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CENA VI: A CANTIGA DO TROVADOR

TROVADOR: Sinto um aperto no coração parecendo uma pedra de diamante bruto no peito, não sei se meu amor será correspondido. Bela dama esta que escuta minha canção. Que dúvidas repentinas que insanamente me causam alvoroço! Eu devo ter a coragem de um cavaleiro para me arriscar a ouvir um “não”. Talvez eu deva esconder o quão solitário me sinto, às vezes, quando acordo pelas manhãs e como o fruto mais doce e penso em seu beijo. Vou cantar e mostrar o quanto amaria desfrutar de sua companhia, o quanto quero vê-la e olhá-la nos olhos e dizer o que sinto em meu coração. Mas a dama me parece tão distante... Ela parece a mais bela de todas as donzelas deste vilarejo, é como a flor mais cheirosa do bosque, a mais esplêndida da floresta cujas cores vívidas me causam admiração. Sua pele é branca como o copo-de-leite, seus cabelos são negros como ébano e suas bochechas são rosadas; há brilho em seus olhos assim como o da lua nas noites mais estreladas... Vou ao seu encontro declarar o meu amor...

[O trovador vai de encontro à janela de uma donzela do vilarejo e declama sua poesia]:

Jardins estes onde tu és a mais bela flor

Quero te ver sorrir, bela dama

Vejo em teus olhos o brilho do luar

Vejo em teu sorriso a alegria que desperta em mim meu doce querer

Tu és como o mel das abelhas

Venhas até mim, eu serei o teu amor

Tu és como uma princesa que encanta com o olhar.

[A dama simplesmente o ignora e ele sai abalado].

TROVADOR: Pois meu coração assim se partiu em pedaços. Foi uma bela história, agora tive um amor não correspondido. A dama de fato não queria me encontrar, não queria me ver, não se interessa por mim. Sua rejeição dói em mim. É como se eu esperasse até o amanhecer por um suspiro, um olhar, uma lembrança. Sua imagem estava em meus sonhos, eu a queria e assim é difícil demais acordar para uma dura realidade que não existe. Não consigo esquecer sua face, nem seu sorriso. Que fantasia! O imaginário mundo maravilhoso de criaturas dos contos de fadas é tão ilusório quanto o que eu vivo agora. Parece que a minha vida se transformou em desalento...

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