Eu caminhei pelos jardins da casa, tentando acalmar meus pensamentos. O ar frio era agradável, o intenso inverno tinha ido embora. A lua cheia estava chegando, e com ela, tudo o que Krampus havia dito e prometido. Não havia mais para onde correr, eu sabia disso. Mas a ideia de me entregar, de aceitar completamente aquele mundo... era assustadora ou não? Eu me sentia quente com a ideia da língua dele em minha pele. Meus passos me levaram até um pequeno caminho de pedras perto da entrada. Foi então que a vi. Marlene. Ela puxava uma mala com esforço, o rosto duro e fechado, a expressão cheia de raiva. Eu parei, mas não tive tempo de decidir o que fazer. Ela me viu e virou-se na minha direção, largando a mala no chão.— Você acha que merece isso? — Ela cuspiu as palavras, cruzando os braços de forma agressiva.Eu pisquei, surpresa com o tom. — Marlene, o que você está dizendo?Ela riu, mas era um som seco, cheio de amargura. — Você sabe muito bem o que eu estou dizendo. Olhe para si mesm
Mais tarde, deitada na cama, esperei por Krampus.Meu coração estava acelerado, enquanto os uivos dos lobos lá fora cortavam a noite. Eram altos, ferozes, e me faziam encolher debaixo do lençol. Fechei os olhos com força ao ouvir os passos dele se aproximando. O som firme de pés descalços no chão de madeira. E então ele estava lá, parado ao lado da cama.— Krampus... — minha voz saiu trêmula, quase um sussurro.Quando abri os olhos, vi algo que me fez prender a respiração. Bem diante de mim, ele mudou. Não foi uma transição violenta, mas também não era suave. A forma humana deu lugar ao lobo, e depois, como se fosse natural, o lobo voltou a ser homem. Ele me olhou com aquele sorriso inclinado, perigoso e sedutor, e eu me agarrei com mais força ao lençol enquanto ele pairava sobre a cama.— Krampus... — repeti, minha voz ainda tremendo. — Promete que o lobo não vai... passar dos limites.Ele inclinou a cabeça, os olhos prateados brilhando com algo quase hipnotizante. — O lobo quer tudo
Krampus narrandoEu podia sentir o cheiro doce dela no ar. Era inebriante, como um perfume criado para me enlouquecer. Cada pequena respiração que ela dava parecia invadir meu ser, despertar algo em mim que era mais feroz do que qualquer batalha que eu já tivesse travado. Ela era delicada, suave, mas também havia algo nela que fazia meu lobo uivar dentro da minha mente, como se implorasse por mais.Ela estava certa sobre o acasalar. Não faria. Eu entendia os limites, entendia que, embora ela fosse minha companheira, ainda não estava pronta. Por mais que o lobo desejasse tomá-la de todas as formas possíveis, eu mantinha o controle, eu faria as coisas como ela deseja, pelo menos isso.Mas era um controle tênue, precário. Meu desejo quase me fazia perder a razão. A fera em mim não sabia esperar, não sabia se conter, e o jeito como ela tremia embaixo de mim só alimentava meu desejo. Ela não estava fugindo. Ela estava ali, rendida, e isso fazia tudo pior.Inclinei-me para ela, deixando o l
Analia Eu achei que estava louca por permitir aquilo, por deixar o lobo explorar uma parte de mim. A sensação era intensa, tão fora do que eu achava ser possível, mas, ao mesmo tempo, havia algo quase natural nisso. Algo que me fazia ceder, mesmo quando minha mente insistia em resistir.Quando senti a língua quente do lobo novamente, um arrepio percorreu meu corpo, e eu soube. Soube que, por mais que tentasse negar, havia algo em mim que gostava. Gostava do toque, da intensidade, do jeito como ele parecia me adorar com cada movimento. Eu não podia mentir para mim mesma. Eu gostei.Foi quando aconteceu. A transição.Dessa vez, não houve medo. Não houve pavor ao ver o lobo se transformando. Eu estava ali, deitada, entregue, e o recebi. A forma humana de Krampus surgiu diante de mim, forte e imponente, mas seus olhos ainda tinham aquele brilho selvagem que eu tanto temia e desejava ao mesmo tempo.Ele se inclinou sobre mim, os traços firmes e decididos, mas havia algo mais ali. Algo que
Krampus narrandoAcordei Analia com um toque leve no ombro. Ela se mexeu, murmurando algo incompreensível, e tentou se virar para continuar dormindo.— Analia. — Minha voz saiu baixa, mas firme.— Quero dormir... — ela respondeu, a voz arrastada pelo sono.Sentei-a na cama, segurando-a pelos ombros. Peguei um manto longo e vermelho que havia trazido e o coloquei sobre seus ombros. Ela olhou para mim, os olhos ainda pesados de cansaço, mas com uma ponta de curiosidade.— Krampus... o que é isso?— É hora de confirmar sua posição na frente da matilha. Eles precisam conhecer a escolhida do alfa.— Mas... estou nua aqui embaixo! — ela protestou, o rosto corando imediatamente.Eu a olhei nos olhos, sério, mas com uma ponta de suavidade. — Eu sei, Analia. Está tudo bem. Precisa ser assim. Confie em mim.Antes que ela pudesse argumentar mais, peguei-a nos braços e a levei para fora. Ela se agarrou ao meu pescoço quando percebeu o que estava acontecendo, seus olhos arregalados ao ver cerca d
Acordei com o som da janela se abrindo. Meu corpo estava pesado pelo sono, mas quando vi Krampus entrar, um grito escapou da minha garganta antes que eu pudesse me conter. O rosto dele estava coberto de sangue, e o peito, nu, exibia manchas vermelhas que pingavam até os pés. Ele parecia uma visão saindo de um pesadelo.— Krampus! O que aconteceu? — Minha voz tremeu, e eu me encolhi contra a cabeceira da cama, os olhos arregalados.Ele não pareceu surpreso com minha reação. Apenas levantou a mão em um gesto para me acalmar. — Estou indo para o chuveiro. Tudo bem. Fique aí.Eu o observei desaparecer no banheiro, as manchas de sangue marcando o chão de madeira onde ele pisava. Meus olhos não saíam da porta, meu coração batendo rápido enquanto eu tentava entender o que havia acontecido.Quando ele voltou, já limpo, o cabelo ainda úmido, meu corpo enrijeceu novamente.— O que houve, Krampus? — Minha voz era um sussurro. — Esse sangue...Ele deu de ombros, como se não fosse nada. — Só um de
Voltei meu olhar para Frieda, que organizava as coisas com movimentos rápidos, mas quase automáticos, como se estivesse no piloto automático.— Frieda, está tudo bem? — Perguntei, tentando soar gentil.Ela se virou para mim, a expressão calma, mas sem nenhuma emoção real. — Sim, senhora.— Pode me chamar de você.Ela hesitou por um momento antes de responder. — Está bem, senhora.— Você está bem mesmo? Não parece... confortável.— Estou, sim. Vou terminar aqui e ajudar no café.— Não precisa. Eu mesma cuido do meu café, mas obrigada.Ela assentiu e voltou ao trabalho. Algo no jeito dela me incomodava, mas não sabia exatamente o que. Resolvi deixar o assunto de lado por enquanto e fui para o banho.Quando saí, Frieda não estava mais no quarto. Desci para a cozinha, e a encontrei lá, segurando uma xícara de chá nas mãos.— Frieda, não precisava... — Comecei, mas a frase ficou presa na garganta quando percebi que não estávamos sozinhas.Um homem estava parado perto da porta da cozinha. E
Frieda, porém, ainda estava ali, tremendo e segurando os pedaços da bandeja caída, enquanto Wolfgang observava tudo com um sorriso .Aquela manhã, que deveria ter sido calma, agora parecia um jogo de forças que eu não compreendia. E, no meio de tudo, eu sentia o peso da decisão de Krampus — uma decisão que não parecia justa para Frieda, mas que, aparentemente, ninguém ali tinha o poder de contestar.Depois do café, fui até a cozinha. Encontrar Frieda ali, tão pálida e visivelmente assustada, fazia meu coração apertar. Eu me aproximei com cuidado, tentando não alarmá-la ainda mais.— Frieda, eu sinto muito... __ Eu queria mudar o pensamento de Krampus.Ela ergueu os olhos, e as palavras saíram trêmulas. — Ele vai me matar.— Não vai. Companheiros não machucam um ao outro. — Tentei tranquilizá-la, mas ela balançou a cabeça rapidamente, negando, quase desesperada.— Não nesse caso. Na última vez que espécies diferentes foram unidas como companheiros... foi há mil anos. Até hoje contam o