CariocaTô aqui nesse inferno e enlouquecendo, me pegaram na covardia, armaram pra meu morro ficar enfraquecido, só assim pra conseguirem mesmo, às vezes preferia ter morrido do que tá aqui.Os primeiros dias foram de muita tortura, fiquei na solitária duas semanas apanhando dos fardas todos os dias, passava sede e comia uma comida que nem os porcos comeriam, vivi pior que bicho e contato com meus advogados só pude ter depois de 01 mês. Japah tá dando um duro pra cuidar de tudo lá fora e pra tentar me tirar daqui, é fod*!Penso todo dia na morena, essa porr* não sai da minha cabeça, como ela pôde me fazer de corno de baixo dos meus olhos? Parecia que gostava de mim, que amava tanto quanto eu amo ela, mulher é o diabo mesmo. Agora que tô aqui deve tá dando pra geral, só de pensar nisso já fico neurótico. Ela sumiu das redes sociais, pelo menos nunca mais postou nada, todo dia penso em ligar ou mandar uma mensagem, pedir perdão por ter quase matado ela, mas pela segurança dela mesmo, nã
JapahDepois da rebelião se passaram alguns dias até que os advogados conseguiram a informação de que o carioca, na medida do possível, tá bem e assim que liberarem para visitas, eles irão até lá ver de perto como ele tá. Mas de novo ele tá na solitária, esses fardas são uns vermes mesmo, assim ele fica incomunicável. Foi uma angústia todos esses dias sem saber se ele tava vivo ou não.Durante esse tempo que ele tá no privado, eu tentei tanto tirar ele daquele inferno, a primeira tentativa de libertação foi quando ele tava no hospital todo machucado de tanto apanhar dos fardas quando foi preso, mas tinha um verdadeiro exército vigiando o local, foi impossível.Depois tentamos um plano para o dia do julgamento, durante o percurso da cadeia até o tribunal, mas também não deu certo, eles provavelmente imaginando que tentaríamos algo, colocaram o triplo de policiais a mais do que o normal na escolta e meu plano fracassou, me sinto um nada por isso, meu irmão é importante demais pra mim e
CariocaCada dia que passa eu sinto menos esperança de sair daqui. No dia da rebelião tentaram me passar, foi coisa planejada, certeza que foi, esse lugar virou a capital do inferno mas eu não me entrego, mandei vários pra vala, matei sem dó, o mundo é dos fortes e eu nunca fui fraco. Fiquei dias na solitária, os fardas tem gosto em me mandar pra lá, passei fome, sede e lá eu só pensava na morena...Ela me esqueceu e como eu queria conseguir esquecer ela também, não sei nada dela, eu sabia que não podia deixar o sentimento entrar porque minha vida é essa, foi até bom ela se envolver com outro, porque eu jamais ia querer ela aqui dentro de um presídio me visitando, foi melhor assim ela ter me esquecido. Fico pensando se um dia vou ver ela de novo...Minha sentença saiu e me ferraram legal, se no Brasil tivesse perpétua, teriam me dado. Os dias aqui não passam, o Japah tá molhando a mão das pessoas certas pra eu ter algumas regalias aqui dentro, algum conforto, senão for assim a gente v
JapahSaio do mercadinho pilhadão e já ligo pra Dani que logo atende.Que porr* foi essa que acabou de acontecer ali? Só não falei nada pra não assustar o garoto.— Oi amor, vem almoçar? — Dani diz.— Daniela, me passa o número daquela mina tua amiga, a Fernanda.— Como assim? Pra que você quer...Tô sem paciência e já corto ela, exaltado.— PASSA A PORR@ DO NÚMERO, CAR@LHO! Minha conversa com você é depois... — gritei no telefone.—Tá, já mando no Whats*pp e para com essa grosseria! — ela falou e desligou.Logo chega o número da Fernanda e eu ligo no mesmo segundo, mas tive que fazer três tentativas até ela atender.— Alô! — ela parecia desconfiada.— Oi Fernanda, preciso falar com você!— Quem é?— É o Japah! E não tenta me enrolar não que eu quero desenrolar uma parada contigo pra ontem, te encontro onde? — falo logo o que eu quero, ela suspira e fica calada alguns segundos.— Bora Fernanda, não tenho o dia todo não!— Eu tô no trabalho agora! Pode ser no início da noite?— Claro!
FernandaFaz mais ou menos 15 dias desde a conversa que tive com Japah e nesse período ele já veio várias vezes ver o Gabriel e é incrível a afinidade entre os dois.A Dani me contou que quando ele descobriu, tiveram uma briga muito feia por ela ter escondido isso dele, ficaram alguns dias até sem se falar, mas agora já se entenderam e eu fico muito feliz por eles, jamais me perdoaria se eles terminassem por culpa minha.Estou adiando a questão de ir no presídio contar ao Felipe sobre o Gabriel, nunca estive em um local assim, mas sei que eu é quem devo contar e se não fizer isso, com uma simples ligação o Japah conta tudo, então entre os próximos dias terei que ir, só está me faltando a coragem.Mas hoje é a noite do baile, Gabi vai ficar com a Dona Vanda e eu quero ir cedo para acompanhar desde o primeiro DJ, afinal, serão três na mesma noite.LC e a Rebeca também virão, vai ser festa das grandes, faz bastante tempo que não vou e hoje quero dançar muito.Comprei um vestido novo em to
SALA DO COMPLEXO PRISIONAL NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, 03 DIAS ANTES DO BAILE:CariocaO agente penitenciário avisa que meu advogado está aqui, fico surpreso, não era dia dele vir.— Bom dia, Felipe! Como está? — meu advogado Luís Medeiros levanta cadeira me cumprimentando assim que chego na sala de visitas.— Bom dia, doutor! Indo... daquele jeito, sobrevivendo um dia após o outro aqui nesse inferno. Mas o que trouxe o senhor aqui? Não tava esperando a sua visita. — ele me olha com um meio sorriso.— Trago boas notícias, Felipe! — olho confuso para ele que segue falando. — Saiu Felipe, finalmente saiu!— Como assim, doutor? Do que o senhor tá falando? — meu cérebro já trabalhava forte.— A sua condicional meu caro! Após inúmeras tentativas, o pedido já foi aceito e a qualquer momento pode sair o alvará de soltura. — Luís fala.Acho que fiquei em choque, sem acreditar no que acabei de ouvir, acho não, fiquei totalmente em choque. Tantas tentativas negadas durante esses três anos, eu
CariocaEu tava um pouco cansado, mas feliz demais, liberdade não tem preço, estar com a família então? Sem explicação.Assim que minha mãe foi embora, fui dormir um pouco e depois iria me arrumar pro baile, cara, que saudade dos bailes. Quando deu 21:30, parti com a nave que o Japah comprou pra mim, já falei que meu irmão é fod@? Pois é, ele é e sabe tudo que eu gosto, o carro que ele comprou pra mim é top.Dirigi voando com os vidros abertos, que falta eu senti dessa adrenalina do vento batendo no rosto enquanto viro as curvas adoidado. Estacionei próximo a uma entrada estratégica, o lance era surpreender a comunidade toda com o meu retorno. Falei com a Jéssica por telefone que me disse que não viria pro baile, melhor assim, tô afim de mulher no meu cangote hoje não, eu quero é curtir essa noite.São 22 horas, a quadra tá lotada, eu já tô aqui no acesso ao palco bebendo o whisky mais caro e fumando um baseado da melhor qualidade, a erva comercializada no meu morro não tem concorrênc
FernandaNão era possível que após tanto tempo sem vir a um baile, eu tenha vindo justamente em um que é a volta do Felipe, eu não tô acreditando que isso está acontecendo. Ele ali, a poucos metros de mim, como vai ser? Como ele vai reagir ao saber do Gabriel? O Japah já devia estar sabendo que ele sairia, por isso não me pressionou mais para ir ao presídio, óbvio que era isso.Fico transtornada com este pensamento mas principalmente com as sensações que ele causa em mim, um turbilhão de sentimentos e lembranças me tomam por completo. Eu sabia que não seria fácil se um dia voltasse a vê-lo, mas nem de longe eu imaginei que seria assim, me fazendo perceber que o amor que havia dentro de mim e que eu pensava ter morrido, continuava ali, intacto e vivo como sempre.Assim que o vejo naquele palco, lindo, vestindo uma calça jeans escura e blusa branca, provavelmente uma camisa pólo como ele sempre usava, senti um misto de coisas: medo, raiva, incredulidade e... tesão! É surreal o que esse h