A recepção, como imaginou, não foi calorosa. Seu pai foi o primeiro a vir em sua direção, mas não para abraça-la, consolar pela prisão de seu noivo ou mesmo mostrar que a amava. — O que faz aqui? — Ele questionou a Joana, indicando aborrecido: — Deixei claro que não quero você entrando na minha casa enquanto estiver com aquele marginal. Mesmo seu pai claramente querendo que fosse embora, Joana estava ali com uma missão a cumprir e só partiria após sua conclusão. — Ocorre que cansei de guardar o segredo de Dalila — anunciou de queixo erguido. Encarando a filha com preocupação, Carmem abriu a boca para saber o que Joana pretendia, mas seu marido adiantou-se confuso e irritado. — Não se atreva — Iago ordenou para a filha, pálida, porém sem um pingo de hesitação em seu corpo. — Não me atrever ao que, pai? Do que tem tanto medo? — Joana provocou, esperando que o pai tivesse a dignidade de confessar antes que ela os expusesse. Iago abriu e fechou a boca, mas nenhum som passou por sua
Permanecendo com os pais, Joana tinha vontade de chacoalha-los por insistirem e em proteger Dalila à custa da felicidade dela. Só não discutiu ainda mais por notar a palidez de sua mãe. De nada adiantaria afinal. Era sua palavra contra a de Dalila, e Adriano fez sua escolha assim como o restante de sua família o fez. Moveu-se para sair, mas seu pai agarrou seu braço, as feições contorcidas parecendo prestes a explodir. — Que tipo de chacota é essa?! — O rosto de Iago tingiu-se inesperadamente de vermelho, os olhos estreitados fixos na face dela. — Por favor, Iago, solte a Joana! — Carmem implorou preocupada com a filha. Puxando o braço, Joana conseguiu se desfazer da mão que a prendia, massageando o local dolorido pela força que ele exerceu ao agarrá-la. — Enlouqueceu? Como pode se colocar contra nós e a favor daquele marginal? — Iago perguntou entredentes, a tensão evidenciando-se no abrir e fechar das mãos junto ao corpo. — Nunca estive mais sã e feliz — Joana declarou indifere
Pela necessidade de lidarem com a prisão de Maximiliano, Cristiano não abriu o bar Crista do Mar ao público. Juntando o grupo no salão para definirem que atitude tomar, como arranjar provas da inocência dele e conseguir liberá-lo antes que Queiroz aprontasse algo contra o capitão do Diablo. Todos estavam ansiosos em saber o que acontecia com Maximiliano e resolver a confusão ocorrida dentro da propriedade da maior inimiga do Gonzalez, e justamente na festa de noivado dele. — Embora seja o único que não tenho como apresentar provas relevantes, pois sempre será a palavra da vítima contra a dele... — E a vítima é justo uma Orleans — Beto lamentou, sabendo que a família mais poderosa de Sanmarino garantiria que Maximiliano fosse condenado. — O maior problema são os outros crimes apresentados pelo delegado — Donato disse completando sua linha de pensamento, expondo ao restante dos homens o que foi dito por Queiroz. — Juntando todos os crimes, se condenado ficará anos preso. — Por isso
Conseguindo a permissão para ver Maximiliano, depois de ler todos os relatórios feitos pelos guardas, juntamente com os depoimentos de testemunhas, Donato passou para o Gonzalez as acusações apresentadas contra ele. — Testemunhas, possivelmente mancomunadas com Queiroz, dizem que viram você matando Orlando Américo. O delegado também apresentou documentos que atestam que você tem cinquenta por cento de sociedade no Salão Real. Sentado no largo e frio banco de pedra junto às grades, impactado pelas acusações criadas contra ele, Maximiliano se forçava a prestar atenção no que o advogado narrava, necessitando achar uma forma de escapar das acusações. — Isso não é verdade! — Maximiliano falou desnorteado. — Eu sei — disse Donato, continuando a contar o que descobriu. — Essas mesmas testemunhas garantem que você ajudava Orlando a sequestrar, prostituir e matar mulheres das fazendas próximas. — Impossível! Descobri sobre esse lugar somente quando estava à procura de Cristiano, Gilberto e
Correndo pelas ruas de Sanmarino, o mais rápido que suas pernas permitiam e seus pulmões suportavam, Paula chegou à casa dos Orleans e apertou desesperadamente a campainha. — Chame à senhora Dalila, por favor — pediu para a empregada da casa, entrando na residência sem aguardar permissão. — Por quê? — Aconteceu algo horrível, chamei-a! — Ordenou, o sentido de urgência enraizado em sua pele. O caos formado pela campainha e a voz desesperada de Paula, fez Kassandra e Adriano, conversando na sala, se moverem para a entrada para saber o motivo do alvoroço. — O que houve? — Ambos questionaram fitando a arfante empregada dos Savoia. Vendo Dalila aparecer, ignorando a pergunta de mãe e filho, foi até a filha de seus patrões e, controlando a angustia, contou sobre o incidente com o patriarca Savoia. Ao relatar sobre o desmaio e que foi levado para o hospital, Dalila desesperou-se. — Mas está vivo ou morto? — Continua inconsciente. Por favor, me siga até o hospital, sua mãe está desespe
Foi um ato impensado, esquecida do local, repleto de pessoas, e das consequências de fazê-lo daquela forma. O ideal era apresentar a prova ao delegado Queiroz, que ele a mostrasse ao casal Orleans, junto com a queixa de falsa acusação que Joana pediu para Donato abrir contra Dalila após reenviar para ele à mensagem de Beto. Mas não suportava mais o descaramento de sua irmã. Mesmo quem não via o que estava diante dos olhos de Adriano, podia ouvir claramente as vozes, seus significados e implicações. Os três Orleans empalideceram com o trecho: “Me mudarei para Sanmarino. Adriano tem que cuidar das colheitas e minha sogra prefere definhar aqui. Estarei sozinha lá e poderemos nos encontrar sempre que quisermos”. — Me dê isso! — Dalila pediu. Em seu desespero, tentou tirar o celular das mãos do marido. Mas ele a empurrou com tanta força, que acabou lançando-a contra a parede próxima. Adriano não pareceu perceber o que fez, seus olhos estavam cravados na pequena tela, vendo sua esposa s
Sendo arrastada por Adriano para longe do hospital, Joana deixou-se levar por imaginar que ele queria escutar mais a respeito da prova que apresentou. Também por isso entrou no carro dele, só se preocupando quando ele deu partida. — Aonde iremos? — Joana questionou colocando o cinto de segurança. — Para um lugar em que possamos conversar sem interferências — Adriano respondeu. — Quero que conte tudo a respeito do caso de Maximiliano com Dalila. Você é a única que teve a decência de expor a verdade, mesmo que tardiamente. Acompanhando o Orleans em um tenso silêncio, Joana viu a paisagem da cidade ser trocada pela encosta, até ele parar a poucos metros da praia, em uma área que costumavam ir no tempo de namoro. — Lembra-se quando ficávamos aqui, conversando por horas? Olhando as ondas do mar, Joana recordou que de sua parte poucas palavras eram proferidas, ali ou em qualquer parte que iam, ela ficava horas escutando-o narrar seus planos futuros e nunca era escutada sobre os próprios
Superado o susto, Joana plantou as mãos nos ombros de Adriano e o empurrou para longe, o que não foi muito, visto que estavam presos dentro do carro. — Nunca mais faça isso — exigiu esfregando o dorso da mão nos lábios, para deixar evidente que desaprovou o beijo. — Você é um homem casado e estou noiva. Acreditando que a única motivação para Joana rejeitar seu beijo fosse os valores morais, Adriano aprovou a atitude dela. De novo se martirizou por trocar uma mulher honesta por outra que se oferecia descaradamente para outro homem, ao ponto de rasgar as próprias roupas para convencê-lo a ser seu amante. — Tudo bem. Aguardarei meu divórcio sair, para sermos livres e retomarmos nosso compromisso de onde parou. — Adriano, não me entendeu. Amo Maximiliano e me casarei com ele — frisou com todo o amor que sentia pelo noivo, mas Adriano parecia não a ouvir. — Não precisa mais me proteger. Eu que farei isso, garantindo que aquele sujeito pague por seus crimes, por abusar de você, do amor