Aika

Passei toda a madrugada estudando para o projeto do professor Frederico. Talvez consiga fazer uma apresentação válida, já que não consegui dormir de tanta ansiedade. Este trabalho vale uma boa parte da minha nota anual e não quero perder por nada.

O relógio marcava 5:00 da manhã, e eu precisava chegar às 6:00 na escola para me juntar ao grupo e resolver as últimas coisas da nossa apresentação.

Segui para o banheiro com uma certa preguiça, já que não consegui fechar os olhos na noite anterior. Talvez um banho bem gelado me desperte de vez.

Hoje, por impulso, resolvi me arrumar melhor. Não sei se é por causa da minha apresentação ou pelo simples fato de que, às vezes, me zoam por minha aparência. Peguei uma calça mais apertada e uma blusa de mangas longas, não muito decotada. Não costumo usar roupas tão apertadas no meu dia a dia, hoje é uma grande exceção.

Depois de me olhar bastante no espelho e não me sentir confortável, resolvi ir logo tomar meu café e partir para a escola.

No caminho, penso sobre o meu futuro e, às vezes, me desespero com tanta expectativa que colocam em mim. Sou a irmã mais nova de quatro irmãos, e dois deles têm uma vida bem-sucedida. Já eu e minha irmã somos as que ainda estão no colégio.

Zaya, minha irmã, está no seu primeiro ano de moda na universidade, e eu estou no último do colegial. Quero ser uma grande cientista e ajudar a todos com minhas habilidades, mas algo nisso me assusta muito, já que não posso falhar de jeito nenhum.

Sou tirada dos meus pensamentos quando chego na escola. Zaya me deixa todos os dias. Eu me despeço e vou ao encontro do meu grupo, que consiste em duas meninas e um menino: Mara, Lena e Zach.

Zach: Nossa, como você ficou linda nessa roupa.

— Obrigada, Zach! Do nada, veio na minha cabeça usar algo diferente hoje.

Lena: Você é linda, Aika. Deveria valorizar essa beleza. Seus cabelos soltos valorizariam seus olhos.

Mara: Concordo com os meninos, Aiki (apelido que colocaram em mim). Você é muito bonita.

— Ai, gente, assim eu fico sem jeito. Acho melhor a gente cuidar de ajeitar essa apresentação, já que perdi o sono de tanta ansiedade.

Lena: Então vamos rápido, já que esse professor é extremamente exigente.

Somos só nós, já que não somos tão bem aceitos por alguns grupos. Não é como nos filmes que os nerds são super odiados, mas alguns não simpatizam conosco e não pretendo entender o motivo.

Começamos a conversar sobre nosso trabalho até a hora de entrar na sala de aula. Nossa apresentação deve acontecer na terceira aula, antes do intervalo, então já resolvemos tudo e fomos assistir às primeiras aulas.

O tempo passou arrastado até chegar a aula de Frederico. Estava nervosa, mas não deixei transparecer. Frederico já está perto de se aposentar, então essa pode ser a última apresentação de algo que ele tenha passado. É um pouco triste, mas não há muito o que ser feito.

Logo chega a hora de nós apresentarmos o trabalho, e assim foi durante uns dez minutos. Enquanto isso, o imbecil do Luke ficava fingindo tosse toda vez que eu ia falar.

Mas quem é Luke? É simplesmente o cara mais escroto e ordinário que já pisou na Terra. Eu e Luke somos inimigos, acredito que desde o nascimento. Nunca nos demos bem e não me pergunte o porquê. Luke é o famoso queridinho da cidade, tanto por ser filho do dono de uma das maiores franquias de concessionárias da cidade quanto por ser um cantor mequetrefe de uma banda de fundo de quintal que só tem fama porque o papai dele é poderoso.

Dá pra perceber o quanto esse cara é um incômodo para mim, em todos os sentidos. Ele não me deixa em paz e faz tudo para me deixar estressada. Tem dias que até não venho à escola para não ter que lidar com esse insuportável. É sério, tenho aversão a ele até em pensamento.

Voltando para a apresentação, assim que terminamos, o sinal b**e para o intervalo. Eu só queria sair daquela sala e me isolar um pouco, já que quando estou tensa gosto de ficar um pouco só. Que bom que meus amigos entendem meu lado.

Zach: Aiki, você já está fugindo?

— Sim, Zach, você sabe como o Luke me deixou tensa.

Zach: Tudo bem, bebê, vai lá que eu aviso as meninas.

Espero que esse sentimento passe. Não gosto de sentir raiva de ninguém, mas o Luke tem o dom especial de trazer à tona meu lado ruim.

Passei todo intervalo atrás da biblioteca, em um lugar onde vêm poucas pessoas durante o dia, então posso relaxar em paz. Já com a mente tranquila, voltei para os meus amigos e fui continuar meu dia, torcendo para não perder a compostura novamente e não encontrar o Luke por aí, por mais difícil que seja, já que ele é igual a um vírus: está por todos os lados.

Após todas as aulas, fomos para fora esperar nossas caronas. No meu caso, minha irmã virá me buscar hoje.

As meninas foram embora e só restaram eu e Zach por enquanto. Estávamos conversando de boa quando avisto o Luke se aproximando. Estou torcendo para ele passar direto, mas o infeliz resolve vir perturbar.

Luke: Sabia que vocês são o casal mais bonito dessa escola.

Zach: Sai fora, cara. A gente não é um casal e não gostamos que você fale isso.

Luke sempre implicou nesse assunto de eu e Zach sermos um casal. Acho que ele não tem o que fazer mesmo.

Luke: Oras, por que não? Vocês dois combinam bastante. Hahaha.

Esse cara já está me dando nos nervos.

— Luke, você deveria calar a boca e vazar daqui. É nítido que não somos namorados. Deixa a gente em paz.

Luke: Calma, mocinha, não quis ofender ninguém. Só achei vocês um casal maravilhoso. Hahaha. Mas entendo o receio de se assumirem. Você não é uma garota que seja legal de ter ao lado. Talvez se fosse mais bonita, eu particularmente não queria nunca alguém como você.