. Com mais força. Mais fundo. Uma investida mais violenta e tão gostosa, tão perfeita. Atiçada por novas chamas, eu atingi o clímax de novo. Logo mergulhei num
O mês passou rápido, eu e Said nos comportávamos como uma família feliz, que éramos. Os empregados já me olhavam como a senhora da casa. Bashir estava muito apegado a mim, como um filho por sua mãe, embora o tempo todo ele me chamasse de Jamile.Os dias que se seguiram, foram para mim os mais felizes de toda a minha vida, embora Said ainda não tocasse no assunto "casamento". Toda vez que eu pensava nisso, meu coração se apertava, mas nessa hora, eu sempre me lembrava da conversa que tivemos, que ele levaria a sério o nosso relacionamento. Talvez ele só precisasse de um tempo para se sentir seguro comigo.Agora à tarde, eu estava deitada na cama me sentindo estranha. Passei a manhã toda mal do estômago. Abiá já tinha me dado um chá de ervas para ver se eu melhorava, mas foi só eu sentir o cheiro que eu tive que correr até o banheiro v
JamileMais tarde, Said entrou no quarto. Eu deixei o livro "Orgulho e Preconceito" no criado-mudo ao meu lado.—Allah! Como ele demorou para dormir.Eu sorri para Said.—Eu sei, ele está acostumado a dormir comigo.—Ele está muito mal-acostumado, isso sim. —Said resmungou se deitando ao meu lado.—Ele é muito novinho. Quando ele ficar maiorzinho, dormirá sozinho.Said me estudou com os olhos.—Você parece tão entendida de crianças?Eu sorri para ele.—Toda mulher nasce com esse instinto materno. Elas compreendem mais as crianças que os homens.Said assentiu, ainda com seus olhos avaliativos sobre mim.—E você? Como está se sentindo?Said estava tão estranho.—Eu estou bem, obrigada.Said me avaliou um pouco, antes de seus olhos ficarem
SaidSedução, manipulação, mentira, engano...Quatro palavras que eu detestava. Desde cedo entendi o que elas representavam, eu as tinha provado.Mulheres que me olhavam com carinho, tentando passar amor nos olhos, mas na verdade escondiam sua cobiça pelo meu alto poder aquisitivo. Pelo meu título.Amor?Muitas delas não teriam nem olhado para mim se eu não tivesse tudo que tenho.E agora isso!Idiota!Os olhos negros que tanto me chamaram atenção, olhavam para mim assustados. Tentando me convencer de sua inocência.Sim! Eu a amava, e por isso essa dor no meu peito.Meus pulmões ardiam, como se estivessem doentes. Meu coração estava estraçalhado.Percebi que fiquei muito tempo sem fala.— Te levarei agora ao hospital. Você fará um exame de sang
Duas semanas se passaram... Eu continuei minha jornada. Aquele jogo de gato e rato ia continuar indefinidamente e eu odiava isso tudo, mas dentro de mim uma voz me dizia que eu estava fazendo a coisa certa. Eu não tinha um maldito plano. Nem sei se a dura que eu estava dando nele iria adiantar. Mas era a única arma que eu tinha. Evitando o tempo todo Said, eu me privava de um desejo que exigia ser satisfeito. Às vezes topava com ele na casa. Ele estava sempre lindo. Dependendo do dia ele usava um Kandoora branco, mas a maioria das vezes, ele estava de terno. Quando eu via o semblante triste de Said, eu chegava a pensar que estava sendo muito radical com ele. Ficava me martirizando, pensando muito nisso. Mas então, me vinha meu outro eu. A sensação de puro déjà vu me dizendo que ele não me valorizava. Só de pensar nisso, a raiva começava a inundar-me. De qualquer forma, meu coração doía. E eu me perguntava: como podia doer tanto? Eu me incomodava com o jeito f
KhadijaParei na porta do quarto dos bebês e espreitei para dentro para ver se estava tudo bem. A babá lia um livro numa poltrona ao lado dos dois berços. Ela sorriu para mim, acenando um tudo bem.Sorri para ela e fui resolver outro assunto, comer alguma coisa, pois meu estômago estava roncando de fome.—Eu colocava um anticoncepcional no suco dela, todo santo dia.Arrepiei da cabeça até os pés e estaquei na entrada da cozinha quando ouvi a conversa das duas empregadas. Ela colocou a assadeira no forno e definiu o timer.—Você fez isso com aquela bruxa?—Sim, por que você acha que ela não engravidava?Elas riram.Senti um aperto no estômago. Voltei a respirar fundo e tentei acalmar os meus pensamentos caóticos. Entrei na cozinha. As duas se assustaram quando me viram.—Eu ouvi toda