Tive que voltar às aulas na segunda-feira após o final de semana em que ficamos trancados em meu apartamento. Nesse mesmo dia, Jonathan voltou a lecionar. A única coisa que não podia imaginar é que aquela segunda seria o dia em que eu mais me controlaria para não matar ninguém. A manhã naquela segunda começou muito bem; acordamos e, após o café da manhã, fomos para a aula juntos. Entrei na sala de aula e fui logo me sentar ao lado do meu amigo Henrique, que, ao me ver se aproximar da cadeira, se levantou para me abraçar.— Amiga, que saudade eu estava de você.— Rique, só passamos dois dias longe um do outro.— Nossa, só isso? Pois pareceu ser muito mais. — Gargalhamos, nos abraçando novamente, e nesse momento comecei a ouvir burburinhos na sala que vinham de um grupo de meninas.— Você viu quem chegou hoje na faculdade? — Perguntou uma das loiras, e a outra loira negou, balançando a cabeça. — O professor mais gostoso de toda essa faculdade! Graças a Deus que ele voltou, pois essa fac
Após deixar Tamara em frente à faculdade, fui cumprimentar o reitor. Ele me desejou boas-vindas e, para minha felicidade, me informou que minha primeira aula era na sala de Tamara. Despedindo-me dele, fui o mais rápido possível até a sala de aula e, ao me aproximar, senti uma vibração diferente vindo da sala. Quanto mais eu me aproximava, mais aquela vibração ficava forte.— Essa energia pertence à nossa companheira; creio que algo a incomodou muito — disse meu lobo.Cheguei em frente à sala de Tamara e a vi conversando com o rapaz com quem ela tinha feito amizade nos primeiros dias de aula. Seu rosto estava virando em direção a um grupo de meninas. Escutei Tamara falando para o seu amigo que o pescoço da garota loira ao seu lado não interessava a ela, mas que o que ela queria era arrancar o coração dela com suas próprias mãos. Tamara estava tão envolvida no que sentia naquele momento que nem mesmo percebeu minha presença. Acho que faltou pouco para ela rosnar ali dentro daquela sala
“Estou te esperando no meu carro, não demore, pois estou com muitas saudades.” Estava faltando poucos minutos para minha aula daquele dia acabar, foi quando senti meu celular vibrar e, ao desbloqueá-lo, vi que era uma mensagem de Jonathan me informando que estava me esperando no seu carro. No momento em que minhas aulas se encerraram, despedi-me de Henrique e, mesmo ouvindo os burburinhos que vinham do grupo de Carla, deixei para trás, fingindo não ouvir, pois eu também estava com saudades do meu companheiro. Caminhei em direção à saída da faculdade, porém, ao chegar em frente à porta, comecei a sentir um cheiro que já era conhecido para mim. Meu cérebro demorou para processar o que eu deveria fazer, então tentei passar por Ian e não deixar que ele chegasse perto de mim, só que ele foi mais rápido e agarrou meu braço, tentando me puxar para seu carro. — O que você pensa que está fazendo? — Puxei meu braço de sua mão. — Eu vim lhe buscar para irmos ao hospital. Esqueceu que você ai
As férias de verão tinham finalmente chegado. Jonathan e eu combinamos de fazer uma pequena viagem; ele iria me levar para conhecer o mar. Nunca tive oportunidades de sair da alcateia; a única oportunidade que tive de sair da alcateia foi no dia em que me desliguei de todos, no dia em que saí deixando tudo para trás. Então, Jonathan resolveu que iríamos nas nossas férias. Nunca esperei tanto por uma data.Ian não apareceu mais pela faculdade; acho que ele realmente desistiu de tentar algo comigo após descobrir que marquei Jonathan. Rosana me disse que ele parece estar normal, mas quem realmente o conhece sabe que ele está diferente, que o brilho que ele tinha no olhar ao sorrir para as pessoas desapareceu. Ela também comentou que um dia ele perguntou se Rosana tinha notícias sobre mim e, após ela dizer que estava tudo bem, ele gargalhou, dizendo que era bom eu aproveitar essa fase de alegria, pois não iria durar muito, e que, apesar de ela perguntar a ele o que aquilo significava, ele
Ao chegarmos à alcateia, fomos recebidos por um cortejo. Meu pai disse que não teve nada a ver com tal recepção, que tudo ficou por conta do meu sogro e cunhado. Minha companheira deu uma bela bronca neles. Ela disse que não acreditava que eles pensaram em fazer uma comemoração no momento em que nosso povo estava vivendo.— Minha filha, entenda, só estamos felizes em tê-la de volta a nossas terras. — Ele realmente estava radiante. — Seu quarto está da forma que você deixou, apenas esperando a dona dele. — Tamara me olhou, esperando que eu explicasse a situação a seu pai.— Sinto muito em informar, meu sogro, entretanto, minha companheira ficará ao meu lado. — Nesse momento, a sala encheu-se de risadas, e fiquei sem entender.— Eu sei, meu filho, aqui não tem ninguém querendo separar você dela, não, só estou dizendo a ela que o quarto dela está da forma que ela deixou e que, no momento em que ela quiser ver suas coisas, a casa sempre será dela também.— No dia em que Tamara decidir, nó
Não sei o que acontece, mas parece que a confusão me segue por onde quer que eu vá. Mal chegamos à alcateia e meu companheiro por pouco não arrancou o pescoço de Eliot; ele não gostou da forma como Eliot o tratou. Entretanto, eu não tiro a razão dele: é o alfa da alcateia, então todos têm o direito de respeitá-lo. E, se por acaso alguém quiser permanecer em qualquer alcateia, deve viver com respeito aos seus alfas. Eliot sempre foi uma pessoa muito especial para mim; de todos na alcateia, ele era o único que falava comigo e me tratava bem, além do meu irmão. Só isso não era motivo para eu ficar ao lado dele e contra Jonathan, pois ele estava errado.Pedi a Jonathan para tentar manter a calma, pois ele não vai conseguir ser respeitado com violência. Um bom líder consegue respeito apenas com comunicação. Para dar fim à discussão e à festa, que, mesmo pedindo que não fizesse, meu pai e Túlio fizeram questão de realizar, chamei todos para almoçar. Na verdade, eu realmente estava com fome;
Estávamos há duas semanas na alcateia quando recebi uma ligação de Rosana. Ela estava desesperada, pois, segundo ela, Ian tinha ficado louco. Rosana me ligou chorando; enquanto soluçava, ela dizia que ele tinha praticamente quebrado todos os apartamentos dela em busca de notícias sobre mim. Ela me pediu perdão por ter dito a ele minha localização; porém, ele conseguiu realmente espantar ela.— Tamara, ele está completamente fora de si. — Fiquei com o coração partido ao ouvir minha única amiga chorando. — Não entenda mal, ele não fez nada comigo, mas amiga, ele quebrou meu apartamento.— Oh! Amiga, você fez certo em falar para ele onde eu estou, não se preocupe, aqui ele não conseguirá fazer nada comigo. — Jonathan estava ao meu lado, fingindo estar dormindo; estávamos os dois abalados pelos sumiços dos nossos lobos. — Rosana, acho que seria melhor você vir ficar aqui comigo. Não me sentirei bem em deixar você aí, com Ian te fazendo de vítima.— Amiga, você sabe que o alvo dele é você.
A situação estava pior do que eu imaginava. O número de pessoas desaparecidas ficava maior a cada dia que passava, e parece que de nada adiantou eu ter pedido que fechassem as entradas da alcateia, e que não fosse permitida a saída e muito menos a entrada de ninguém estranho. Cada dia que passava era uma questão nova para se resolver, e mesmo que tivesse passado apenas duas semanas desde que estávamos de volta à alcateia, eu já me encontrava esgotado. O que me dava forças para continuar lutando era saber que ela estava ali me esperando.Eu sempre dava um jeito de ir até ela quando sentia que minhas forças estavam para se esgotar, e Tamara sempre me recebia com o mais lindo sorriso e de braços abertos. O tempo parecia parar quando eu estava ao lado dela; ela trazia calmaria para as tempestades que aconteciam dentro do meu ser, por ver meu povo sofrendo por falta dos seus. Tinha quase certeza de quem era o culpado pelo sumiço dos meus lobos, e, após ouvir a conversa entre Tamara e sua