Sai da casa de Rosana e, ao chegar na portaria, dei de cara com Ian me esperando. Achei muito estranho, pois eu não tinha dito onde estaria e tenho certeza de que Rosana também não falou nada para ele, pois, se ela tivesse feito tal proeza, teria me contado. Ian caminhou em minha direção e já veio com um sorriso que poderia abalar a estrutura de qualquer mulher. Ali, pude lembrar do motivo que me fez escolher ele, pois, com seu sorriso, Ian conseguia clarear o dia mais nublado. — Vim buscar você! — Ian colocou seus braços em minha cintura e beijou minha testa. — Sei que você está se perguntando como eu poderia saber que você estava aqui no apartamento de Rosana, mas para tudo há uma resposta. — E qual resposta você tem para me dar? — Aqui não, vamos para um lugar mais calmo para podermos conversar. — Não disse mais nada, apenas o segui até o carro. Ian começou a dirigir e nos levou ao lugar do nosso primeiro encontro. — Vem! — Ian segurou minha mão, me ajudando a sair do carro. Cam
Meu corpo se encontrava oitenta por cento recuperado; o bom é que não estava sentindo dor, apenas fraqueza. Ter Tamara ao meu lado me ajudou bastante. Antes de sair da alcateia para vir à cidade onde eu estava morando, o médico amigo do meu pai me explicou que, ao lado da minha companheira, eu poderia melhorar em questão de semanas, e ele acertou, pois só tinha passado uma semana que eu estava ao lado dela e meu corpo já se encontrava praticamente recuperado. É claro que também aproveitei cada segundo do dia em que podia para me sair como coitadinho, só para ver ela cuidando de mim. Às vezes, eu fingia até sentir dor para ver a preocupação dela. Tamara permitiu que eu dormisse ao lado dela desde o dia em que voltei. Ela dizia que assim eu iria me recuperar mais rápido e não a perturbaria por muito tempo, mas eu tinha a certeza de que ela não quis dizer aquilo e que sua preocupação era verdadeira. Uma noite, eu acordei com ela passando a mão pelo meu rosto; fiquei de olhos fechados, f
Tamara conseguiu me trancar no seu apartamento; eu não pude nem mesmo ir ao meu apartamento sem ter ela colada a mim. Entretanto, não sei se foi esquecimento dela ou se ela não queria pensar na possibilidade de que eu poderia me conectar com qualquer um dos meus lobos sem nem sair do seu apartamento, e foi exatamente o que eu fiz. — Túlio? — Aproveitei o momento em que Tamara tinha ido ao banheiro para me conectar ao meu beta (só um detalhe que não posso deixar passar: querendo me deixar incontestável, Tamara sequestrou meu celular). — Oi! Jonathan. — Escute bem o que vou te falar, não tenho muito tempo. Encontrei o alfa que está à procura de Tamara. — O quê? Onde ele está? Ele apareceu por aí? Pois, até em sua alcateia não foi possível encontrá-lo. — Túlio, fique em silêncio e escute o que vou te dizer; meu tempo está curto. — Onde você está? Ele te pegou? — Santa deusa, esse homem não sabe o que é ficar em silêncio. — Porra, Túlio, cale essa boca e me escute, e por favor! Não
Eu me considerava um alfa de sorte; não tive problemas pessoais na infância e muito menos na adolescência, até que, ao chegar à juventude, tudo mudou. Tive uma infância feliz; meus pais me bajulavam muito, então sempre tive tudo o que eu queria. A única coisa que não tive pelos meus próprios méritos foi minha companheira, pois ela foi um presente que a deusa Selene me entregou, mas nosso tempo juntos foi curto. Tive poucos dias para aproveitar a companhia dela, mesmo esperando três anos para tê-la ao meu lado. Faltava apenas um mês para ela completar dezoito anos. Eu já tinha pedido um recesso na faculdade para poder voltar à minha alcateia e ficar ao lado dela, para curtirmos nossa noite de acasalamento juntos, mas, para minha surpresa, minha mãe me revelou que minha companheira tinha viajado para comemorar sua formatura do ensino médio. O grande problema foi que ela não voltou daquela viagem, apenas seu corpo sem vida. Sei que é estranho um lobo saber quem é sua companheira antes d
Ela estava na minha frente e, em nenhum momento, consegui ligá-la à pessoa da foto. A menina à minha frente tinha um jeito meigo; ela me olhava de uma forma inocente que, em algum momento, me fez questionar se realmente conseguiria fazer mal a ela. Seu olhar era de uma pessoa que teve sua alma dilacerada, mas eu não podia me deixar levar pelo seu olhar inocente, pois já tinha aprendido com meu pai que, quanto mais inocente é o olhar de uma pessoa, pior é o segredo que ela guarda. — Então, me conte um pouco sobre você... como é seu nome? — falei, quebrando o silêncio sufocante que se formou em meu escritório. — Meu nome é Tamara, sou nova na cidade e, no momento em que Rosana me falou sobre esta vaga, me interessei, pois gosto de ajudar as pessoas. — Hum! Então o nome da assassina é Tamara; até que esse nome combina com sua beleza. — Você tem família na cidade, Tamara? — Eu não tenho família! — Senti que doeu nela ao falar essa frase; entretanto, pelo que o lobo que veio ao meu
Sempre achei que as pessoas que terminavam relacionamentos e seguiam caminhos como dois estranhos, ou até mesmo dois inimigos, eram muito erradas, pois eu não entendia como duas pessoas que chegaram a ter fortes sentimentos uma pela outra podiam virar as páginas de suas vidas e esquecer que, em alguns dias, elas foram ligadas por sentimentos que foram compartilhados por ambos. Só que, após descobrir que meu primeiro relacionamento não passou de uma mera vingança armada para ele descobrir se eu tinha sido a pessoa que matou sua companheira, isso me fez entender as pessoas que passavam borracha no passado, pois era aquilo que eu iria fazer em relação a Ian. Não vou dizer que fiquei magoada a ponto de odiá-lo; entretanto, foi ruim descobrir que meus sentimentos foram reais e que os dele não passavam de um plano elaborado na maldade de fazer algo contra mim. E sem falar que os planos dele colocaram em risco a vida de Jonathan, e que, se não fosse pelo cuidado que a deusa tem em relação a
Parecia surreal ver meu pai e meu irmão parados à minha frente. Meu irmão veio ao meu lado, empurrando Jonathan para longe. Túlio me puxou em seus braços e me abraçou forte; a única coisa que eu consegui fazer foi chorar, parecendo uma criança. Não tive reação nem mesmo para abraçar Túlio. — Cuidado, meu filho, assim você pode sufocar tua irmã. — Foi a vez do meu pai empurrar Túlio e me puxar para um abraço. — Xi! Não chore mais, minha menina, papai vai cuidar de você. — Quanto mais ele me abraçava, mais eu chorava. Não tinha me dado conta de que necessitava ter aquele contato com meu pai. Ele sempre foi um pai carinhoso, só que comigo seus gestos eram limitados a um passar de mão nos meus cabelos. E para mim, aquilo era novo. — E você, rapazinho, acho que está na hora de você ir embora. — Você sabe quem sou, alfa, e você me deve respeito. — Eu realmente não conhecia aquele Ian; ele nunca tinha visto meu pai e já o tratou daquela forma. — O único alfa a quem eu devo respeito é esse
— Por que você foi a única pessoa que fez meu coração bater forte após tudo que eu vivi? E você, Ian, foi o primeiro homem que eu escolhi para abrir meu coração, e olha, você me retribuiu. Então, por favor, vai embora. Tinha certas horas em que eu odiava ter audição apurada, pois, se tinha uma coisa difícil, era ouvir a pessoa que você ama dizer a outra pessoa que escolheu ele para viver uma vida juntos. Sei que meu castigo ainda está pouco por tudo que fiz Tamara passar; todavia, merecer ser castigado não diminuía a dor em meu peito. Às vezes, eu me perguntava se não estava sendo tóxico em relação a estar ao lado dela, mesmo contra sua vontade. Quando eu tivesse oportunidade, iria perguntar a ela se a minha presença a estava incomodando a ponto de deixá-la desconfortável. Se sua resposta fosse um sim, eu a deixaria viver sua vida da forma que ela quisesse. Ouvi o som do elevador indicando que o ex-namorado de Tamara desistiu e foi embora. Abri a porta e vi Tamara olhando para o elev