Parecia surreal ver meu pai e meu irmão parados à minha frente. Meu irmão veio ao meu lado, empurrando Jonathan para longe. Túlio me puxou em seus braços e me abraçou forte; a única coisa que eu consegui fazer foi chorar, parecendo uma criança. Não tive reação nem mesmo para abraçar Túlio. — Cuidado, meu filho, assim você pode sufocar tua irmã. — Foi a vez do meu pai empurrar Túlio e me puxar para um abraço. — Xi! Não chore mais, minha menina, papai vai cuidar de você. — Quanto mais ele me abraçava, mais eu chorava. Não tinha me dado conta de que necessitava ter aquele contato com meu pai. Ele sempre foi um pai carinhoso, só que comigo seus gestos eram limitados a um passar de mão nos meus cabelos. E para mim, aquilo era novo. — E você, rapazinho, acho que está na hora de você ir embora. — Você sabe quem sou, alfa, e você me deve respeito. — Eu realmente não conhecia aquele Ian; ele nunca tinha visto meu pai e já o tratou daquela forma. — O único alfa a quem eu devo respeito é esse
— Por que você foi a única pessoa que fez meu coração bater forte após tudo que eu vivi? E você, Ian, foi o primeiro homem que eu escolhi para abrir meu coração, e olha, você me retribuiu. Então, por favor, vai embora. Tinha certas horas em que eu odiava ter audição apurada, pois, se tinha uma coisa difícil, era ouvir a pessoa que você ama dizer a outra pessoa que escolheu ele para viver uma vida juntos. Sei que meu castigo ainda está pouco por tudo que fiz Tamara passar; todavia, merecer ser castigado não diminuía a dor em meu peito. Às vezes, eu me perguntava se não estava sendo tóxico em relação a estar ao lado dela, mesmo contra sua vontade. Quando eu tivesse oportunidade, iria perguntar a ela se a minha presença a estava incomodando a ponto de deixá-la desconfortável. Se sua resposta fosse um sim, eu a deixaria viver sua vida da forma que ela quisesse. Ouvi o som do elevador indicando que o ex-namorado de Tamara desistiu e foi embora. Abri a porta e vi Tamara olhando para o elev
Ver o Jonathan saindo daquela forma, sem ao menos olhar em minha direção, me fez perceber o quanto eu deveria tê-lo magoado. Meu pensamento estava apenas em Jonathan, então tudo que acontecia ao meu redor era como se não existisse; entretanto, a última frase do meu pai me despertou do meu transe. — Isso que ele fez pela sua irmã foi um ato de amor grande, pois ele colocou a vida dele em risco. — Sim, ele colocou a vida dele em risco para devolver uma parte importante de mim. — Tenho que sair, não irei demorar muito. Fiquem à vontade. — Abri a porta do meu apartamento e corri em direção ao elevador. — Jonathan? — Entrei correndo no elevador e bati com a testa na porta. — Você está bem? — Estava começando a rir quando Jonathan colocou sua mão em minha testa; esse gesto fez meu corpo arrepiar e meu coração acelerar. — Estou sim. — Peguei a mão de Jonathan e coloquei-a por cima de meu peito para ele poder sentir o quanto meu coração estava acelerado. — Você não se despediu! — Achei qu
Não sei nem explicar o que eu senti no momento em que Tamara me marcou como seu. Sim, ela me reivindicou por completo, então cada pedacinho de mim pertencia a ela. No momento em que Tamara me marcou como seu, o meu corpo passou por uma experiência inexplicável. Não sei se eu teria a capacidade de explicar o que eu senti naquele momento, mas irei tentar. Todos os gestos de carinho que tivemos naquela noite vieram da parte de Tamara; ela começou se aproximando de mim, sentando em minhas pernas e colando nossos lábios. O clima foi esquentando, nossos toques ficando mais quentes e, quando menos esperei, ela mordeu meu pescoço, deixando em mim sua marca. Nos ensinaram na escola que, no momento em que um lobo é marcado por seu parceiro, ele sente uma eletricidade por seu corpo; entretanto, creio que comigo foi diferente, pois o que senti passou de uma eletricidade. Foi como se um raio estivesse me acertado, meu coração acelerou, sentia meu sangue pulsando em minhas veias, tudo em mim estav
A visita do meu pai foi bem curta; ele disse que não gostava de deixar minha mãe sozinha por muito tempo. Ele me questionou novamente sobre eu não querer voltar à alcateia com ele. Tentei ser o mais convincente possível ao dizer que não guardava mágoa deles, mas que não estava preparada para abdicar das minhas conquistas. Jonathan também falou a meu favor e pediu para meu pai não insistir, pois, já tínhamos decidido sobre o nosso futuro, e eu seria a sua companheira onde quer que eu estivesse. — Então, meu alfa, vou deixar minha filha aos seus cuidados e só peço que você cuide bem dela. — Meu pai estava segurando minhas mãos. — Eu vou indo, minha filha, e prometo que voltarei mais vezes para te ver e que continuarei rezando à Deusa para trazer você de volta ao nosso lar. — Obrigada pela visita, pai; o senhor será sempre bem-vindo à minha casa. — Ele agradeceu, beijando minha testa, e antes de partir, pediu para eu cuidar com Ian e para me manter o mais distante possível dele. Que
Tive que voltar às aulas na segunda-feira após o final de semana em que ficamos trancados em meu apartamento. Nesse mesmo dia, Jonathan voltou a lecionar. A única coisa que não podia imaginar é que aquela segunda seria o dia em que eu mais me controlaria para não matar ninguém. A manhã naquela segunda começou muito bem; acordamos e, após o café da manhã, fomos para a aula juntos. Entrei na sala de aula e fui logo me sentar ao lado do meu amigo Henrique, que, ao me ver se aproximar da cadeira, se levantou para me abraçar.— Amiga, que saudade eu estava de você.— Rique, só passamos dois dias longe um do outro.— Nossa, só isso? Pois pareceu ser muito mais. — Gargalhamos, nos abraçando novamente, e nesse momento comecei a ouvir burburinhos na sala que vinham de um grupo de meninas.— Você viu quem chegou hoje na faculdade? — Perguntou uma das loiras, e a outra loira negou, balançando a cabeça. — O professor mais gostoso de toda essa faculdade! Graças a Deus que ele voltou, pois essa fac
Após deixar Tamara em frente à faculdade, fui cumprimentar o reitor. Ele me desejou boas-vindas e, para minha felicidade, me informou que minha primeira aula era na sala de Tamara. Despedindo-me dele, fui o mais rápido possível até a sala de aula e, ao me aproximar, senti uma vibração diferente vindo da sala. Quanto mais eu me aproximava, mais aquela vibração ficava forte.— Essa energia pertence à nossa companheira; creio que algo a incomodou muito — disse meu lobo.Cheguei em frente à sala de Tamara e a vi conversando com o rapaz com quem ela tinha feito amizade nos primeiros dias de aula. Seu rosto estava virando em direção a um grupo de meninas. Escutei Tamara falando para o seu amigo que o pescoço da garota loira ao seu lado não interessava a ela, mas que o que ela queria era arrancar o coração dela com suas próprias mãos. Tamara estava tão envolvida no que sentia naquele momento que nem mesmo percebeu minha presença. Acho que faltou pouco para ela rosnar ali dentro daquela sala
“Estou te esperando no meu carro, não demore, pois estou com muitas saudades.” Estava faltando poucos minutos para minha aula daquele dia acabar, foi quando senti meu celular vibrar e, ao desbloqueá-lo, vi que era uma mensagem de Jonathan me informando que estava me esperando no seu carro. No momento em que minhas aulas se encerraram, despedi-me de Henrique e, mesmo ouvindo os burburinhos que vinham do grupo de Carla, deixei para trás, fingindo não ouvir, pois eu também estava com saudades do meu companheiro. Caminhei em direção à saída da faculdade, porém, ao chegar em frente à porta, comecei a sentir um cheiro que já era conhecido para mim. Meu cérebro demorou para processar o que eu deveria fazer, então tentei passar por Ian e não deixar que ele chegasse perto de mim, só que ele foi mais rápido e agarrou meu braço, tentando me puxar para seu carro. — O que você pensa que está fazendo? — Puxei meu braço de sua mão. — Eu vim lhe buscar para irmos ao hospital. Esqueceu que você ai