Mônica O clima na mesa é estranho, e eu só quero terminar esse jantar, que desce pela minha garganta como se fosse pedras quentes. Mas eu me alimento, e não é pela fome, e sim porque Lucy se dedicou muito. Me sentei entre duas amigas de Lucy, porque do outro lado da mesa tinha muito espaço, então sabia que um deles sentariam ao meu lado… ou não né. Não olhei na direção de nenhum dos rapazes, mas era como se cada um deles estivesse bem ao meu lado, respirando perto de mim. Há um assunto rolando na mesa, mas juro que não faço a menor ideia do que estão falando, mas eu sorrio e aceno, para ninguém me perguntar nada. Lucy percebeu algo, isso é certeza, mas dou graças por ela me conhecer o suficiente para não me perguntar na frente de todos.— Porque está tão quieto, Jason? O piadista da mesa é você, então porque o silêncio? – O namorado de Lucy pergunta. Nesse momento me arrependi de olhar para eles, e se eu desviar o olhar agora eu estarei demonstrando fraqueza. Jason passa a mã
Mônica O silêncio no carro é ensurdecedor, Lucy é uma irmã incrível e nunca me escondeu nada, mas como eu começaria esse assunto? Agora não tenho como fugir. Morgan e Jason não insistiram para me trazer, pois nesse momento eles sabem que preciso conversar com a minha irmã. E agora, paradas na entrada da minha casa/loja, eu falo:— Vamos entrar, precisamos conversar! – Falo e ela ainda está quieta olhando o nada na sua frente. Não vendo ação da parte dela, eu abro a porta do carro e saio abrindo em seguida a porta do seu lado do carro. Ele reage saindo de dentro, acionando o alarme. Agora sentadas no meu sofá, eu suspiro antes de começar. Mas é tão difícil pronunciar as primeiras palavras.— Eu sabia que algo estava acontecendo entre você e Morgan, e fiquei feliz por isso, até porque ele é uma das melhores pessoas que já conheci na vida. Mas aí eu vejo você com Jason, aqui na loja e pensei que tinha interpretado errado, e jamais imaginaria você com Jason, mas mesmo assim fiquei fel
Mônica Olho para todos os modelos prontos nos manequins, Clara está tão orgulhosa quanto eu. Ela é ágil e muito talentosa, sendo um braço direito para mim. Analiso a costura bem feita dos meus vestidos, procurando algum defeito para ser reparado, mas não encontrei nenhum. Depois que Morgan e Lucy divulgaram tanto o meu trabalho, estou com a agenda cheia. Estou tão feliz, pois não imaginava que teria sucesso tão rápido.— Acho que preciso contratar mais ajuda! – Falo para a Clara exausta, sentada na poltrona para seu momento de pausa.— Conheço algumas pessoas que acho que você vai gostar.— Isso seria ótimo, obrigada, Clara?Seguimos o dia trabalhando muito, recebendo pedidos personalizados, tirando medidas das clientes, me deixando feliz por fazer o que gosto. Tive muita sorte de encontrar um lugar para alugar junto com a minha casa, mesmo que a cozinha do meu apartamento acabe virando uma espécie de refeitório para as minhas funcionárias. Além da Clara, eu tenho uma recepcionist
Mônica Chego num bar mais movimentado do que eu imaginava. Ando desajeitada por vários grupos de pessoas animadas, bebendo e sorrindo, como se estivessem num paraíso. Nunca fui de ir em bar, sempre me senti deslocada em lugares assim, mas estou começando a ter uma visão diferente de antes.— Mônica? Sandro aparece tão empolgado e sorridente quanto todos que estão ali.— Ei, que bom que veio, vem cá, deixa eu te apresentar algumas pessoas. Ele pega a minha mão, e eu automaticamente puxo ela de volta. Ele me olha estranhando a minha atitude, porém eu dou um sorriso amarelo.— Pode ir que eu te sigo! Chegamos num grupo de pessoas tomando shots de bebidas, batendo os copos na mesa ao reagir a queimação da bebida. Eu sabia que estaria num bar, mas pensei que seria como o último que fui sozinha, que era mais calmo e com menos pessoas. Mas me surpreendi ao ver a quantidade de pessoas que estavam na mesa com Sandro. São pessoas novas e bonitas, algumas delas me parecem familiares, mas n
Mônica Dentro do carro de aplicativo, eu me sinto pesada e sonolenta. Minha cabeça gira sem parar e não sei o que pode estar acontecendo. Será que é porque eu não almocei hoje? Acho que não, até porque já fiquei um dia inteiro sem comer e isso não me afetou desta maneira.— A senhora está se sentindo bem? – O motorista pergunta, ele é um senhor de idade e se mostra preocupado.— Só uma tontura, mas logo vai passar.— Mesmo estando escuro o carro, dá para perceber que está pálida, quer que eu a deixe no hospital.— Não… eu… só preciso tomar banho e dormir um pouco.— Toma cuidado moça, esses bares não são confiáveis, temos que estar atentos o tempo todo, é o que sempre digo aos meus filhos.— Mas eu não bebi nada alcoólico, na verdade sim, dei um gole numa espécie de suco.— Chegamos, agora descansa e se cuida, dona.— Obrigada! Saio do carro com um pouco de dificuldade, abro a porta lateral da loja, pois tem as portas de vidro grandes e uma porta para ir direto para o apartamento,
Morgan Está difícil, muito difícil ter tanta paciência para esperar uma decisão da Mônica. Eu entendo muito bem que deve ser difícil ela decidir namorar com 2 homens ao mesmo tempo, que ela viveu uma vida bem conservadora e longe desse tipo de realidade, que a cada dia é mais comum. Entendo que ela quer, mas falta a coragem só para dizer uma palavra simples: “Eu aceito!” Jason está igual a um animal enjaulado, pé dentro e pé fora de casa, e eu estou tentando fazê-lo entender que ela precisa desse tempo. Fomos fazer um trabalho fora, e esse foi o tempo ideal para eu controlar Jason. A cada dia mais a nossa rotina de viagens está ficando cansativa. Acho que já está na hora de eu começar o meu projeto de abrir a minha agência. Sempre tive vontade de ter minha própria agência e vários modelos me disseram que eu tenho talento para esse trabalho. Por um tempo eu ajudei a Cassandra Ortiz com o agenciamento de modelos, e me dava bem com todos, porém quando ela teve que se afastar da em
Mônica Lutei comigo mesma para não vir atrás deles, tentei arrumar desculpas, fiz outro prato, chamei e cancelei vários carros de aplicativo… mas agora, tão tarde da noite, cá estou eu, na porta da frente da sua casa, nunca entro por essa porta, sempre entro pelos fundos, mas quando Lucy está em casa. As travessas estão pesadas, porque fiz comida para um batalhão, além de estar fria, porque demorei para vir. Quando Morgan abre a porta, eu até suspirei trêmula, de ansiedade, de saudade, de medo. Falei tanta coisa de uma vez que nem me lembro ao certo o que disse, porque minha boca falava, mas minha mente estava deslumbrada com a beleza do seu rosto sonolento. Com os cabelos negros bagunçados, rosto lisinho e um cheiro gostoso que exala do seu corpo. Ele não diz nada, somente me faz entrar, coloca as travessas em algum lugar e me leva para seu quarto. Eu aproveito que estou em seu colo, para sentir a sua fragrância de perto, e senti tanto a falta dele. Antes dele entrar em seu qu
Jason Não sei como Morgan fica tão calmo nessa situação. Mônica teve muito tempo para pensar, e se der mais espaço a ela, ficaremos aqui esperando por meses ou anos. Às vezes precisamos puxar a corda que damos às pessoas, senão elas não saem do lugar, dar tempo a um ser humano é a pior bobagem de todas. Quando se ama, não tem o que pensar, a resposta já está na ponta da língua, só falta dar uma pressionada para sair mais rápido. Ele não acredita nessa teoria, então concordamos em discordar. Cheguei a ir até a porta de casa, para ir até ela, porém eu me senti perdido, o que eu poderia fazer? Como não assustar ela com a minha presença ansiosa? Nunca corri atrás de ninguém, sempre que queria ficar com uma mulher, era só jogar uma piada, e abrir os braços, ou baixar as calças… sei lá, mulher na minha vida não falta, porém tenho que admitir que Mônica é diferente, isso as vezes me assusta, porque tenho medo de fazer uma besteira e perder ela para sempre. Diante da calma de Morgan, s